Com a chegada do frio e da neve na Serra da Estrela, uma festa pagã tomava as ruas. Era chamada de procissão dos bêbados, homens com tochas nas mãos, uma procissão noturna e muito vinho, nomeadamente a Jeropiga. Um ritual não religioso, feito religiosamente todo fim de novembro e começo de dezembro, exclusivo para os homens, cercado de lendas e críticas.
O certame ocorre nas ruas centrais da freguesia, com milhares de pessoas a festejar a Santa Bebiana, que ninguém sabe ao certo a origem do nome Santa Bebiana, mas festa é de arromba com tasquinhas, animações de rua e venda de produtos endógenos se unem aos costumes antigos.
A jeropiga não estava tão presente nas tradições antigas e tornou-se o símbolo da Santa Bebiana na versão atual.
Foi neste ambiente que os Caretos de Podence, mostraram mais uma vez os seus rituais e espalharam a sua alegria, incomodando as mulheres com as suas chocalhadas. Por onde vão são sempre o foco de atenção com inúmeras pessoas a tirarem selfies, os fatos coloridos e as algazarras não deixam ninguém despercebido, a animação está ganha e o povo adora.
Esta foi a última atuação antes da partida para Bogotá, quando falta menos de uma semana para a UNESCO proclamar o Entrudo Chocalheiro como Património Imaterial da Humanidade, feito inédito e ainda mais louvável se atendermos que foi uma pequena Associação, um grupo de jovens da aldeia, que ao longo de anos lutou e lutou, e sem desistir, sempre persistindo, numa incomum resiliência foi desbravando caminho até ao reconhecimento mundial.
Não podemos esquecer que o grande timoneiro tem um nome, António Carneiro, que há quase 40 anos dá a cara e o corpo pelo seu grande desígnio de vida, que é manter as tradições presentes na sua terra e nunca deixar morrer os Caretos de Podence, merece uma estátua, uma medalha no 10 de junho sem ambiguidades, é um grande Português e um enorme transmontano.
António Pereira
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