Dão nome à exposição “Máscaras Rituais de Portugal”, da autoria do colecionador vinhaense Roberto Afonso, que desde tenra idade despertou o interesse pelas mascaradas.
Ao mostrar os exemplares que foi adquirindo ao longo de vários anos, pretende dar a conhecer a quem visita um pouco mais sobre a cultura popular portuguesa:
“Integra a maior parte das festividades com mascarados de Portugal.
Esta exposição, que é uma coleção minha, tem todas as máscaras organizadas de forma a que o visitante fique a conhecer um pouco do que é esta parte da cultura popular e as manifestações associadas a elas, que têm o seu início a 31 de outubro, com a festa da Cabra e do Canhoto no concelho de Vinhais, e continuam com grande incidência de mascaradas em dezembro, com as festas dos rapazes, Santo Estevão, ou com o chocalheiro de Bemposta em Mogadouro, Vale do Porco, assim como nos Reis, e culminam na Quarta-feira de Cinzas com a morte e com os diabos em Vinhais e Bragança.
Fora deste período está também representada nesta exposição a única mascarada portuguesa de verão, que é a festa do Bugios, no dia 24 de junho, que é em Sobrado, uma localidade do concelho de Valongo, no concelho de Porto.”
Apesar de haver máscaras de todo o país, a maioria são transmontanas. E há a destacar uma novidade na mostra agora patente em Macedo:
“São cerca de 30 festa e mais do que 30 máscaras, pois algumas festas têm três ou quatro máscaras.
No nosso distrito, só dois ou três concelhos é que não têm mascaradas, mas Vinhais é um dos que tem mais.
Bragança, Mogadouro e Miranda também têm, e Macedo tem agora tem duas. Antigamente havia mais.
Nesta exposição está representado também, pela primeira vez, a Festa de Santo Estevão das Arcas, daqui do concelho de Macedo de Cavaleiros, com um destes quadros que eu componho com a máscara e com fragmentos dos fatos mascarados. Macedo de Cavaleiros, além dos Caretos de Podence, tem também em dezembro, dia 26, uma festa que está a tentar ser revitalizada há uns anos, que é essa das Arcas.”
Apesar de diferentes, há aspetos em comum entre estes rituais com mascarados:
“São tudo rituais pré-cristãos, que com o avançar dos tempos foram sofrendo processos de aculturação e ganhando características dos novos povos que iam habitando aqui no território.
Com o cristianismo, naturalmente que também sofreram alterações, porque a igreja tentou assimilar todas estas tradições que estavam enraizadas na população e tentou transformá-las, dai a que quase sempre haja um santo associado a eles.
É comum as festas dos rapazes estarem quase sempre associadas ao Santo Estevão, o protomártir do cristianismo, a festa da Cabra e do Canhoto, que em termos de calendário da igreja coincide com o Dia de Todos os Santos, e nos Reis é igual.
A igreja tentou proibir estas manifestações através de várias pastorais, mas a cultura popular venceu e conseguiu aguentar-se até aos nossos dias.
O que há em comum é uma manifestação popular, na qual as pessoas participam, se divertem e, de forma genuína e espontânea, conseguem mostrar aquilo que há de mais identitário na nossa região, que são as mascaradas.”
A exposição está em itinerância há cinco anos e já passou por várias localidades portuguesas e algumas espanholas.
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