Depois das críticas de Júlia Rodrigues, todos os autarcas do Partido Socialista que integram a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes acusaram o presidente da câmara de Bragança de ter uma “visão egoísta”, “mesquinha” e pouco solidária dos interesses do território, no que diz respeito às propostas de projectos para a região a incluir no Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030.
Uma posição que surge depois de Hernâni Dias ter criticado as escolhas de reivindicações da CIM, por entender que incluir a ligação entre Vinhais e a Gudiña, na Galiza, poderia pôr em causa a concretização da estrada entre Bragança e Puebla de Sanabria, exigida há 20 anos.
O líder da Federação Distrital do PS, Jorge Gomes, que apoiou esta tomada de posição, disse, ontem em conferência de imprensa para falar sobre este assunto, que é preciso olhar “para toda a região” e não só para o relvado da nossa quinta.
Jorge Gomes diz que Bragança mostra “falta de solidariedade para com os outros concelhos”. “Sinto da parte do presidente da câmara de Bragança uma tentativa de atacar os nossos presidentes de câmara porque não são solidários com ele para lhe arranjar o relvado da quintinha dele”, acusou o também deputado na Assembleia da República.
A presidente do município de Alfândega da Fé, Berta Nunes, repudiou as afirmações do autarca Hernâni Dias, que considera “injustas”. “Há aqui uma falta de compreensão de que Bragança só será uma grande cidade se tiver uma forte ligação ao território”, afirmou a autarca, que refere que muitas das reivindicações beneficiam em particular Bragança. “Estranhamos que o autarca de Bragança venha agora dizer que não concorda com a reivindicação também Vinhais-Godinha”, quando o documento que saiu da CIM “foi aprovado por unanimidade”, afirmou a também vice-presidente da CIM-TTM.
O presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, considera que “não fica bem” ter “um discurso agressivo” dirigido aos autarcas socialistas na CIM.
“Nunca houve da nossa parte a intenção de que não fosse feito o investimento na ligação à Puebla de Sanábria, mas esta ligação à Gudiña é também importante. Nós estamos a ser solidários e gostaríamos que ele também fosse solidário connosco, e não foi isso que fez”, afirmou.
O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, lembra que Vinhais e Vimioso “são os dois concelhos com mais pessoas a deslocarem-se para Bragança, para reiterar a importância das estradas para as duas localidades e diz que a inclusão de ligação à Gudiña, não retira importância à ligação à Sanabria.
“Não significou que ao reivindicar a Gudiña saiu a outra, a ligação à Sanabria, está cá e em prioridade maior do que esta. A ligação à Gudiña é prioritária, não só para região, mas também para Bragança em particular e para o próprio país, porque não se sabe onde a estação da Alta Velocidade espanhola se vai situar, pode ser na Gudiña”, salientou.
O autarca de Vila Flor, Fernando Barros, considera que ser presidente da câmara de Bragança “tem responsabilidades acrescidas, uma responsabilidade regional”, por esta ser a capital de distrito. “Não me revejo nas declarações, acho que temos de ter tranquilidade e demonstrar unidade regional, mas temos de a praticar”, afirmou.
Sete dos nove autarcas da CIM Terras de Trás-os-Montes são do PS.
Apesar de nem todos os presidentes de câmara socialistas terem participado nesta conferência de imprensa, segundo o presidente da federação, subscrevem esta posição.
Jorge Gomes adiantou ainda que já apresentou uma proposta de alteração do Plano Nacional de Investimentos 2030, que coincide com o documento aprovado pela CIM-TTM, que inclui como primeira prioridade as ligações Vinhais-Bragança e Vimioso-Bragança, seguido da conclusão do IC5 -Miranda do Douro até à fronteira com Espanha, a ligação de Bragança à Puebla de Sanabria e depois a construção de uma ligação entre Macedo de Cavaleiros e Vinhais com extensão à Gudiña.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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