segunda-feira, 3 de maio de 2021

O Dia do Trabalhador e os trabalhadores dos nossos dias

 E ainda no que toca ao trabalho... Portugal é o quarto país da União Europeia com mais contratos a prazo, segundo dados revelados, no sábado, pela Pordata

Helena Fidalgo é natural de Freixo de Espada à Cinta e é jornalista. Quando começou, raro era o profissional da área que não trabalhasse a recibos verdes, mas reconhece que, nestes últimos 30 anos muito mudou. A jornalista, que começou na Rádio Brigantia, está há 24 anos na Agência Lusa e admite que a profissão é apaixonante, mas ao mesmo tempo, exige muita disponibilidade. “Aquilo que nós escrevemos vai ter impacto. Impacto nas pessoas, na comunidade, tem sempre impacto. Quando se lida com pessoas, a nossa ponderação é muito mais exigente. Há uma responsabilidade permanente, mesmo na mais pequena notícia. Eu não sei que é desligar. Eu sei que tenho folga mas se acontecer algo de extraordinário sei que tenho que ir para o terreno”.

A jornalista vive uma espécie de casamento com a profissão, em que não faltam os dias bons mas também há alguns maus. Quanto ao rumo da profissão, admite que é preciso reflectir sobre a forma como se olha para estes profissionais. “Mudou tudo e, pelo que vamos ouvindo, dos estudos que se fazem, não mudou para melhor. A imagem que as pessoas têm dos jornalistas não sei se é a melhor. Quando comecei a trabalhar, sobretudo a nível regional, as pessoas tinham um carinho muito grande pelo pessoal da comunicação social. As pessoas parece que acham que os jornalistas andam numa roda viva e que vale tudo. Não é assim. Temos uma auto regulação, temos órgãos perante os quais respondemos e um código deontológico”.

António Pires é o único alfaiate de porta aberta em Bragança. Tem uma profissão cada vez mais rara no país. É natural de Samil e gostava de ter sido carpinteiro mas a vida virou-se para aqui. Começou a aprender a arte com 12 anos e desde aí já lá vão 55. “Quando fui para o Garrido éramos uns dez empregados. Havia muitos alfaiates. Eram para aí uma dúzia. O trabalho é o mesmo. O alfaiate faz o fato da mesma maneira que eu aprendi. Quando comecei a aprender não havia pouca confecção. Desde aí tudo mudou”.

O alfaiate lamenta que hoje em dia não se aprenda os ofícios com antigamente. “Podia estar aqui a ensinar duas ou três pessoas, ao mesmo tempo que podiam estudar a profissão também na escola. Assim, algumas das profissões não se perderiam”.

Dois trabalhadores que foram crescendo com o trabalho, que não esperaram ter, mas que nunca mais deixaram.

Escrito por Brigantia

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