sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Projeto de 11 milhões para proteger tartaranhão-caçador é apresentado hoje em Miranda do Douro

 Nos últimos 10 anos a perda populacional da espécie foi de 80%


Vai ser apresentado, hoje, em Miranda do Douro, o projecto de conservação das populações de tartaranhão-caçador, espécie que habita na região e que está em vias de extinção. Este projecto, de cerca de 11 milhões de euros, está em execução desde Setembro, estende-se até ao fim de 2030, e é financiado, em 75%, pela Comissão Europeia.

A Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, com sede no concelho de Vimioso, tem vindo a trabalhar, há vários anos, em acções de protecção da espécie. Segundo o presidente da associação, José Pereira, agora, com o projecto, uma das principais medidas é estender a área de cereais na região, já que a espécie perdeu população por causa da queda de produção cerealífera.

“Iremos tentar revitalizar, de alguma forma, o setor do cereal e encontrar soluções nas variedades e espécies de cereal para que sejam mais compatíveis com o ciclo reprodutor da espécie. As ameaças estão muito associadas à gestão da produção e do maneio agrícola destas parcelas, nomeadamente a sementeira e tudo mais, querendo trabalhar diretamente com toda a fileira do setor de cereal, tentar revitalizar para que haja um aumento, digamos, da área de cereal no Nordeste de Portugal e em todo o país”, referiu.

Outras medidas passam por trabalhar em habitats de montanha, encontrando modelos de gestão da paisagem compatíveis com a preservação da espécie, recuperando, por exemplo, a agricultura nestas áreas. Também serão mantidas as acções de conservação directa, com foco nas populações. Ou seja, pretende-se manter os poucos casais que ainda existem, sendo que, neste momento, na região, há apenas cerca de 40 casais. Em todo o país há cerca de 140.

Nos últimos 10 anos a perda populacional da espécie foi de 80%. No entanto, José Pereira está confiante de que se altere o paradigma.

“Nós naturalmente que acreditamos e de certa form
a não é só uma questão de acreditar. O plano de trabalhos que nós propomos tem o potencial, se conseguirmos realmente executar aquilo que está preconizado, porque, como digo, o paradigma é complexo, de realmente mudar esse paradigma e criar as condições para uma recuperação, mesmo que seja lenta, dessas populações. Não só acredito como aquilo que desenhamos tem esse objectivo, claro que depende de todas as partes envolvidas, de todas as partes interessadas, de conseguir realmente fazer esse caminho”, rematou.

O objectivo principal deste projecto, hoje apresentado, em Miranda do Douro, é proteger o tartaranhão-caçador, promovendo medidas de conservação para melhorar o seu habitat e mitigar as principais ameaças à espécie.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Carina Alves

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