Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Pelos vistos o “tal” protagonista ter-se-ia apresentado, em Bragança, como tendo no seu curriculum um milhão de exemplares já no mercado! Um amigo de longa data e muito conhecedor do setor livreiro acha que o número é excessivamente exagerado. Mesmo assim. Mesmo que peque por excesso, mesmo que sejam “apenas” cem mil, mesmo que se “restrinjam” a dez mil, é um número impressionante e que tem de ser devidamente valorizado. É perfeitamente legítimo que a editora promova quem tanto sucesso consegue com as suas obras. E que, apesar do seu mercado já considerável, pretenda alargá-lo de forma consistente, insistente e até nas próprias franjas como será sempre o território de baixa densidade.
Não pretendo (quem sou eu?) desvalorizar ou retirar mérito ao assinalável feito de quem promove edições em larga escala mas sinto que tenho o dever de alertar que quantidade não é, nem nunca foi, sinónimo automático de qualidade. Há um livro do nosso Trindade Coelho, suja exigência no que produzia e se propunha publicar foi sempre enorme, de que não se vendeu um único exemplar... porque o autor, descontente com a obra mandou queimar toda a edição! Mas estou certo que quando Graça Morais advogava, recentemente no programa de Fátima Campos Ferreira, que a nova humanidade terá de ser criada com base na Arte, Ciência e Cultura (e não na economia) não se estava seguramente a referir ao Seringador e Borda d’Água, campeões editoriais dificilmente batíveis por qualquer outra obra por mais popular que seja.
Não tenho competência para avaliar a qualidade literária seja de quem for, mas entendo que posso e devo questionar (eventualmente criticar) os critérios com que os recursos públicos são usados por aqueles a quem foram confiados para os gerirem com o único objetivo de lhe darem o melhor emprego, sempre, muito especialmente em regiões onde falta tanto em tantas áreas.
Seria bom que os agentes locais, autárquicos ou associativos, divulgassem de forma clara e concreta os seus objetivos culturais para que todo e qualquer cidadão pudesse avaliar, em cada momento, se as ações e atuações coincidem (ou se afastam e em que medida) com a missão a que se propõem e que foi devidamente sufragada pelos interessados sejam eleitores ou associados.
Na última quarta-feira, em Bragança, numa conferência organizada conjuntamente pelo IPB e pela ULS do Nordeste, defendi que todo o investimento público deveria ser precedido (ou finalizado) com um estudo sério, justificado e verificável sobre a relação custo/benefício dos investimentos decididos por quem tem o privilégio de administrar os dinheiros públicos.
Perante tantas carências não podemos dar-nos ao luxo de ver os recursos comuns ao serviço dos interesses privados, que não são ilegítimos, mesmo recorrendo ao erário público, desde que seja claro o benefício para a região onde são usados. A política cultural, não devendo ignorar a economia associada, não pode basear-se exclusivamente nesta componente, com ausência de outros critérios e, sobretudo, demitindo-se da promoção das raízes locais e subalternizando, sem justificação, os agentes naturais.
Não pretendo (quem sou eu?) desvalorizar ou retirar mérito ao assinalável feito de quem promove edições em larga escala mas sinto que tenho o dever de alertar que quantidade não é, nem nunca foi, sinónimo automático de qualidade. Há um livro do nosso Trindade Coelho, suja exigência no que produzia e se propunha publicar foi sempre enorme, de que não se vendeu um único exemplar... porque o autor, descontente com a obra mandou queimar toda a edição! Mas estou certo que quando Graça Morais advogava, recentemente no programa de Fátima Campos Ferreira, que a nova humanidade terá de ser criada com base na Arte, Ciência e Cultura (e não na economia) não se estava seguramente a referir ao Seringador e Borda d’Água, campeões editoriais dificilmente batíveis por qualquer outra obra por mais popular que seja.
Não tenho competência para avaliar a qualidade literária seja de quem for, mas entendo que posso e devo questionar (eventualmente criticar) os critérios com que os recursos públicos são usados por aqueles a quem foram confiados para os gerirem com o único objetivo de lhe darem o melhor emprego, sempre, muito especialmente em regiões onde falta tanto em tantas áreas.
Seria bom que os agentes locais, autárquicos ou associativos, divulgassem de forma clara e concreta os seus objetivos culturais para que todo e qualquer cidadão pudesse avaliar, em cada momento, se as ações e atuações coincidem (ou se afastam e em que medida) com a missão a que se propõem e que foi devidamente sufragada pelos interessados sejam eleitores ou associados.
Na última quarta-feira, em Bragança, numa conferência organizada conjuntamente pelo IPB e pela ULS do Nordeste, defendi que todo o investimento público deveria ser precedido (ou finalizado) com um estudo sério, justificado e verificável sobre a relação custo/benefício dos investimentos decididos por quem tem o privilégio de administrar os dinheiros públicos.
Perante tantas carências não podemos dar-nos ao luxo de ver os recursos comuns ao serviço dos interesses privados, que não são ilegítimos, mesmo recorrendo ao erário público, desde que seja claro o benefício para a região onde são usados. A política cultural, não devendo ignorar a economia associada, não pode basear-se exclusivamente nesta componente, com ausência de outros critérios e, sobretudo, demitindo-se da promoção das raízes locais e subalternizando, sem justificação, os agentes naturais.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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