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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A HISTÓRIA DO SENHOR BARÃO DO MOINHO

No seu tempo, havia um casal com um filho que viviam no seu moinho, tinham também um jumento que lhes servia para irem buscar o cereal para moer, levando depois a farinha de volta aos donos. Como tinham já uma certa idade, os pais do rapaz morreram ficando ele e o seu gato. Um dia o rapaz entendeu que o moinho não tinha futuro para ele e resolveu ir-se embora. Tinha assim decidido, quando ao juntar os seus trapinhos o bichano veio chamar-lhe a atenção para não o abandonar:
- Agora és o barão do moinho, deixa-me ir contigo…
O gato insistiu tanto que lá acabou por convencer o seu dono de que iria fazer-lhe muita falta:
- Ainda te hei-de fazer muito feliz.
Seguiram caminho lado a lado, quando ao entrarem numa povoação dirigiram-se ao sapateiro do lugar para fazer uns sapatos ao gato. Os sapatos ficaram muito bem ao gato e este mandou também fazer uma saca de lona. O gato desatou, então, a correr por um arrozal com a saca apanhando logo três perdizes que entregou a um gigante que vivia ali perto num grande casarão:
- Ó senhor gigante!! O senhor barão do moinho manda-lhe este presente.
- E quem é esse barão do moinho?
O gato acalmou-o logo:
- É um senhor muito rico e muito seu amigo.
Ao outro dia o gato repetiu a façanha e apareceu em casa do gigante com três novas perdizes e com o mesmo recado:
- O senhor barão do moinho manda-lhe este presente.
- Sinto-me lisonjeado e não posso acomodar-me sem agradecer tanta bondade ao senhor barão do moinho. Tens de me levar até ele para lhe agradecer pessoalmente.
Logo ali os dois com a cevada do gigante, combinaram ir ver o senhor barão. O gigante mandou, então, aparelhar a sua carroça, mas só ele e a criada foram a cavalo porque o senhor gato pôs-se a andar a seu pé à frente. Pelo caminho fora encontraram várias ceifeiras, ao passar por elas o gato foi recomendando aos grupos de ceifeiras:
- Se vos perguntarem para quem trabalham, digam que andam para o senhor barão do moinho.
As ceifeiras querendo ser simpáticas responderam que sim ao senhor gato.
Por sua vez, o gigante aproxima-se das ceifeiras e pergunta-lhes para quem trabalham, ao responderem todos que trabalham para o barão, o gigante exclama assombrado:
- Deve ser um homem muito importante e rico o senhor barão do moinho!
Como o senhor gato ganhou vantagem no caminho, chegou primeiro junto do barão do moinho com o qual combina o que devem fazer a seguir para impressionar o gigante. Assim, chamou-o para junto do poço (uma espécie de lagoa) e pediu-lhe que se despisse e se atirasse à água. O rapaz obedeceu ao gato esperto, antes que o gigante se apercebesse das manobras, o gato agarrou na roupa suja do rapaz e foi escondê-la, irrompendo, depois, em gritos de socorro quando viu o gigante próximo:
- Ai que se afoga o senhor barão!
Ao ouvir estes gritos o gigante apertou o passo e saltou da carroça para ir em socorro do náufrago. Tirou o rapaz da água facilmente, enquanto o gato andava tonto ás voltas à procura das roupas do seu dono. O gigante, para que o barão não apanhasse um resfriado, acalmou o frenesim do gato:
- Deixa lá, roupa é o que mais há em minha casa. Não percas tempo com o que não encontras. Vamos para minha casa e resolvemos o problema.
Era o que o gato queria ouvir, volveram de volta à casa do gigante com o rapaz bem vestido para serem recebidos como ilustres convidados para uma refeição farta. No final da refeição o gato voltou a desafiar o gigante, pedindo-lhe para lhe mostrar o seu casarão, este acedeu ao pedido, parando, depois, numa grande sala onde o gato lança uma insinuação ao gigante:
- Ouvi dizer, entre outras coisas, que o senhor apesar de ser gigante é capaz de se transformar num leão?!
- Ah! Isso sou, faço-me num leão.
O gigante transformou-se logo em leão, apanhando o gato um susto tamanho que de um só salto cravou as unhas ao tecto, ficando lá pendurado. Depois de refeito do susto, o gato ousou desafiar de novo o gigante:
- Ouvi mais, senhor gigante! Mas nesta custa-me a acreditar, como é que o senhor com os ossos tão grandes consegue-se transformar num rato?
- Parece-te impossível ó bichano gato! Mas olha que sou mesmo capaz de me transformar num pequeno rato!
Logo num estalar de dedos se fez num rato. O esperto do gato não quis ver mais nada, num salto cravou as unhas no rato e logo o ingeriu em duas dentadas, e, assim, se foi o gigante. O gato desceu satisfeito para junto do barão do moinho e da criada do gigante com as seguintes ordens:
- De hoje em diante esta mansão pertence ao senhor barão do moinho. O gigante já não me mete medo engoli-o, por isso tudo isto agora pertence ao senhor barão do moinho.
Deu instruções para que casasse com a criada e tomasse conta do casarão, assim aconteceu vivendo muito felizes com o seu gato.

RECOLHA 2005 SCMB, CASIMIRO PARENTE, Idade: 66.
Localização geográfica: PAÇO DAS MÓS – ORIGEM + 60 anos.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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