sexta-feira, 14 de novembro de 2025

“Assentadu num môtchu’e, ó braseiru’e, im mentes pegu num bassouru p’ra barrere as cinzas p’ra um badile”…

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 ...”arrecebi ua mensaige. Adonde m’era préguntadu pur’u q’é que tinha tanta proa im sermus dif’rentes’e.”…

Porque pouco aprecio mensagens, que azo podem dar a (des)interpretações e a (re)interpretações, acabei por continuar a conversa por via telefónica. “E lá têbu de m’aturar’u home”…

Tendo-lhe dito: «Começa logo porque somos bilingues, que isto é mais do que uma pronúncia ou simples forma de falar». E lá lhe expus umas quantas regras que acasos não são, menos o sendo o estigma do «falam mal português». A pessoa parece ter ficado convencida, até porque a conheço há muitos anos, e sei bem como falávamos fora do âmbito escolar. Tendo-me dito, porém, que isso não bastava para essa tal de diferença que pareço apregoar.

E lá tinha de vir a História, mais as falácias com que a «cartilha da velha guarda» nos adulterou. Mantendo que muito orgulho tenho em ser Português, maior o tendo no facto de ter sido “paridu e criadu’e” neste canto Nordeste. Onde se fala de uma forma “ztranha” e somos detentores de uma História ímpar. Só procuro, humildemente, que as pessoas tenham “proa” nisso. 

Por fim, a conversa derivou para dois dos caracteres mais distintivos que possuímos. Os Caretos, mais as Mascaradas e as Chocalhadas… E os Pauliteiros, mais as suas Danças/Lhaços, e os tamborileiros e gaiteiros. Todavia, isso dá pano para mangas, e já não estou “arreguitchadu’e” para continuar com a escrita. O meu interlocutor já me deu «rastilho» para, amanhã, vir por aqui deixar mais “uas zcritas’e, a bere se ganhêmus algua proa”. 

“Peis, atãu’e, bou-me lá, só quiju bire aqui p’ra dar as boas neites, ou boas noutes, ó cunsuante. Bou-me a tchiz’care ó strafugueiru co’as stanazes’e, a bere se num saim muntas falmegas pur’i, que fai friu’e, e um home tem de se quecere”… 

(Foto: © Rui Rendeiro Sousa)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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