quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Canis intermunicipais da região esgotam capacidade com fim dos abates

A entrada em vigor da nova lei que proíbe o abate de animais no final de Setembro, alterou o funcionamento dos canis intermunicipais da região que tiveram de se adaptar. O centro de recolha oficial da Terra Quente vai ser ampliado e o da Terra Fria já suspendeu as entregas voluntárias.


O aumento das despesas já se faz sentir, quer pelo reforço dos recursos humanos quer pela manutenção dos animais no canil e esterilizações. No Canil Intermunicipal da Terra Fria Transmontana, que serve os municípios de Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, foram mesmo suspensas as entregas voluntárias de animais por proprietários e outras pessoas, como confirmou Jorge Fidalgo, autarca de Vimioso, município onde está localizado o canil: “decidimos suspender as entregas voluntárias da parte das pessoas no canil, porque de facto porque não temos capacidade de resposta para as eventuais solicitações que venham a ocorrer. Porque não podendo fazer as eutanásias que eram feitas até agora, a capacidade do canil vai imediatamente esgotar-se pelo que não nos é possível responder às entregas voluntárias”, disse Jorge Fidalgo.

Entre 2015 e o início de Outubro deste ano, deram entrada neste Centro de Recolha Oficial mais de 2300 animais, numa média de cerca de 600 por ano, e a taxa de adopção ronda os 13%.

Jorge Fidalgo acredita que o fim dos abates vai ter como resultado o aumento de animais errantes: “o que se prevê é que o número de animais abandonados vai aumentar, com todos os perigos que daí possam advir, mas não podem assacar as responsabilidades aos municípios quando já fizeram um esforço tão grande”, frisou o autarca.

No Canil Intermunicipal da Terra Quente Transmontana, que abrange os municípios de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor, há projectos para, em 2019, fazer a ampliação do canil para o dobro da capacidade actual. Um investimento no valor de 130 mil euros, que poderá ser financiado em 50%. Neste canil, já não é feito o abate de animais desde Fevereiro de 2017, mas esta realidade levou a que a capacidade do canil se revelasse insuficiente, como adiantou Manuel Miranda secretário-geral da Associação de Municípios da Terra Quente.

“O que tem originado é que a capacidade do canil se mostrou insuficiente. Temos agora o número de animais em valor redobrado daquilo que é a nossa capacidade. Temos capacidade para 80, e na segunda-feira tínhamos 140, não os animais as melhores condições de acolhimento”, contou Manuel Miranda.

Manuel Miranda considera que os apoios disponibilizados são poucos para se adaptarem à nova lei: “há essas medidas de natureza infra-estrutural para obras e outra ajuda que estamos a receber que dizem respeito às esterilizações. São apoios que são sempre insuficientes. O canil fica a 200 mil euros por ano, de gestão corrente, e os apoios para a ampliação são de 50%, está muito longe das necessidades”.

Em 2017, entraram neste canil cerca de 1400 animais. Este ano, até Junho já foram recebidos 900 animais, e Manuel Miranda estima que o número passe para cerca de 2000. O responsável explica que se tem apostado em iniciativas como campanhas de sensibilização, e que a taxa de adopções passou de 10% para 24%.

Os canis do distrito de Bragança com mais despesas e a enfrentar um grande aumento do número de animais perante as alterações introduzidas com a nova lei que proíbe o abate dos animais nos centros de recolha oficial.

Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro

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