segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Apresentação de livro em Vila Nova de Foz Côa revela escritor do século XVII de Torre de Moncorvo

 Botelho de Morais e Vasconcelo nasceu em Torre de Moncorvo em 1670, tendo passado a maior parte da sua vida no estado espanhol. Foi o último português a escrever e publicar em Castelhano. Muito famoso no seu tempo, ficou para a História como sendo o primeiro português a ser nomeado membro da Real Academia de la Lengua Española.


Foi hoje apresentado em Vila Nova de Foz Côa o livro “Botelho de Morais e Vasconcelos, Escritor, Poeta, Hispanista e Latinista” da autoria de Carlos d’Abreu, Emilio Rivas Calvo e Rui Leal Leonardo. O livro é mais uma edição da “Carava Ibérica” e pretende assinalar a comemoração do 350.º aniversário do nascimento do escritor transmontano do século XVII.

Botelho de Morais e Vasconcelo nasceu em Torre de Moncorvo em 1670, tendo passado a maior parte da sua vida no estado espanhol. Foi o último português a escrever e publicar em Castelhano. Muito famoso no seu tempo, ficou para a História como sendo o primeiro português a ser nomeado membro da Real Academia de la Lengua Española.

“Emigrado e integrado na sociedade espanhola, manteve o seu patriotismo e, a prova disso, é que, sempre que havia desaguisados entre os dois estados, considerava indecoroso manter-se do outro lado da Raia, vindo várias vezes para Portugal nessas ocasiões“, refere Carlos d’Abreu, um dos autores do livro.

Em Torre de Moncorvo criou a Academia Literária dos Unidos. Não obstante escrever em Castelhano, os seus livros tratam principalmente assuntos da História pátria, como por exemplo o famoso poema épico “El Alphonso”. Publicou muito, sendo a “Historia de las Cuevas de Salamanca” o seu livro mais conhecido.

“Este nosso livro é o primeiro que dele se publica em Portugal e nele constam 7 obras suas, que verti para a nossa Língua, sendo que uma delas é inédita, escrita em 1691 ‘Panegírico à vida de San Juan de Sahagun…’, e que o colega Rui Leonardo descobriu num arquivo particular de Torre de Moncorvo“, salienta.

Carlos d’Abreu disse ao Notícias do Nordeste que Botelho de Morais e Vasconcelos é um autor que tem vindo a estudar desde há mais de 20 anos e,”só a minha presença num congresso organizado pela Universidade de Navarra e de Coimbra, em 2014, para o qual fui convidado pelo GRISO (Grupo de Investigación del Siglo de Oro) e CLP (Centro de Literatura Portuguesa), realizado em Coimbra, permitiu tirá-lo do olvido junto da comunidade científica. Depois disso já organizei um congresso, com o apoio dessas duas Universidades, em 2018, em Coimbra. Neste momento sinto o dever cumprido porque já há gente dos Estudos Literários a estudá-lo. Faleceu em 1747, cumprindo-se o ano passado o 350.º aniversário do seu nascimento, pretendendo-se com este livro comemorar a efeméride”, disse.

O livro tem a coautoria de Emilio Rivas Calvo, salmantino e o Rui Leonardo, torre-moncorvino, “porque sou adepto da cooperação. E estou muito contente por isso. Foi Vila Nova de Foz Côa que nos acolheu porque Torre de Moncorvo, mais uma vez, desdenhou de Botelho, recusando-se a colaborar no  mencionado congresso e na edição deste livro. Mas Foz Côa é também terra do Botelho pelo lado materno, por isso esteve ele e nós em casa” concluiu Carlos d’Abreu.

“Um apontamento final para reforçar que este não é o fim de um projecto mas, o primeiro momento da divulgação do Corpus Botelheano, em Língua Portuguesa. É também empenho dos subscritores, continuar a pesquisar e recolher as fontes de informação inédita sobre este relevante Autor, injustamente olvidado durante tanto tempo“, lê-se no Antelóquio do livro apresentado hoje em Vila Nova de Foz Côa.

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