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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Artes tradicionais são negócios de sucesso na Terra Quente Transmontana

 Em várias aldeias da Terra Quente Transmontana as artes tradicionais, como a tecelagem, tanoaria ou as máscaras dos Caretos, são negócios de sucesso para diferentes gerações no mercado nacional, mas também em destinos como Japão ou Angola.


Valorizar estas artes é o propósito da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana com a Rota Saber Fazer que proporciona aos turistas experiências com os artesãos e quer chamar mais gente para estas atividades artesanais.

Nos cinco concelhos do distrito de Bragança que integram a rota, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alfândega da Fé, há artesões que se dedicam às atividades apenas por gosto, tirando do artesanato um rendimento extra, mas também quem trocou de profissão pelos saberes tradicionais e quem fez destes um projeto de vida.

Francisco Taveira tem 27 anos e há uma década descobriu o gosto por reparar pipas velhas, quando começou a trabalhar numa empresa de vinho do Porto.

Decidiu dedicar-se à tanoaria e instalou o próprio negócio na aldeia de Carvalho de Egas, em Carrazeda de Ansiães, e é dos poucos tanoeiros a fazer este trabalho de reparação dos cascos antigos, que “fazem bom vinho”.

“Não tenho mão a medir”, disse à Lusa, durante um evento promovido pela Associação de Municípios.

Francisco está relativamente perto da grande produção do Douro e tanto concerta pipas mais pequenas na oficina da aldeia, como vai até às adegas dos grandes produtores para trabalhar num tonel de 10 mil litros.

“O longe faz-se perto com as estradas que temos”, sublinhou.

A única queixa de Francisco é sobre a falta de financiamentos de programas nacionais ou comunitários destinados a estas atividades. No caso dele, está a investir do que ganha para poder ter mais máquinas e um espaço melhor e maior e para poder pagar a alguém que o ajude a fazer o trabalho.

Da mesma opinião partilha Sofia Pombares, que em Podence, a aldeia dos Caretos Património da Humanidade, em Macedo de Cavaleiros, está à frente de um negócio que tem crescido sem financiamentos.

Sofia deixou a enfermagem para se dedicar exclusivamente ao artesanato dos Caretos, desde as máscaras aos fatos, uma atividade que iniciou há alguns anos apenas por lazer aos fins de semana, junto com o marido, que morreu recentemente, e que sempre esteve envolvido no tradicional Entrudo Chocalheiro.

Começaram por fazer máscaras para os Caretos, seguiram-se pequenas recordações para os turistas, os fatos, alojamento local e está prestes a inaugurar um parque de campismo na aldeia.

“Sempre tudo da nossa iniciativa, vamos caminhando aos poucos e vamos construindo sempre mais e investindo, não temos qualquer tipo de apoio”, afirmou.

A elevação dos Caretos de Podence a Património da Humanidade aumentou a procura, com excursões de turistas durante todo o ano, apesar de as épocas altas serem o Carnaval e o verão, com os veraneantes das praias fluviais do Azibo.

A Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana quer que estes artesãos “se sintam valorizados” e estruturar uma oferta turística em articulação com os diferentes operadores locais, como indicou a presidente Júlia Rodrigues.

A rota dá aos artesãos apoio de um ateliê de design para que possam criar novas peças.

A artesã Fátima Gomes já teve alguns curiosos nos teares na aldeia de Lamas de Orelhão, em Mirandela, mas “não quiseram ficar” e continua a tecer sozinha tapetes e mantas de lã.

Há cinco anos que Fátima Gomes tem encomendas do Japão, como contou esta artesã que emigrou para França e regressou ao tear, na aldeia de Lamas de Orelhão, onde permanece desde 1987 e é única dedica à arte.

Na aldeia de Valtorno, em Vila Flor, Alexandra Araújo e o marido apostaram na cultura tradicional da amêndoa, começaram há uma década a fazer mais plantação e decidiram fazer também a transformação.

Trabalham “40 a 50 toneladas por ano” e vendem para lojas locais, Vila Real, Porto, Braga, Angola e França o miolo embalado, farinha, manteiga e quatro tipos de amêndoa coberta, tudo feito de forma artesanal.

Compram também aos agricultores da região e, além da mão-de-obra familiar, fazem contratações sazonais na apanha da amêndoa e do mirtilo para compotas.

A Rota Saber Fazer integra ainda artesãos como o agricultor Bruno Pires, que na aldeia de Freixiel, em Vila Flor, faz quadros em ráfia, terços com caroços de azeitona e outro artesanato das ideias que surgem com o que vai observando e recolhendo no campo.

A idade da reforma permitiu a dedicação total de Armando Pereira, um aposentado da Função Pública, às guitarras que começou a construir ainda jovem por lazer e pelo gosto de tocar.

É um dos artesãos que oferece experiências, na aldeia de Sambade em Alfândega da Fé, e que têm encomendas de particulares, músicos e casas da especialidade para instrumentos que podem custar até 1.100 euros, no caso da guitarra portuguesa.

A aldeia em Alfândega da Fé foi o refúgio de Lúcia Morais, uma antiga professora que começou por fazer fuxicos (flores), faz bonecas de trapos e outros materiais, depois de se reformar e ficar viúva.

HFI // MSP
Lusa/Fim

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