Apesar de ser possível recuperar algum do tempo nestes trabalhos, a verdade é que os produtores e trabalhadores que se dedicam a estas colheitas criticam os horários, por serem reduzidos.
Filipe Gomes, que faz este serviço com máquinas industriais, no concelho de Mogadouro, explica que o horário não é o melhor e que é insuficiente para recuperar o atraso já que a semana passada estiveram completamente parados.
“Está um bocadinho desfasado, porque às 7 da manhã é impossível ceifar, o trigo não descasca, a aveia a partir das 8 horas sim, mas o trigo ainda fica muito na espiga. Com uma semana que tivemos parados e com este horário reduzido não conseguimos dar resposta. os clientes vão ter de esperar uma ou duas semanas mais do que o habitual”, afirma.
Este atraso pode significar mais perdas para os agricultores que já estão à espera de menos rendimento das colheitas de cerais. “O cereal quanto mais tempo está no terreno, mais ele cai, porque já está muito atrasado. Vai ser um ano com maiores prejuízos porque devido à seca já era um ano que o rendimento não era normal, era inferior e com o atrasar do segar das culturas pior ainda, porque há muito grão que vai cair”, sublinhou.
Claude Pires que também faz a segada mecânica nos concelhos de Bragança e Macedo de Cavaleiros também afirma que este horário causa muitos constrangimentos à realização destes trabalhos.
“O horário é um bocado complicado, ainda hoje antes das 10h30/11 horas não somos capazes de ceifar, é impossível a palha está húmida. Depois à tarde é pouco tempo. Depois uma pessoa tem de deixar por lá a máquina e há sempre furtos de gasóleo e agora temos que ir vigiando. Mas em vez de acabar em 8 dias demora-nos 15. Eu tiro férias para fazer esse trabalho e acabam as férias e não consigo terminar”, afirmou.
Com o aumento do preço dos combustíveis estes serviços também são mais caros e as restrições de horário representam ainda mais custos para quem faz estes trabalhos:
“Temos de aumentar por causa do gasóleo, que está ao preço do ouro, se não aumentarmos é melhor arrumar as máquinas que não conseguimos. O ano passado enchia o depósito da máquina com 400 euros, este ano levam-nos 800”, afirmou.
A colheita de cereais na região a ser afectada pelo calor, um factor que acresce à falta de chuva, num ano em que por causa da seca será um recurso ainda mais necessário para alimentar os animais.
Hoje todo o distrito de Bragança está em risco máximo de incêndio e está em alerta laranja por persistência de valores muito elevados da temperatura máxima.
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