segunda-feira, 1 de junho de 2020

Silos vão ‘armazenar’ a língua portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa, uma ideia com 10 anos, para ocupar os antigos silos de cereais.
O museu promete manter a memória da arquitetura industrial, num processo cujo maior desafio 
é conservar as sete enormes colunas de betão que marcam a paisagem brigantina. Foto: D.R.
São sete silos de betão armado, encimados por uma torre, construídos em meados do século passado e com 27 metros de altura.

Há muito que marcam a paisagem brigantina e a memória industrial irá permanecer de pé. Mas a longa espera destes silos pelo fim da imobilidade terminou. Os silos, que já guardaram cevada e trigo, vão agora “armazenar” o novo Museu da Língua Portuguesa, uma ideia com que Bragança sonha há vários anos e que deve começar a ser construído daqui por seis meses.

Localizados em pleno centro urbano, os silos “vão ser convertidos para um projeto expositivo que mantenha viva a memória industrial, mas com outro uso”, explica Joaquim Portela. O arquiteto que desenhou o novo museu “reconhece que se trata de um desafio difícil, mas possível e desafiador”.

O projeto inclui “nove pisos, nem todos de utilização pública, pois alguns serão áreas técnicas”, num projeto pensado “para manter a segurança de quem visitará o museu, afastar uma eventual sensação de claustrofobia e com sistemas de segurança e elevadores”. Tudo “integrado no miolo das colunas circulares de betão”.

O arquiteto esclarece que a ideia “basilar do projeto é salvaguardar os silos, que têm um valor arquitetónico industrial ao qual a cidade se habituou”.

Localizado numa colina, no miolo urbano da cidade, o projeto do museu tem um prazo de construção de 18 meses e surge enquadrado no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Bragança. Para já, foi aprovada a “empreitada de obras públicas Museu da Língua Portuguesa, visando a construção deste equipamento, cujas obras deverão arrancar em novembro, devendo estar concluído em finais do próximo ano”, explica o autarca brigantino.

Hernâni Dias considera o museu “um equipamento importante para a afirmação da cidade e da região, sobretudo ao nível da comunidade dos países de língua portuguesa, e passará a ser o segundo existente em todo o mundo”.

TURISMO CULTURAL
Na região, as expectativas são elevadas, sobretudo desde que, em 2016, o Presidente da República apadrinhou a edificação daquele que será o segundo museu da língua portuguesa em todo o mundo. Para a cidade, “é o continuar do caminho de atração de um turismo cultural, com novas ofertas e mantendo uma ligação estrutural com a língua e cultura portuguesas”, adianta o autarca.

O processo “avança a passos largos e talvez em novembro, concluída a exigente fase da contratação pública, seja possível lançar o concurso para o processo de adjudicação”, assevera Hernâni Dias. Para já, está concluída toda a investigação relativa aos conteúdos, identificação dos públicos e definição do processo expositivo.

Para o arquiteto, esta é também uma forma de “reabilitar e transformar a área urbana envolvente”, e para isso será “construído um edifício, que ficará interligado com os silos, para albergar um auditório, que fará a ligação com a praça existente”.

O desenho da exposição dos conteúdos do futuro museu “ainda está em planificação e só depois de concluído poderemos ter uma melhor perceção do número de visitantes”, adianta Joaquim Portela. O investimento, de €9 milhões, financiado por fundos comunitários, “transformará por completo o interior dos silos, reabilitando-os num processo que está estudado parafuso a parafuso”, conclui o arquiteto.

A cumprirem-se os prazos, será o corolário de um projeto que leva 10 anos e que passou por um litígio de propriedade entre o Instituto Politécnico de Bragança, a autarquia e a Empresa Pública de Abastecimentos de Cereais, que depois de extinta ficou com o património administrado pelo Ministério das Finanças.

A ideia da criação deste museu [existe um outro idêntico no Brasil] surgiu há 11 anos, durante os colóquios da lusofonia organizados em Bragança.

Ultrapassados os obstáculos, foi criado um consórcio para a instituição do Museu da Língua Portuguesa, que reúne a Câmara Municipal, o Instituto Politécnico de Bragança e a Academia das Ciências de Lisboa.

Amadeu Araújo

1 comentário:

  1. A ber se nun se squécen tamien de dedicar, oumenos un cachico, a la Lhéngua Mirandesa! Cumbenirá nun squecer que las Tierras de Miranda ou l Praino Mirandés - cunceilhos de Miranda, Mogadouro i Bumioso - fázen parte de l Destrito de Bergáncia! Quérgan ou nó, la Lhéngua, ua parte amportante de la Cultura Mirandesa, nun se deixando apagar, cunseguiu rejistir seclos i seclos, amostrando i probando la eidentidade de la giente de l Praino.

    ResponderEliminar