No mercado local, destacavam-se os produtos agrícolas básicos, com os cereais à cabeça – géneros de primeira necessidade – e outros importantes produtos alimentares. Os seus preços, que tão decisivos eram para o viver quotidiano, e que sobre ele nos elucidam, interessavam à população; as oscilações eram vistas como reflexo da situação económica; os preços eram, ainda, esgrimidos como arma política. Não é por acaso que A Pátria Nova se compromete, logo no seu primeiro número, de 31 de janeiro de 1908, a dar semanalmente os preços de referência dos géneros no mercado de Bragança.
Entre 1908-1910, através da análise comparativa dos preços registados em Bragança, conclui-se que os preços dos produtos alimentares, com exceção do grão-de-bico, desceram. O preço do trigo podia atingir quase o dobro do do centeio que, nos meios rurais bragançanos, era designado por “pão”. As batatas, que em 1908 não andavam longe do preço do centeio, sofrem em 1910 uma baixa acentuada. As castanhas, com um custo próximo do das batatas, eram ainda uma presença assídua na mesa de muita gente. Com o dinheiro que custava uma galinha – um luxo –, quase se comprava um alqueire de centeio.
A vigilância das autoridades oficiais não era, pelos vistos, suficiente para evitar fraudes e garantir a qualidade… Como veremos, a defesa da higiene e da sanidade dos produtos fazem parte das preocupações de um importante setor da opinião pública que se queria esclarecida e interveniente.
É ainda um número de A Pátria Nova, de 22 de abril de 1908, que denuncia o facto de, nos talhos, só se vender vaca – “que o público paga por vitela” – “à razão de 260 réis o quilo”. Já antes, em 1906, como vemos por acusações que são feitas a um fiscal por um orador num comício republicano, havia problemas com a má qualidade dos untos e banhas.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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