Este grupo artístico formado no rescaldo do Processo Revolucionário em Curso, o PREC, era composto por 10 artistas, entre eles Graça Morais, e esteve activo entre 1976 e 1981. Muito do material estava disperso e mesmo em risco de se perder.
Paula Pinto, a curadora da exposição, explica que chegar a esta mostra é o resultado de um trabalho de 20 anos de investigação. "Foi preciso uma escala de tempo e de espaço, apoio institucional para isto acontecer. Foi um trabalho muito longo de investigação, muito minuciosa. Nada estava inscrito na história. As obras estavam destruídas e maltratadas. Foi preciso recuperá-las ao longo do tempo. Mas finalmente estão aqui. Muitas destas obras estão a ser mostradas pela primeira vez".
As obras são eminentemente performativas e resultam de uma articulação entre os projectos individuais e colectivos, e reflectindo o período político e social de instabilidade que o país atravessava. "Estamos quase nos 50 anos do 25 de Abril. Vai ser um momento chave porque é um grupo que surge no rescaldo do 25 de Abril , em que houve uma série de governos e instabilidade política e o Puzzle joga com essa dinâmica. Eles não acreditavam na colectivização. Afirmavam a sua individualidade, sobretudo na cultura, tendo havido imensos trabalhos de arte colectiva. É um reflexo de tudo que aconteceu politicamente, socialmente, cultura".
Um dos artistas que integrou o grupo, Gerardo Burmester, não quis faltar a este reencontro das obras e chegou mesmo a surpreender-se com trabalhos que não via há anos. "Reencontramo-nos de vez em quando. O que não encontrávamos era as obras todas reunidas e isso é a novidade desta exposição. A Paulo conseguiu reunir isto tudo. Há quadros que estou a rever e me surpreendem".
Outro dos membros do grupo, Albuquerque Mendes, afirmou que ficou emocionado por voltar a ver os trabalhos, num mesmo espaço, e recordou o papel diferenciador do Puzzle no meio artístico da época.
A exposição vai estar patente no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais até 29 de Janeiro.
Depois parte das obras vão ficar à guarda do espaço cultural brigantino.
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