“Fui a Podence em 2017 para ver o desfile e o ambiente.
Fui fotografando e conversando sobre tudo o que via, mas o que realmente chamou a atenção foram as mulheres a vestir o fato de careto, o que sabia sera algo mais atribuído ao homem.
Fui lendo, pesquisando e vi até a tese de mestrado do Luís Filipe Costa, que também é de Podence, na qual ele abordou esse assunto.
Na altura achei interessante, tendo em conta toda a história dos caretos.
Não me centrei numa questão de igualdade de género mas sim no facto de ter sido a mulher, de certa forma, a ter contribuído para manter a tradição viva.
A exposição é um pouco mais conceptual do retrato da mulher.”
E o fascínio pelas mulheres careto fez com que voltasse este ano a Podence para fazer as fotografias:
“Este ano regressei a Podence para fazer o trabalho.
Cheguei lá e não conhecia praticamente ninguém.
Contactei a associação, que me orientou, e então fui falar com algumas mulheres que me explicaram o porquê de se vestirem.
Já ia com o trabalho pensado e elas disponibilizaram-se para serem fotografadas. Creio que ficaram contentes, tal como eu fiquei.
Eu quis estar com as pessoas, viver toda a festa, que acho fantástica e seduziu-me todo o ambiente. Adorei.
É um trabalho que não será tanto sobre os Caretos de Podence, diretamente, mas sim sobre a importância que a mulher teve em manter a tradição, e na própria sociedade.”
Rui Miguel Pedro acredita que a exposição vai despertar a curiosidade dos leirienses em visitar Podence na altura do Entrudo Chocalheiro:
“Acredito que a exposição vá ser entendida, vai dar também a conhecer a própria tradição fazendo com que quem tem curiosidade em participar da festa e nunca o fez o faça, pois apesar do crescendo gigante da tradição e da afluência de pessoas, acredito que haja muita gente que talvez nunca tenha ido, por poder ser longe chegar a Podence.”
O fotógrafo espera um dia poder trazer a exposição a Podence.
“Chocalhadas”, a exposição que tem a mulher vestida com o fato de Careto de Podence como figura principal, vai inaugurar no dia 25 de setembro no Museu da Imagem em Movimento, em Leiria, onde estará patente até 27 de novembro.
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