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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Um milhão!

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Pelos vistos o “tal” protagonista ter-se-ia apresentado, em Bragança, como tendo no seu curriculum um milhão de exemplares já no mercado! Um amigo de longa data e muito conhecedor do setor livreiro acha que o número é excessivamente exagerado. Mesmo assim. Mesmo que peque por excesso, mesmo que sejam “apenas” cem mil, mesmo que se “restrinjam” a dez mil, é um número impressionante e que tem de ser devidamente valorizado. É perfeitamente legítimo que a editora promova quem tanto sucesso consegue com as suas obras. E que, apesar do seu mercado já considerável, pretenda alargá-lo de forma consistente, insistente e até nas próprias franjas como será sempre o território de baixa densidade.

Não pretendo (quem sou eu?) desvalorizar ou retirar mérito ao assinalável feito de quem promove edições em larga escala mas sinto que tenho o dever de alertar que quantidade não é, nem nunca foi, sinónimo automático de qualidade. Há um livro do nosso Trindade Coelho, suja exigência no que produzia e se propunha publicar foi sempre enorme, de que não se vendeu um único exemplar... porque o autor, descontente com a obra mandou queimar toda a edição! Mas estou certo que quando Graça Morais advogava, recentemente no programa de Fátima Campos Ferreira, que a nova humanidade terá de ser criada com base na Arte, Ciência e Cultura (e não na economia) não se estava seguramente a referir ao Seringador e Borda d’Água, campeões editoriais dificilmente batíveis por qualquer outra obra por mais popular que seja.
Não tenho competência para avaliar a qualidade literária seja de quem for, mas entendo que posso e devo questionar (eventualmente criticar) os critérios com que os recursos públicos são usados por aqueles a quem foram confiados para os gerirem com o único objetivo de lhe darem o melhor emprego, sempre, muito especialmente em regiões onde falta tanto em tantas áreas.
Seria bom que os agentes locais, autárquicos ou associativos, divulgassem de forma clara e concreta os seus objetivos culturais para que todo e qualquer cidadão pudesse avaliar, em cada momento, se as ações e atuações coincidem (ou se afastam e em que medida) com a missão a que se propõem e que foi devidamente sufragada pelos interessados sejam eleitores ou associados.
Na última quarta-feira, em Bragança, numa conferência organizada conjuntamente pelo IPB e pela ULS do Nordeste, defendi que todo o investimento público deveria ser precedido (ou finalizado) com um estudo sério, justificado e verificável sobre a relação custo/benefício dos investimentos decididos por quem tem o privilégio de administrar os dinheiros públicos.
Perante tantas carências não podemos dar-nos ao luxo de ver os recursos comuns ao serviço dos interesses privados, que não são ilegítimos, mesmo recorrendo ao erário público, desde que seja claro o benefício para a região onde são usados. A política cultural, não devendo ignorar a economia associada, não pode basear-se exclusivamente nesta componente, com ausência de outros critérios e, sobretudo, demitindo-se da promoção das raízes locais e subalternizando, sem justificação, os agentes naturais.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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