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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

A valorização do património de Bragança nos inícios do séc. XX

Para além do que acabou de se dizer, é neste período que nos tem ocupado especialmente, ou seja, “no último quartel oitocentista e no primeiro novecentista, que a nova dimensão do património cultural se estabelece definitivamente, e na imprensa local bragançana serão sistematicamente divulgados textos, ainda na fase finissecular, de Leite de Vasconcelos…, Albino Pereira Lopo…, mais tarde, Abade de Baçal, Abade Tavares, Firmino Martins, Mendes Pereira e Francisco Coutinho, a par do acompanhamento jornalístico das atividades do Museu Municipal e, depois, do Regional e da ação de anónimos doadores e da divulgação da história local”.

Oliveira Salazar com o Abade de Baçal no Museu Regional de Bragança

A poucos anos do fim do século XIX, como já se referiu, a Câmara Municipal deliberou a criação de “um 
museu arqueológico em uma sala dos Paços do Concelho”, inaugurado em 14 de março de 1897.
Os patrimónios artístico e cultural – material e imaterial –, que se julgava ser necessário salvaguardar e "vivificar", mereciam a atenção de pessoas esclarecidas e das próprias autoridades. Havia diligências sérias para a sua valorização, resultantes da militância cívica de cidadãos intervenientes. A defesa e a salvaguarda estão inscritas no programa republicano. Implantado o novo regime, também se vai ficar, nestes campos, em certa medida, por generosas intenções. O decreto de 16 de junho de 1910, publicado já depois do 5 de Outubro, classifica como monumentos nacionais o Castelo de Bragança, os Antigos Paços Municipais, o Pelourinho, a Igreja do Castro de Avelãs e o Castro de Sacoias.
"É sob este dinamismo focalizado na perspetiva da importância do regional e do regionalismo na construção e vivência do nacional, que a I República, no domínio do património cultural – construído, folclórico e museístico –, se irá revelar como um forte catalisador do papel educativo do Estado. São domínios que merecem uma breve incursão.
Antes do 5 de Outubro, já Raul Teixeira solicitara os bons serviços do prestigiado arqueólogo e historiador de arte Manuel Monteiro para intervir, com a sua autoridade, no sentido de poderem vir a ser recuperados e restaurados os velhos Paços do Concelho. Para tal, era preciso evitar, num primeiro momento, que o edifício fosse cedido ao Ministério da Guerra. Pelo Jornal de Bragança de 30 de novembro, ficamos a conhecer a resposta do historiador, que telegrafa ao Governador Civil pedindo providências e solicitando a “interferência criação museu velho monumento". E ainda este comentário, feito pelo autor do artigo: "Ainda bem que Bragança tem a proteção de um considerado arqueólogo".
Do programa da visita do Rei D. Manuel constava, como se referiu, a "abordagem" do dossier relativo à Domus. Depois da revolução republicana, vão prosseguir, por iniciativa do poder municipal, as diligências para a reabilitação do monumento. Da sessão de 24 de outubro de 1910 – o assunto era considerado premente – saiu um ofício endereçado à comissão dos monumentos nacionais para lhe lembrar "o alto valor histórico dos antigos
Paços do Concelho".
As ações de restauro de maior fôlego – sob a tutela do Estado –, realizadas no Distrito, com especial incidência em Bragança, arrancam com a República, “mas já na parte final da vigência, e coincidem, genericamente, com a reestruturação dos serviços da Direção-Geral das Belas-Artes e, pouco depois, com a entrada em cena da DGEMN – Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais”.
O Abade de Baçal, Raul Teixeira e José Montanha tinham constituído em 1925, imediatamente antes do primeiro iniciar funções como diretor do Museu Regional, o Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança.
A Domus acabou por ser restaurada graças à “teimosia” deste grupo. O restauro, sugerido em meados do século XIX – tendo existido, depois, um projeto inviabilizado de Adães Bermudes, em 1915, que estivera em Bragança para estudar as obras de reconstrução da Domus – foi executado, finalmente, segundo o plano do arquiteto Baltasar de Castro. As obras iniciaram-se em 1928 e a inauguração formal deu-se em 1932.


Este Grupo dos Amigos dos Monumentos vai desempenhar um papel fundamental na preservação e conservação do património bragançano e na organização e dinamização do museu, que até esse momento – 1925 –, só o era de nome, no dizer do Abade.
Das posições assumidas pelo bispo Alves Mariz – que declara ao clero, em circular de fevereiro de 1912, cismáticas as normas da Lei da Separação – resultam, para além do afastamento do prelado, a expropriação do Paço e do Seminário. O rés-do-chão do Paço vai albergar a recém-criada GNR – Guarda Nacional Republicana e outros organismos do Estado, e no primeiro andar vai instalar-se o Museu Regional, criado formalmente em 1915 a partir do antigo Museu Municipal, devido ao empenho do Abade de Baçal e de Raul Teixeira. Do edifício da Rua Direita passa para as instalações do antigo Paço Episcopal.
O Grupo dos Amigos foi essencial, pela sua atuação, para o grande salto que o Museu vai conhecer e para a notoriedade que adquire como instituição artística e cultural. A “estratégia” de atuação vai privilegiar a envolvência da comunidade. Nos anos de 1930, o coronel Salvador Nunes Teixeira, já Governador Civil, desempenhou um papel fundamental na obtenção de muitas obras de arte.

Raul Teixeira, Abade de Baçal e José António Montanha, os “amigos dos monumentos de Bragança”

Em 1929, o comando militar do regimento de Infantaria n.º 10 foi autorizado a organizar o Museu Militar.
A iniciativa teria partido do comandante, coronel António José Teixeira.
A imprensa regional – que constitui um património particularmente valioso, como aliás se comprova pelo que temos visto – havia conhecido um notório desenvolvimento, sobretudo na capital do Distrito… Atrofia-se depois de 1926 e, em especial, com o Estado Novo. Não se dá bem com a falta de liberdade.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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