Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 3 de outubro de 2020

Qual a importância do dialeto Caipirês para o Brasil?

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas) 

A necessidade da defesa das chamadas línguas ou dialetos minoritários tornaram-se uma evidência, para um número de pessoas cada vez maior. É imperativo registrá-los, visando a preservar uma parte indispensável do património cultural da humanidade. Daí que todo o processo de defesa e promoção da língua ou dialeto deva ser encarado como uma exigência de cidadania da mais alta importância; que não tem apenas uma dimensão regional, mas nacional e até internacional. 
A diversidade linguística e cultural é uma riqueza para o Brasil, e faz parte da nossa identidade. Aceitando a verdade histórica e sociológica, o Brasil deve apresentar-se como um país que desenvolveu um dialeto, o Caipirês, que é entendido em quase sua totalidade, e integrar essa referência nos programas das escolas, dando a conhecer a todos os cidadãos a existência do dialeto caipira, sua origem e características. A democracia linguística é um elemento importante da democracia em geral, pelo respeito à diversidade. Devemos exigir que o Estado, em nível nacional e/ou local, concretize os compromissos que assumiu em lei, nos mais diversos domínios. 
Além de dignidade dos seus falantes, os dialetos regionais são também um problema ecológico, entendido em sentido amplo, que a todos deve preocupar. Pela língua se exprimem culturas, tradições, saberes e modos de viver, que são essenciais ao equilíbrio das sociedades e ao bem estar dos cidadãos. 
Se o Caipirês desaparecer ninguém ganha nada com isso, mas o Brasil, os brasileiros, dentre estes os caipiras, ficam ainda mais pobres; e tristes. Para os caipiras em todos os estados do Brasil, em particular nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná, o Caipirês e a cultura caipira assumem-se também como um importante valor económico, que devemos levar em conta. Nessas regiões está havendo, neste século XXI, uma profunda depressão económica e um acelerado processo de desertificação, mormente quando grandes usinas arrendam fazendas, antigas produtoras de café, para a plantação de cana-de-açúcar e laranja, (em sua maioria), fazendo com que os caipiras que viveram lá por alguns séculos migrassem para as cidades e passassem a assistir a mecanização moderna das lavouras, com máquinas que dispensam algumas centenas e até milhares de trabalhadores braçais. 
Com esse deslocamento dos caipiras, do campo para as cidades, agrava-se a situação econômica desses migrantes, assim como se agravam os problemas sociais e econômicos das cidades; só ganham aqueles que se tornaram donos de terra por herança, que se beneficiam recebendo polpudas somas, sem terem que fazer nada e sem as responsabilidades que tinham quando contratavam colonos. A Cultura brasileira também perde, com a falta de importância dada ao Caipirês; muito do folclore brasileiro, seja ele herdados dos colonizadores portugueses ou absorvidos dos povos autóctones, africanos ou europeus de outras plagas aqui foram “tropicalizados”; pode-se assim dizer! Pelo fato de falarem o Caipirês, os caipiras não são menos brasileiros que os outros, como demonstrado em sua história; nem nunca quiseram ser outra coisa senão serem brasileiros! Hoje, os caipiras que vivem nas cidades continuam a falar do mesmo modo que falavam quando viviam no campo e a sua afirmação do Caipirês não implica a negação do Português. Defender, promover e desenvolver o dialeto caipira é um dever de cidadania que se impõe, a cada um dos brasileiros.

N.A.= este texto faz parte do prólogo do meu "Dicionário de Caipirês", que tento publicar há mais de dez anos!

Antônio Carlos Affonso dos Santos
– ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

Sem comentários:

Enviar um comentário