Claudina soubera pelos familiares em Lisboa em que conta o poeta da sua terra era tido no país e no estrangeiro. Bem intimidada ficou quando o seu primo Amândio, primo do poeta por parte dos Guerra, lhe pediu que o visitasse.
A caminho da Quinta da Batoca, sobranceira ao Douro, ia serenando à medida que o António contava que o “Senhor Poeta” tinha participado na plantação da vinha ao lado dos trabalhadores, tinha plantado oliveiras, podava as vides e ao serão partia a casca de amêndoa.
Foi muito bem recebida pelo ancião de longas barbas brancas. Conversaram animadamente sobre a cidade que a ambos tinha enfastiado e o refúgio do guerreiro encontrado na vastidão daquela terra, onde “as águias imperiais planavam no alto”. O poeta leu-lhe alguns poemas do livro “Poesias Dispersas” que estava a escrever. Claudina enterneceu-se com o gesto e com os poemas. Gravou uma frase “Ser alegre é ser forte: a força é uma alavanca”.
A seu pedido, voltou à quinta acompanhando-o para ver as suas amendoeiras em flor, o desabrochar das vides, para provar as suas uvas.
Quatro anos depois, o “Poeta da República” regressaria à capital e o primo Amândio escreveria uma carta a Claudina, onde contava que tendo sido perguntado qual considerava a sua obra-prima, ele prontamente respondera: a plantação da Quinta da Batoca. Claudina não se surpreendeu. Mas não foi por essa obra que mereceu o sepultamento no Panteão Nacional.
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