quinta-feira, 25 de julho de 2024

Apoio directo à apicultura deixa de fora milhares de colmeias da região

 Pela primeira vez, a apicultura tem um apoio directo


O Ministério da Agricultura anunciou 20 milhões de euros para os apicultores do país. As candidaturas estão abertas até 28 de Agosto.

Até agora, nunca tinha sido criado uma medida agro-ambiental directa para o sector apícola. Qualquer apicultor é elegível, desde que tenha pelo menos 10 colmeias. Segundo o presidente da Federação Nacional os Apicultores de Portugal, Manuel Gonçalves, há muito tempo que este apoio é reclamado. “Conseguiu que fosse feita para apicultores que não têm propriedades, porque a dificuldade que houve sempre foi que os apicultores não podiam ter ajudas porque tinham indexado à sua actividade propriedades e se na mesma propriedade tivesse um subsídio a lei não permitia”, explicou.

O máximo de colmeias abrangidas é 500. O apoio vai dos 125 euros até aos 3 mil euros. Manuel Gonçalves, também presidente da Associação de Apicultores do Parque Natural de Montesinho, considera que este apoio não é suficiente. “A medida devia ser mais ambiciosa. Houve a priorização de abranger todos os apicultores e aí nós concordámos. O terminar nas 500 colmeias achámos que devia ir mais longe”, vincou.

No Parque Natural de Montesinho há cerca de 30 mil colmeias. Carlos Alves é dos maiores produtores. Tem 1500 colmeias em Lomba, no concelho de Vinhais. O produtor de mel reconhece que a ajuda é bem-vinda, mas não abrange grande parte das suas colmeias. “Vou ficar prejudicado em relação a um apicultor que tenha menor número. Só me abrange até 500 colmeias e o valor por colmeia é inferior a outros apicultores que tenham um efectivo menor. O valor para a colmeia, inicialmente, começa nos 12 euros e nas 500 colmeias acaba nos 6 euros, ou seja, reduz para metade”, criticou.

Firmino Rodrigues é outro dos apicultores que não tem todo o efectivo abrangido pelo apoio. Tem 700 colmeias, duzentas não vão receber ajuda. Com os últimos anos difíceis para o sector, devido à seca, doenças e pragas, entende que é “uma ajuda” da qual precisavam, mas não considera o valor “justo”. “Os custos triplicaram, os combustíveis, os medicamentos, as ceras. Tudo o que vier é bem-vindo, mas não dá para colmatar os problemas que a apicultura tem sentido nos últimos anos”, frisou.

A medida surge no âmbito do Plano Estratégico da PAC e vingará durante os próximos três anos.

Este ano, os apicultores estão optimistas quanto à campanha.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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