sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Enfermeiros da urgência do hospital de Mirandela acusam médicos de falta de profissionalismo no atendimento dos doentes

 Os enfermeiros que prestam serviço na urgência do Hospital de Mirandela denunciam que há falta de compromisso e de profissionalismo dos médicos que trabalham naquela valência e que isso tem comprometido o atendimento dos doentes, que, em alguns dias, ficam largas horas à espera


O Serviço de Urgência do hospital de Mirandela enfrenta graves dificuldades “pelos prolongados tempos de espera em alguns dias da semana”, acusam os enfermeiros afetos àquela valência, numa carta aberta a que tivemos acesso.

Ao que pudemos constatar, na passada terça-feira, às 23,30 horas, havia 19 pessoas por atender e algumas delas com mais de 8 horas de espera (pulseira amarela) – situação que, ao que apurámos, tem levado alguns pacientes a desistir do atendimento devido à longa demora, saindo sem receber o tratamento necessário.

Segundo a carta aberta, estas situações são frequentes, em alguns dias da semana, o que afeta diretamente a confiança da população nos serviços de saúde da região, e coloca em risco a vida e o bem-estar dos utentes”, dizem os enfermeiros que também confirmam a existência de um evidente mau-estar na relação com alguns dos médicos tarefeiros (contratados por empresas de trabalho temporário) que prestam serviço naquela urgência, devido à alegada “falta de compromisso e profissionalismo” por parte de alguns médicos, que muitas vezes não cumprem adequadamente as suas funções, atrasando ainda mais o atendimento. “Há alguns dias em que as equipas médicas realizam, em média, um atendimento por hora”, adianta um dos enfermeiros que não se quis identificar.

Esta situação tem resultado em alguns dias “caóticos”, porque “compromete gravemente a qualidade e a celeridade no atendimento dos doentes, gerando insatisfação tanto entre os profissionais de saúde quanto entre os pacientes que dependem do serviço”, adianta aquele enfermeiro.

O problema já foi reportado ao conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE), mas ainda não foram implementadas medidas para resolver a situação, revelam os enfermeiros, considerando que esta falta de tomada de posição, “tem agravado a crise, perpetuando um ambiente de trabalho que os enfermeiros garantem ser insustentável”, lamentam.

No SU do Hospital de Mirandela prestam serviço (por turnos), sete médicos tarefeiros: um é português, outro é de nacionalidade espanhola e os restantes são oriundos de países de Leste e da América Latina.

Confrontada com estas denúncias, a administração da ULS do Nordeste, em resposta escrita enviada por correio electrónico, diz, e citamos que “não se verifica qualquer constrangimento em termos de recursos humanos no SU da Unidade Hospitalar de Mirandela, que funciona com equipas multidisciplinares, as quais focam a sua atuação nas necessidades assistenciais dos doentes”, diz a administração.

Já quanto às alegadas demoras no atendimento, a ULS do Nordeste responde que “podem ser pontuais e são expectáveis em períodos de elevada afluência em qualquer Unidade de Saúde”, acrescentando que os quatro Serviços de Urgência da ULSNE – Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Mirandela – “têm registado, consistentemente, um desempenho positivo, estando frequentemente bem posicionados a nível nacional em indicadores de qualidade e eficiência assistencial”.

Escrito por Terra Quente (CIR)

Sem comentários:

Enviar um comentário