Os agricultores de Avelanoso, no concelho de Vimioso estão desapontados com o reduzido preço do quilo de castanha pago pelos compradores, apenas 1,20€, um valor que dizem não cobrir as despesas dos trabalhos nos soutos ao longo do ano e por isso indicam a necessidade de uma cooperativa para negociar as colheitas de castanhas a um preço mais justo.
Na aldeia de Avelanoso, Adelaide Gonçalves é proprietária de três soutos de castanheiros e iniciou a apanha da castanha no dia 19 de outubro. Segundo a agricultora, o trabalho na apanha de castanha é diário e deve prolongar-se durante um mês, até meados de novembro.
“A chuva que caiu durante o mês de setembro ainda veio ajudar ao desenvolvimento das castanhas nos ouriços. No entanto, o ideal é que chova em agosto, pois já diz o ditado: “Se chover em agosto, também há magusto!”» – disse.
Questionada sobre o modo como escoa a sua colheita, Adelaide Gonçalves, indicou que vende as castanhas a compradores intermediários, que diariamente passam pela aldeia de Avelanoso.
“São compradores que percorrem as aldeias de Avelanoso, São Martinho de Angueira e outras localidades, para comprar as colheitas de castanha aos agricultores. Este ano, estão a pagar apenas 1,20€ pelo quilograma de castanhas, o que é muito pouco para o trabalho que temos ao longo do ano com as lavras, as limpezas, os adubos e a apanha”, protestou.
Outro modo de comercializar a colheita de castanha é a Feira da Castanha e Produtos da Terra, organizada anualmente pela freguesia de Avelanoso e que este ano vai decorrer nos dias 1 e 2 de novembro.
“Em Avelanoso, esta feira anual é uma maravilha, pois permite aos agricultores locais comercializar os seus produtos como a castanha, a noz, a avelã, o mel, o marmelo e outros produtos, a melhores preços.”, disse.
Outro agricultor de Avelanoso, João Gonçalves, indicou que nos seus soutos a grande quantidade de castanha ainda não caiu dos ouriços, pelo que a apanha está atrasada. Este ano, o agricultor prevê apanhar entre três a quatro mil quilos de castanha.
“Nos meus soutos, a maioria da castanha é a “Cota”, pois é a variedade que tem maior calibre e é a mais procurada no mercado. Tenho também outras variedades como a “Boaventura” e a “Longal”, que sendo de menor calibre é considerada mais saborosa, quer assada, quer cozida. Também já tive a castanha “Judia”, mas é uma variedade que precisa de muitos cuidados, de muito adubo e muita limpeza dos ramos”, explicou.
Sobre o reduzido preço pago pelo quilo de castanhas aos agricultores, João Gonçalves, indicou a necessidade de existir uma cooperativa, de modo a recolher as toneladas de castanhas da região, para assim obter um preço mais justo para todos os agricultores.
“O baixo preço do quilograma de castanhas pago aos agricultores deve-se ao nosso individualismo. Cada agricultor trabalha apenas para si e assim não temos escala e não podemos exigir um preço mais justo aos compradores”, disse.
João Gonçalves referiu-se também às recorrentes doenças que afetam os soutos, como a “tinta dos castanheiros” e ao elevado preço dos tratamentos, pelo que solicitou apoio do município de Vimioso aos agricultores.
“No ano passado tive que arrancar cerca de uma dezena de castanheiros. E este ano vou ter que arrancar outras dez árvores. Na replantação tenho que escolher castanheiros híbridos, pois resistem mais à doença da tinta. Também estou a administrar o tratamento do IPB, mas cada frasco custa 50€ e só dá para meia dúzia de castanheiros. A exemplo do que já se faz em Vinhais e Bragança, seria bem-vindo o apoio do município de Vimioso aos agricultores de castanha” – disse.
Este ano, um dos destaques na IX Feira da Castanha e Produtos da Terra, em Avelanoso é a palestra “Um olhar sobre os castanheiros”. A sessão visa esclarecer os agricultores locais sobre temas como as doenças antigas e emergentes do castanheiro; lavrar ou não os soutos de castanheiros; e a reação do solo e resposta do castanheiro à aplicação de fertilizantes.
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