sábado, 30 de janeiro de 2021

Eles vão criar um mapa das espécies em extinção no Parque Natural de Montesinho

 Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto vão avaliar o risco de extinção das espécies que vivem no Parque, ao longo do tempo e do espaço, no Observatório da Biodiversidade de Montesinho.

Floresta. Foto: Anja Odenberg/Pixabay

O projecto MontObEO vai utilizar metodologias inovadoras para avaliar o risco de extinção da flora e fauna deste parque, situado no nordeste de Portugal. Será o primeiro mapa geral de extinção das espécies do Parque Natural de Montesinho.

Para isso recebeu recentemente o apoio de 250 mil euros da Fundação para a Ciências e Tecnologia (FCT).  

“O nosso método vai avaliar como a qualidade dos habitats preferidos por cada espécie em estudo muda ao longo do tempo”, explicou, em comunicado, Neftalí Sillero, investigador responsável pelo projeto. “Isto é feito através de séries temporais de modelos de distribuição potencial das espécies, que usam as imagens de satélite como fonte de dados ambientais.” 

O objetivo é construir um sistema de alerta precoce, o Observatório da Biodiversidade de Montesinho, utilizando séries temporais obtidas a partir de dados de Deteção Remota por satélite e modelos de nicho ecológico (ENMs) para identificar alterações na qualidade dos habitats. Desta forma, será possível estimar o risco de extinção das espécies ao longo do tempo e do espaço.

“O output principal vai ser um mapa geral de extinção para todo o parque considerando todas as espécies em estudo. A outra grande vantagem do nosso método é que pode ser adaptado a qualquer área de estudo (o planeta inteiro, por exemplo) e a qualquer período de tempo sempre que haja imagens de satélite disponíveis”, acrescenta Neftalí Sillero, que faz investigação no Centro de Investigação em Ciências Geo-Espaciais (CICGE), da FCUP. 

Aposta na conservação do Parque Natural de Montesinho

Se tudo correr como previsto, o Observatório de Montesinho fornecerá novos dados sobre o estado de conservação da flora e fauna no Parque Natural de Montesinho, ao nível das espécies, e especialmente dos habitats raros, mas também por grupo taxonómico e ao nível da conservação.

“Juntando todos os modelos de espécies, iremos identificar as áreas do Parque Natural de Montesinho sob maior pressão”, prevê o investigador da FCUP.

Com os resultados do projeto, a equipa de cientistas será também capaz de identificar as áreas deste parque que estão sob maior pressão. “Essas áreas deverão ser as mais importantes para a aplicação de medidas de conservação”,  detalha Neftalí Sillero.

Para implementar medidas, os resultados estarão disponíveis para toda a comunidade, sejam políticos ou outras pessoas com responsabilidades de conservação.

O projeto conta com a participação das docentes da FCUP, Ana Teodoro e Lia Duarte, e com investigadores do Instituto Politécnico Viana do Castelo,  Universidade de Córdoba e da ForestWise.

O projeto MontObEO foi um dos seis contemplados no âmbito do concurso lançado pela FCT para financiamento Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico para a promoção de atividades de I&D de âmbito interdisciplinar e pluridisciplinar a realizar na região do Parque Natural do Montesinho. O conjunto dos projetos selecionados, que terão a duração de 36 a 48 meses, traduz um investimento total de 1,4 milhões de euros.

Helena Geraldes

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