quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Quatro restaurantes em Trás-os-Montes onde comer fumeiro tradicional

 Na época fria, os enchidos destacam-se à mesa.

Restaurante Tasca do Zé Tuga, em Bragança. Na imagem: trufa, figo, salpicão, repolgas e chouriça de carne. (Fotografia de Nuno Pinto Fernandes/GI)

Adega O Fumeiro | Montalegre

É das casas do género mais antigas de Montalegre, onde se respira a tradição barrosã na comida e no espaço construído em pedra e madeira. Nuno Pedreira, que abriu este restaurante há 30 anos, tem orgulho na sua cozinha regional, onde o cozido à moda do Barroso sobressai entre tantas iguarias. “Só leva as melhores carnes e enchidos de porco. Mas temos também a vitela à barrosã, que tem muita procura. Tudo pratos de substância, bem à moda transmontana.”

O fumeiro do Barroso é uma das grandes apostas desta casa, que assenta a sua gastronomia no receituário do concelho de Montalegre. “Temos uma cozinha regional e confecionamos o nosso fumeiro com produtos caseiros. O cozido é um grande chamariz, muita gente vem cá cima, ao interior, para comer este prato, bem forte e quente, muito bom para os meses frios. Até junho, o cozido tem saída”, descreve o proprietário.

Restaurante Beça | Boticas

Ir a Boticas e não comer um cibo de salpicão ou uma rodela de chouriça de carne é como ir a Roma e não ver o Papa. Afinal, esta é a terra da festa do porco, cuja feira anual atrai milhares de visitantes. É do porco e seus derivados, com destaque para o salpicão, os rojões os presuntos que se faz a cozinha regional do Barroso, traduzida em pratos que aquecem qualquer estômago e que sabem melhor junto ao calor que vem das lareiras das cozinhas, que ajudam a comida a ganhar aromas e sabores inconfundíveis.

Inaugurado em 2001, o Restaurante Rio Beça, instalado no hotel como o mesmo nome, destaca-se pela gastronomia típica e diversificada, tendo como expoente máximo a suculenta carne de vitela barrosã (DOP) e o famoso cozido barrosão, mais a feijoada à transmontana, com fumeiro local, ou o cabrito barrosão, o javali com castanhas e ainda o presunto, a alheira e a linguiça.

Tasca do Zé Tuga | Bragança

O fumeiro e os cogumelos são produtos que o chef Luís Portugal gosta de combinar na Tasca do Zé Tuga, com vista para o Castelo de Bragança. A estes dois ingredientes junta outros das terras transmontanas, de acordo com a época do ano. No outono usa a amêndoa e o figo fresco, no inverno acrescenta a casula (feijão seco na vagem) e a castanha. “A trufa de salpicão, amêndoa e figo com a terra de cogumelos é uma entrada muito apreciada. Os cogumelos com alheira e caril são um clássico. Além dos momentos diferentes que servimos sobre um osso de tutano, a que juntamos a castanha, figo fresco, linguiça, cogumelos e queijo fresco”, descreve o chef. O figo com salpicão, diz, nada fica a dever ao foie gras. “Crio propostas mais frescas para épocas em que há menos fumeiro, como agora, também para ajudar os produtores industriais”, acrescenta.

O Geadas | Bragança

O Geadas aposta há cerca de 30 anos na cozinha regional transmontana, sem deixar de acompanhar os tempos. Iracema e Adérito Gonçalves começaram nas lides dos petiscos ainda na casa dos 20 anos, em Vinhais, e nunca mais pararam. Há umas décadas que abriram o restaurante em Bragança. Descrevem assim o seu labor diário: “Preparamos cada prato com o devido empenho e dedicação para lhe proporcionar o melhor que esta região tem para oferecer”.

Os enchidos servidos como entrada, crus ou assados na brasa, e ainda integrados em pratos, como o butelo com casulas (iguaria típica do inverno que alia o enchido de carne com osso ao feijão seco na vagem), são a demonstração diária do lema dos proprietários: “Aqui é onde a tradição ganha vida”.

O fumeiro usado no restaurante é produzido pelos próprios como manda a sabedoria de Vinhais, concelho de onde são naturais.

Glória Lopes

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