segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Gorazes: uma feira de fim de colheitas para animar as gentes e a economia de Mogadouro

Desde sexta-feira e até amanhã, Mogadouro está de portas abertas àquele que se afirma na região como o certame do fim de verão e das colheitas. Falamos da Feira dos Gorazes, um evento ancestral, que se centra no sector primário e onde se tem apostado na mostra e valorização das raças autóctones para relembrar como era a feira antigamente.
Neste espaço de encontros, as gentes do concelho, que por lá passam, aplaudem a iniciativa por trazer várias pessoas de outros pontos a estas terras e recordam o que a feira foi nos tempos em que havia a venda de animais. "Aqui aos Gorazes vinha quando era novo, pequenino, com os meus pais, a cavalo numa burriquinha. Ainda me recordo de a feira de ser noutro local e com animais", disse Abílio Alves de São Martinho do Peso. "É importante para o concelho, só nos falta uma coisa que gostávamos de ver: cavalos, burros, vacas e bois, como era antigamente, só que, hoje, não existe quase nada disso", contou António Afonso de Bruçó. Para Rogério Gonçalves, de Remondes, também falta "o antigamente" e os "animais". Já Virgílio Afonso, também de Bruçó, diz que "faz falta a marrã as tasquinhas do polvo" e "o antigo".

Além das gentes da terra, a feira tem atraído pessoas de vários pontos do país que sublinham a diferença do certame. "Nós somos do Porto mas gostamos muito de Trás-os-Montes e viemos especialmente para conhecer a feira porque achámos muito interessante o nome e fez-nos interrogar o que é isso. Foi essa a intenção e ao mesmo tempo ver os sinais de desenvolvimento da terra expressos aqui. Gostei muito, pela variedade e não é uma repetição", explicou João Dias que veio, com a mulher, Ana Dias, da cidade do Porto. Para a mulher "há uma grande variedade de produtos além dos comes e bebes".

Centena e meia de expositores estão este ano a fazer a Feira dos Gorazes. Uns do concelho, outros de fora dele, todos procuram fazer negócio e promover os seus produtos. "É um projecto de um empresa de turismo e é para mostrar às pessoas que nos visitam como se fazem os produtos da terra: o pão, o mel, o azeite, a farinha, os económicos, as rosquilhas, o feijão e o figo seco", explicou André Marques. Já para Alice Castro, que para o certame levou "o mel, o pólen, os favos, as cascas, a amêndoa, enfim, tudo que a gente "fabrica" na terra, a feira "tem evoluído bem, vem mais gente, sobretudo mais espanhóis". "Esta é uma feira que nos identifica e identifica o concelho, vem muita gente visitar-nos", afirmou Dário Mendes. "Terras de Mogadouro é o nome do nosso vinho. Mogadouro não produzia vinho, foi uma ideia nossa em acreditar na região e tem-se vendido", contou Cristiano Pires.

Segundo o presidente da câmara de Mogadouro tem-se apostado na mostra de espécies concelhias que desperta a nostalgia dos que ainda se lembram da feira de outros tempos. Francisco Guimarães sublinha ainda o retorno que a feira traz ao concelho e à região. "Tentamos manter a tradição, estamos a falar no quarto ano consecutivo em que se tenta reactivar aquilo que eram as feiras e o mercado, a tradição. Quando falamos disto, falamos das raças autóctones, falta-nos a feira dos burrros, aqueles eventos importantes que faziam antigamente que era a troca de mercado, mas isso a seu tempo. Traz um grande retorno, a economia não só cresce em Mogadouro mas depois temos também a região porque Mogadouro não tem resposta para toda esta gente que nos visita".

O certame, que fecha portas amanhã, com a componente gastronómica bem vincada, com destaque para a posta de vitela assada na brasa e para a marrã, também se fez de música, de mostra de raças concelhias e de actividades lúdicas e culturais, como a montaria ao javali ou o concurso de cão de gado transmontano.

Escrito por Brigantia
Carina Alves

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