A minha Mãe «ensinou-me» a comer de tudo o que se põe na mesa. Não podia haver as palavras, «não gosto».
Como benjamim da casa sempre teve muita paciência comigo para evitar usar o lenço de cinco pontas. Quem andasse sempre a bater nos filhos era criticado por não saber educar e impor o respeito.
Assim hoje, gosto de comer todas as comidas tradicionais e saudáveis das nossas aldeias. Dos alimentos que mais me fascinam é o bom pão trigo e, principalmente, o pão centeio. Parece que as boas farinhas, dos fornos e os enormes pães quentes espalham no ar o seu aroma inconfundível e que me aveludava a alma. Por isso, sou muito exigente com a qualidade do pão que como. Rejeito a maioria do que se produz nas padarias vulgares e nem me falem em «padarias de pão quente».
São massas congeladas com conservantes (venenos para o corpo), ainda que os aromas artificiais sejam voltados para o gosto do consumidor. Depois, a textura, o aspecto e a digestão desfazem as boas impressões iniciais.
O pão que compramos, se o comermos dois ou três dias depois de o termos em casa, conhecemo-lo melhor (às vezes delicio-me com pão de três ou quatro dias). Fascina-me o pão centeio da Padaria Moutinho, em Argeriz – Valpaços; da Padaria Guerra, em S. Pedro Velho e da Padaria Zelita, no Cruzamento da Bouça, ambas no concelho de Mirandela. A Padaria Zelita faz-me o pão coradinho, bem cozido, e ao pegar nele apodera-se de mim a felicidade de quem leva o que há de melhor, um deleite para a vista, para a alma e para o palato.
Era interessante Mirandela fazer a Feira do Pão, para estimular a qualidade, com um concurso de prova cega. Concurso que defendo, também, para as alheiras.
Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net
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