O território de Bragança, é marcado por uma forte identidade cultural, vastas paisagens naturais e um modo de vida assente na proximidade comunitária, representa um exemplo claro da necessidade urgente de políticas públicas (e talvez de novos políticos) robustas e sustentadas que promovam a coesão territorial. A sua posição geográfica, afastada dos grandes centros urbanos, não pode continuar a ser um fator de exclusão, mas por outro lado uma oportunidade para repensar o desenvolvimento a partir da periferia.
Para que Bragança e a sua zona rural possam desenvolver-se, é fundamental aprofundar a descentralização administrativa. A transferência real de competências do Estado central para os municípios e entidades intermunicipais permitirá uma resposta mais eficaz e adaptada às necessidades locais. Maior autonomia significa mais capacidade de decisão sobre recursos, investimento e serviços públicos, promovendo uma gestão mais eficiente, próxima e transparente.
É imprescindível implementar políticas fiscais diferenciadas que reconheçam a especificidade dos territórios de baixa densidade, como Bragança. Medidas como a redução de impostos para empresas que se fixem na região, incentivos ao investimento rural, apoios à habitação e à fixação de população jovem são fundamentais para combater a desertificação e estimular a atividade económica local. Uma fiscalidade amiga do interior é uma necessidade estratégica para o equilíbrio territorial do país.
Nenhuma política pública será eficaz sem o envolvimento direto das comunidades. Promover a participação cívica em Bragança significa valorizar o conhecimento local, escutar os cidadãos, fomentar orçamentos participativos e garantir que os projetos de desenvolvimento contam com o contributo ativo de quem vive o, e no, território. Só assim se constroem soluções sustentáveis, inclusivas e duradouras.
Bragança tem tudo para ser um território de futuro. Temos património, talento, natureza e vontade. Mas para que isso aconteça, é essencial uma nova geração de políticas (e talvez de políticos) públicas, centradas na descentralização, na equidade fiscal e na participação ativa da sociedade civil. A coesão territorial começa com escolhas políticas corajosas e com o reconhecimento de que o interior não pode continuar esquecido.


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