quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Resolução do défice é prioridade na Santa Casa

 Duarte Fernandes faz o balanço do primeiro ano como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Bragança em discurso direto.


Mensageiro de Bragança
- Que balanço faz do primeiro ano de mandato?

Duarte Fernandes: Antes de mais, muito obrigado pela oportunidade que me dá de ser ouvido. Respondendo à sua pergunta, posso dizer que foi um primeiro ano atribulado. A situação económico-financeira da Santa Casa da Misericórdia de Bragança não era a mais confortável, como eu bem sabia, até pelas responsabilidades que tinha na Mesa Administrativa anterior (era o tesoureiro). E aproveito para desfazer alguns mitos. Desde logo, ao contrário do que muita gente pensa, não temos qualquer relação com os Jogos Santa Casa, cuja gestão pertence por inteiro à Santa Casa de Lisboa. Portanto, nenhuma outra Santa Casa do país recebe qualquer percentagem da exploração dos jogos nem qualquer receita.

O modelo de financiamento das IPSS em Portugal depende de acordos de cooperação com o Estado, a quem compete, em primeira instância, providenciar o apoio social à população. Mas entendeu-se que o Estado necessitaria de muitos mais meios para isso, pelo que contratualiza com as IPSS esse serviço, que custa, em média, 1400 euros por utente, sendo que o Estado comparticipa, em média, menos de 40 por cento desse custo (cerca de 540 euros). O restante tem de ser suportado pelo próprio utente e pela família.

Ora, num território desfavorecido como o nosso, em que as reformas são baixas porque muitas são de pessoas ligadas à agricultura, as dificuldades em pagar as mensalidades são maiores do que noutras zonas do país.

E as atualizações salariais impostas pelo Governo nem sempre são compensadas pelos aumentos dos acordos de cooperação, que são pagos em 12 tranches enquanto que os salários são pagos a 14 meses.

A somar a esse cenário, tivemos uma pandemia que exigiu muito das IPSS em termos de recursos, sobretudo humanos. Foi um contexto de emergência, que obrigou a medidas de urgência, em que as instituições tiveram de dar uma resposta imediata. A somar a esse contexto de crise, tivemos o início de uma guerra na Europa (Ucrânia), que levou a uma escalada de preços, não só de alimentos mas, sobretudo, da energia.

A título de exemplo digo-lhe que, nesse ano, os gastos com gás subiram 300 mil euros.

Obviamente que, tudo isso conjugado, levou a uma pressão adicional e muito grande sobre as contas das instituições, não só das da Santa Casa. No nosso caso, sendo a maior IPSS do distrito, claro que se faz sentir ainda mais.

As Mesas Administrativas anteriores, das quais fiz parte, sob a liderança do Dr. Eleutério Alves, tudo fizeram para engrandecer esta instituição, que na última década triplicou de tamanho e se tornou uma referência em todo o norte do país.

Aproveito para desmistificar mais um aspeto. O trabalho dos órgãos sociais é voluntário, ninguém recebe o que quer que seja para servirmos a instituição, que merece todo o nosso apreço. Pelo contrário, muitas vezes traz custos pessoais.

Entrevista completa disponível para assinantes ou na edição impressa.

Glória Lopes

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