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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Os Jogos Populares Transmontanos em Vila Real – 1977

Não há memória, em Vila Real, de tão grandioso espetáculo popular como o que decorreu em vários pontos da cidade, em 13-11-77.


Com um garrido cenário de zés-pereiras, tunas, bandas de música, ranchos folclóricos e grupos de teatro, participaram nos jogos, perante vários milhares de espectadores, cerca de 1.150 pessoas (crianças, jovens e adultos de ambos os sexos).

Os jogos foram, então, os seguintes:

– subida ao poste ensebado,
– jogo do cepo,
– jogo das panelas,
– jogo do farelo,
– desgarrada,
– jogo do barril,
– jogo do pau,
– jogo da reca,
– jogo do fito,
– jogo da bilharda,
– jogo do malhão,
– chega de bois,
– corridas de sacos, de burros e de cântaros

Foram numerosos os prémios distribuídos, contribuindo o comércio local generosamente.

Os prémios

Dentre os prémios, destacam-se os genuinamente populares como cabritos, coelhos, fumeiro, garrafas e garrafões de vinho.

O 1º prémio, uma taça monumental, confecionada pelo artista popular António Félix, de Mondim de Basto, toda em granito, com seis altos relevos alusivos aos jogos, sustentada por forte armação de ferro e com o peso conjunto de 250 Kg., foi ganha pelo Grupo Cultural das Flores (Borbela).

Tudo começou quando o grupo de teatro «O Bando», que desde o início de julho de 1977 se encontrava em Vila Real, teve a ideia de aproveitar os jogos populares para a animação cultural, mormente a teatral.

Movimentaram-se as associações culturais e o primeiro passo foi um plenário de 15 associações, em 2 de setembro, escolhendo-se, então, por votação, o nome definitivo da realização dos jogos: Jogos Populares Transmontanos.

Estes apareciam não como um polo de atração turística, o que significa que o turismo, ainda que necessário à economia regional, passava para segundo plano, mas como autêntica manifestação das vivências populares, chamando assim a atenção dos jogos para a sua ligação ao trabalho, que neles se repercute, e à simplicidade, posto que humanamente fecunda, de meios humanos, devido a carências da ordem económica, o que numa zona civilizacionalmente mais evoluída não aconteceria, pois normalmente se utilizam técnicas mais sofistica das e, daí, menos expressivas.

O povo transmontano está em festa

Até há bem pouco tempo, quando alguém falava de Trás-os-Montes, apenas se referia às montanhas do Marão, à rudeza das suas gentes e à sua hospitalidade.

A partir de agora, quem falar de Trás-os-Montes não deixará de referir, estou certo, a riqueza da sua cultura.

Depois de uma «fase preparatória» que ousamos classificar de histórica, eis aí a 2ª edição dos JOGOS POPULARES TRANSMONTANOS.

No dia 13 de julho, o povo de Trás-os-Montes sairá novamente à rua, desta feita sem ser preciso transportá-lo.

Tal como o fez durante a «fase preparatória» dos Jogos Populares Transmontanos, o mesmo povo que os criou sairá à rua para dizer bem alto aos portugueses e ao mundo: esta é a minha cultura e a dos meus antepassados e por isso aqui estou para a defender!

O povo transmontano pode, enfim, provar que a sua cultura de séculos está viva e que não aceitará nunca qualquer tipo de colonização cultural, por mais bem embalada que venha!

Demonstrámo-lo na nossa terra e convidámos todo o mundo a assistir.

Porque não tínhamos receio de falhar, iniciámos esta caminhada sem nada temer.

Sabíamos e sabemos que «a cultura nasce do povo, ele é a fonte e ao mesmo tempo a única entidade capaz de criar e preservar a cultura, em suma, de fazer a história»

Estava aí a certeza da vitória. Uma vitória simples e fácil como simples e fácil é tudo o que provém do povo.

O povo de Trás-os-Montes está em festa, porque despertou para a sua cultura.

Descobriu (não por via marítima, como é lógico) que ela é fator de desenvolvimento, que através dela pode vencer as barreiras do isolamento, que, inclusive, com ela pode «matar» o Marão.

Fonte: Brochura editada pela Centro Cultural Regional de Vila Real

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