Os cânticos ajudavam a amenizar o trabalho árduo que era fazer a segada manual. Mal o sol nascia, os campos eram ocupados por pessoas de foice na mão que pouco a pouco cortavam o centeio para depois ser malhado. Este sábado, os mais velhos puderam reviver estes tempos e os mais novos puderam perceber como se fazia. Adriana Rodrigues tem 70 anos e lembra-se bem dos tempos da ceifa.
“Na minha juventude fazíamos isto. Aprendi com os meus pais, com os meus avós. Tinha muitas saudades. Naquele tempo era muita gente a ceifar e muita alegria. Cantava-se com alegria e faziam-se estes trabalhos duros com alegria”, contou.
Mara José Fernandes é de uma aldeia vizinha, mas quis marcar presença na segada. Com 79 anos recorda aqueles tempos com saudade.
“Segamos muito e passámos muitos calores. São boas as recordações, porque era mais alegre, andávamos sempre a cantar. Era muito trabalho, mas era mais alegre”, relembrou.
Cédric Ferreira é emigrante e aproveitou estar na aldeia de férias para acompanhar os trabalhos manuais. Já não é a primeira vez que participa no festival, mas reconhece a importância de transmitir aos jovens as tradições.
“Acho que é uma iniciativa muito interessante e que deveriam continuar a fazer. Tenho um filho, que ainda é jovem, não está a perceber tudo, mas espero que um dia possa ver como se fazia antigamente”, disse.
Depois da segada manual, era hora de encher a barriga com a merenda característica das seivas, como o pernil, as pataniscas e o queijo. Ao almoço, era servido canhona e arroz doce. Festival da Música e Tradição da Lombada procura reavivar memórias e preservar esta tradição.
“O objectivo da associação é transmitir e dar a conhecer às pessoas mais novas como é que se fazia. Temos aqui gente de idade que fica contente por reviver o que faziam quando eram jovens e os mais novos estão curiosos, há aqui gente a querer experimentar e a pegar na foice”, referiu Raúl Tomé, da Associação Cultural e Ambiental de Palácios, responsável pela organização.
A segada manual é um dos pontos altos do festival, que contou com a transmissão de conhecimentos foi feita pelos mais velhos e a curiosidade não faltou aos mais novos. A animação esteve ao rubro.
O Encontro de Gaiteiros e Tocadores do Nordeste foi outra das atracções. Além de animação musical e recriação de trabalhos agrícolas tradicionais, o festival contou com feira de artesanato e produtos da terra e workshops de fabrico de cestas.
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