terça-feira, 11 de novembro de 2025

Desporto nos Anos 60/70 - Corpo em Movimento e Alma Livre


 Nas décadas de 1960/1970, tal como nas anteriores, o desporto era vivido de forma genuína, longe dos holofotes das redes sociais, sem selfies, sem contadores de passos ou relógios inteligentes. Não havia internet, nem telemóveis, e muito menos academias de luxo com ecrãs LED e música ambiente. Havia sim, uma vontade imensa de mexer o corpo, competir por prazer e partilhar momentos ao ar livre.

O futebol reinava. Bastava uma bola gasta e dois montes de pedras para servir de baliza. As ruas, os baldios e os recreios das escolas transformavam-se em estádios improvisados. Jogava-se descalço nos lameiros, com os joelhos esfolados e a camisola suada. Não havia árbitro nem VAR, a justiça fazia-se à moda antiga, entre discussões e amizades.

Nos clubes locais, o futebol era praticado com seriedade, mas também com grande paixão. Os equipamentos eram simples, os treinos duros, e o talento muitas vezes mais forte que a tática. Era a escola do improviso e da garra.

Correr não era moda, era liberdade. Os jovens corriam pelos campos, pelos caminhos de terra batida, e não havia necessidade de um “personal trainer” a dizer o que fazer. As pistas eram os trilhos da cidade ou da aldeia, os terrenos inclinados, os caminhos entre pinhais.

A musculação dava os seus primeiros passos entre os jovens, mas longe da ideia moderna de ginásio. Havia quem montasse pequenos espaços com pesos improvisados, halteres feitos com cimento e ferro, barras de aço reciclado. Os exercícios eram simples, diretos, e os espelhos, quando existiam, serviam mais para arrumar do que para posar. A força era funcional, prática, e estava muitas vezes associada ao trabalho físico do dia-a-dia.

Sem acesso a piscinas municipais, que não havia, era nos rios que se aprendia a nadar. Nos dias quentes, as margens enchiam-se de miúdos e graúdos, mergulhando de pedras e de galhos das árvores , brincando na corrente ou atravessando o leito a nado. Os mais velhos ensinavam os mais novos, e os sustos eram tratados com coragem e companheirismo. A água era fria, pura e livre, como o espírito da juventude da época.

Além do futebol, muitas escolas e associações promoviam andebol, basquetebol, voleibol e ciclismo. As bicicletas eram um verdadeiro tesouro. Não serviam só para desporto, mas também como meio de transporte, liberdade e brincadeira. As corridas entre amigos, as pedaladas para outros lugares, ou as subidas difíceis eram desafios superados com orgulho.

Nos anos 60/70, o desporto não era só competição, era vivência e convivência. Era suar sem dar por isso, rir sem filtros, cair, sem fingir, e levantar sem drama. Não havia ecrãs a registar cada movimento, mas a memória guardava tudo com nitidez. Era um tempo em que o corpo se mexia e o mundo era real, inteiro, tangível. Um tempo em que, mesmo com pouco, se fazia muito, e com alegria.

HM - com IA e IN

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