quarta-feira, 24 de maio de 2023

TEMPOS DE COVID: DESDE O MEU RINCÃO; MINHA FAZENDA, MINHA ALDEIA, MINHA TERRA, NOSSA TERRA

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)

Num dia eram os aldeões, foices e enxadas em punho, a caminho de suas lavouras.
No outro, eram anciões solitários a cismar, sem os filhos, morando longe, e sem a companheira, que foi visitar o céu mais cedo.
Num dia, eram só crianças a caminho da escola.
No outro, eram crianças sem futuro, indo-se da terra natal.
Num dia, eram os velhos vertendo lágrimas de saudades.
No outro, era o sentimento de impotência e o conformismo pelo ocorrido.
Num dia eram só mães, dizendo aos filhos viajores um "até logo"!
No outro, são mães que estão sem saber o quê dizer.
Num dia, são pais que ficam tomando conta das terras.
No outro, cansam da espera; que não sabiam tão longa....
Num dia, chegavam aos cafezais às cinco horas da manhã.
No outro, já não haviam cafezais....

Num dia, eram só homens a regressar do trabalho à casa.
No outro, eram homens sem casa para regressar....
Num dia, eram só pais dando as mãos aos filhos para atravessarem a longa estrada da vida.
No outro, são filhos que deixam os pais à margem da estrada, pois os velhos já não conseguem acompanhar seus passos....
Num dia, chegou a pandemia: além dos sintomas, com ela chegou o desemprego; e as esperanças e finanças definharam...
E, da noite para o dia escureceu! E a manhã ainda não rompeu; os galos das fazendas e das aldeias ainda não teceram mais uma manhã.
E a humanidade está de olhos fechados.
- Ainda teremos tempo de salvar a todos; ou em parte?


Antônio Carlos Affonso dos Santos
– ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 9 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de 5 outros publicados em antologias junto a outros escritores.

1 comentário:

  1. Lamento por ultimamente participar tão pouco do MOC, que tanto amo.
    O motivo, o iminente Henrique Martins bem o sabe!

    Creio que estou certo em estabelecer prioridade para ajudar a pessoa que mais amo na vida, ainda que ame escrever textos; mesmo sem saber se os trasmontanos os aprecie!
    .....
    Eu não sabia que este texto já havia sido publicado, uma vez que há três anos deixei de receber o link com as novas publicações. Gostaria de voltar a receber os links, ainda que eu fique um estirão de tempo sem enviar novos textos.
    Um abraço caipira!

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