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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ATÉ AO PRÓXIMO TRIUNFO DO POPULISMO

Pelo que vemos, ouvimos e lemos sucedem-se fenómenos políticos estranhos, nesta segunda década do século XXI, repetidamente anunciado como tempo de um mundo nunca visto, com informação a rodos, qualidade de vida sem comparação, prosperidade geral mais dia menos dia, um verdadeiro brinquinho no espaço cósmico.

Afinal, não faltam surpresas para quem, pelos vistos, foi entendendo a realidade à medida dos seus desejos, enquadrados por optimismo relativamente à humanidade, que não encontra correspondência na vida real, revelando a crueza da tragédia que continua a ser a marcha do mundo.

Na segunda metade do século XIX viveu-se um período muito semelhante aos dias de hoje. A ciência e a tecnologia estavam então a transformar radicalmente a existência: vacinas, medicamentos, adubos químicos, telégrafo, electricidade, motores de explosão a caminho do automóvel e do avião, submarinos, armas de repetição, produção em série, enfim, uma perspectiva de um mundo realmente novo, celebrado por Darwin, Júlio Verne ou H. G. Wells.

Podemos imaginar a desilusão que seria para estes pensadores a observação do que nos trouxeram as primeiras décadas de novecentos, com a guerra mundial, a experiência bolchevista e o alastrar do fascismo, legitimado pelo voto democrático, no caso da Alemanha, ou pelo apoio massivo na Itália, na Espanha e em Portugal.

Portanto, pouco há de novo hoje, quando ficamos admirados com o que tem vindo a acontecer. Resta pouca paciência para ouvir o “main stream” europeu, civilizado, informado, cioso de todos os direitos, que insiste em não prestar atenção aos verdadeiros problemas da realidade política. A democracia não se realiza na simples expressão da vontade imediata, centrada em cada egoísmo particular, condicionada por preconceitos, equívocos, superstições, sinais do estômago e frustrações de quem confunde o seu umbigo com o centro do mundo.

Se acrescentarmos verdadeira miséria material, que reduz a cisco os princípios morais e éticos, teremos uma sociedade tomada de assalto por manipuladores e malevolentes, que não querem saber das consequências da sua voracidade e mesquinhez e, mesmo assim se constituem como referências para a turba que aplaude a insolência, em vez da honradez e da humildade.

A democracia comporta riscos de que não podemos alhear-nos. Se estivermos atentos não seremos surpreendidos pelos resultados de eleições no Brasil, nos EUA, na França, porque acontecem quando se descuida a educação em nome da licença, quando se legitimam os caprichos, desprezando o percurso comum e a partilha paciente, empenhada na verdadeira mudança e quando se dá largas à soberba e à vaidade, que têm pouco a ver com o respeito pelos outros.

Estamos numa conjuntura que pode tornar-se permanência longa de recuo civilizacional, com consequências gravosas para as próximas gerações, se não encontrarmos meios para atalhar desvios ao modelo democrático que nos podem levar a tragédias que esperávamos nunca sofrer.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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