quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Campanha da castanha pode estar ameaçada devido aos estragos verificados nos castanheiros

 As últimas duas semanas surpreenderam os produtores de castanha, devido aos estragos com que se depararam nos castanheiros, num ano em que era esperada uma boa campanha.


Ainda não é possível prever de quanto será a quebra, mas Abel Pereira, da Associação Agroflorestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana – ARBOREA – aponta dois fatores com os principais responsáveis: o pico de calor e a septoriose, um fungo que afeta os castanheiros:

“São vários fatores conjugados, mas um deles foi preponderante: as precipitações, a intensidade da chuva de meados de setembro, que fez com que os castanheiros desenvolvessem bastante e deixassem prever uma boa campanha, mas depois as temperaturas extremas que vieram de seguida, acima de 30 graus, acabaram por empatar a árvore, queimando as folhas.

Isto é motivo de preocupação, pois aquilo que seria, há 15 dias, um bom presságio, hoje é repleto de várias dúvidas e incertezas.

Embora me pareça que a campanha ainda não está em risco à data, podendo ainda ficar, sabemos que a produção do fruto parou, no momento que a árvore ficou com a folha seca, o que se foi prolongando na última semana.”

Os estragos nos castanheiros podem deixar os agricultores numa situação complicada:

“O que está aqui em causa é se a castanha que está dentro do ouriço já tem desenvolvimento suficiente e os prejuízos podem ser reduzidos ou circunstanciais, ou se o fruto não tem o desenvolvimento suficiente e os prejuízos podem ser bastante elevados e afetar bastante a produção.

A campanha da castanha das variedades mais precoces, em termos de preços não foi simpática mas em produção não foi má. À data de hoje não há propriamente grandes perdas, tendo noção de que as variedades precoces devem representar 10% da campanha, estando entre 85% a 90% ainda por executar.

E se, de facto, os piores cenários se confirmarem, pode haver aqui uma situação bastante complexa.”

De acordo com Abel Pereira, para não piorar ainda mais a situação dos castanheiros, o ideal era que chovesse mas com pouca intensidade:

“Eventualmente agora teremos de ter chuvas, o solo começa a ficar seco e se não chover a situação será pior.

Mas a chuva tem de ser na proporção certa para que a árvore a absorva e os ouriços comecem a abrir e cair.

Se tivermos muita chuva intensa e muitos ventos durante algum período, também pode provocar a queda do ouriço e das folhas, podendo a castanha cair dentro do próprio ouriço e aí temos um problema a nível da colheita, mesmo tendo castanhas.”

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a chuva regressa já este fim de semana e deverá manter-se ao longo da próxima.

Escrito por ONDA LIVRE

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