O executivo da Câmara Municipal de Mirandela aprovou, por unanimidade, a atribuição de um subsídio de 14 300 euros à Fábrica da Igreja da Paróquia de Santo Isidro, do Cachão, para esta poder travar a venda da igreja daquela aldeia do concelho de Mirandela, penhorada por uma dívida a um gabinete de arquitetura.
A atribuição desta verba será faseada em quinze prestações, a começar já no mês de fevereiro, precisamente o período de tempo que ficou estabelecido no acordo assinado, há um mês, entre as partes (advogado do gabinete e a comissão fabriqueira) depois de várias ameaças de que a igreja - registada como um armazém adaptado para templo religioso – fosse mesmo para venda. “Foi um pedido que fizemos à câmara para cumprirmos o acordo que assinamos com a outra parte e se não houvesse esta ajuda, não teríamos qualquer hipótese de conseguir pagar esta dívida”, garante João de Brito, padre daquela Igreja.
Recorde-se que, no passado dia 17 de novembro, uma agente de execução mandou trocar a fechadura da igreja, consequência do não cumprimento do acórdão do tribunal judicial de Mirandela que condenou a comissão fabriqueira ao pagamento de cerca de 30 mil euros ao gabinete de arquitetura pela elaboração de um projeto de construção de uma igreja naquela aldeia, mas que nunca chegou a avançar.
Só dois dias depois, a igreja voltou a abrir portas, após o pároco local aceitar ficar como fiel depositário das chaves do templo.
Nessa altura, 17 mil euros de dívida foram recuperados através do congelamento da conta bancária da comissão fabriqueira, mas faltam ainda cerca de 14 mil euros, valor que o Município de Mirandela decidiu atribuir na reunião da passada quinta-feira. “O assunto foi-nos apresentado numa fase já bastante adiantada e quisemos responder aquilo que era a vontade manifestada pela população de que era preciso manter o património e não deslocalizar a igreja”, refere Vítor Correia, vereador da Câmara de Mirandela. “Indo para a hasta pública poderia ir parar às mãos de pessoas que não saberíamos quais seriam as suas motivações”, acrescenta.
O caso remonta a janeiro de 2011, quando a Novarq- Gabinete de arquitetura – diz ter sido consultada pelo Padre Abel Maia, na altura representante da Fábrica da Igreja da Paróquia de Santo Isidro, a pedir a elaboração de um projeto de arquitetura, para a construção de uma igreja. No entanto, o sacerdote nega as acusações. “Isso foi tudo em consonância com a câmara, nunca contratei projeto nenhum diretamente com ninguém”, afirma.
Mas, segundo o acórdão do tribunal, ficou provada a prestação do serviço e também que nunca houve qualquer pagamento.
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