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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Claudina tem encontro marcado com Guerra Junqueiro - O poeta da República

 "Quem ela visitou, tal como prometera ao primo Amândio, foi o “Senhor Poeta”. Era assim que, nas redondezas, o povo se referia a Guerra Junqueiro. Era a sua forma de traduzir o respeito por aquele grande homem que os letrados designavam como: “um poeta genial”, “o Victor Hugo português”, “o maior poeta social do século XIX”, “ o grande poeta da Península”, “um dos maiores do mundo”.

Claudina soubera pelos familiares em Lisboa em que conta o poeta da sua terra era tido no país e no estrangeiro. Bem intimidada ficou quando o seu primo Amândio, primo do poeta por parte dos Guerra, lhe pediu que o visitasse.

A caminho da Quinta da Batoca, sobranceira ao Douro, ia serenando à medida que o António contava que o “Senhor Poeta” tinha participado na plantação da vinha ao lado dos trabalhadores, tinha plantado oliveiras, podava as vides e ao serão partia a casca de amêndoa.

Foi muito bem recebida pelo ancião de longas barbas brancas. Conversaram animadamente sobre a cidade que a ambos tinha enfastiado e o refúgio do guerreiro encontrado na vastidão daquela terra, onde “as águias imperiais planavam no alto”. O poeta leu-lhe alguns poemas do livro “Poesias Dispersas” que estava a escrever. Claudina enterneceu-se com o gesto e com os poemas. Gravou uma frase “Ser alegre é ser forte: a força é uma alavanca”.

A seu pedido, voltou à quinta acompanhando-o para ver as suas amendoeiras em flor, o desabrochar das vides, para provar as suas uvas.

Quatro anos depois, o “Poeta da República” regressaria à capital e o primo Amândio escreveria uma carta a Claudina, onde contava que tendo sido perguntado qual considerava a sua obra-prima, ele prontamente respondera: a plantação da Quinta da Batoca. Claudina não se surpreendeu. Mas não foi por essa obra que mereceu o sepultamento no Panteão Nacional.

Sílvia Lamas
In Luzeiros na bruma dos dias

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