A Diocese de Bragança-Miranda terá a partir de domingo o bispo mais jovem de Portugal que gostaria de ficar conhecido como “um bispo que escuta, um servidor do evangelho da esperança”. Destak/Lusa
Aos 44 anos, José Cordeiro será também um dos poucos bispos portugueses nomeados para a diocese de origem, onde o “acolhimento e a amizade” o têm surpreendido, ao mesmo tempo que a expetativa em torna da sua juventude acarreta uma maior responsabilidade.
A ordenação marca o regresso de José Cordeiro a Bragança, depois de 12 anos em Roma, onde estudou, foi vice-reitor e reitor do Pontifício Colégio Português até ser nomeado bispo por Bento XVI, em julho.
Visitava frequentemente a diocese, mas confessa que este regresso será um “reaprender, na escuta, na relação com as pessoas e os colaboradores mais próximos”.
Diz que nunca se sentiu “romano, em Roma, mas um romeiro, um peregrino ao serviço da diocese”.
À Agência Lusa conta que vinha a Portugal “ao menos três vezes ao ano, no Natal, Páscoa e verão, mas de facto é diferente vir em ambiente de férias, em situações ocasionais e com as referências do quotidiano de há 12 anos, e agora reaprender a amar esta realidade”.
As alegrias e as esperanças que vai sentindo das pessoas, a começar nas mais simples até àquelas que têm maior responsabilidade, dão-lhe “um ânimo, um estímulo e uma motivação muito grande”.
Para a cerimónia de ordenação são esperadas mais de dez mil pessoas.
“Aquilo que me surpreende mais é o acolhimento que tenho recebido por parte das pessoas dentro e fora da diocese e isso é que me faz assumir uma maior responsabilidade e me faz sentir quase que indigno para o ministério, diante de tanta vontade, de tanta fé, de tanta esperança”, disse.
José Cordeiro poderá ser “pastor” da Diocese de Bragança-Miranda durante mais de 30 anos, na certeza de que o “rebanho” será cada vez menor.
“Eu tenho consciência que a nível desta velha Europa nós seremos cada vez mais um pequeno rebanho, mas consciente, qualificado, de pessoas que testemunham a sua fé com uma convicção profunda da razão e do coração”, sublinhou.
A juventude é uma aposta daquele que foi o primeiro, e durante oito anos, capelão do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
“Sentia recetividade dos jovens. Eu é que não tinha a capacidade de resposta porque tinha outras atividades”, recordou.
Desse tempo ficam os exemplos do “jovem que hoje é padre na diocese do Porto e que viu nascer a sua vocação aos 24 anos no IPB, [de] uma outra religiosa em Lisboa e [de] tantos outros jovens casados, professores que testemunham a alegria da sua fé”.
José Cordeiro adianta que nestes dias tem “recebido imensos testemunhos” daqueles que foram seus alunos e que passaram pela capelaria e pela paróquia escolar, o que lhe “dá muita alegria”.
O novo bispo diz ainda que ganhar mais vocações não é uma sua preocupação.
“As vocações que temos neste momento são suficientes a esta Igreja, porque é a realidade que assim quer. A realidade que temos é esta e não podemos esperar mais a não ser que façamos mais”, afirmou.
Motivo de preocupação não é também a herança da fatura de cinco milhões de euros da inacabada catedral de Bragança.
José Cordeiro disse à Agência Lusa que ainda não conhece o dossier, mas garante que se houver um problema, terá de ser enfrentado.
“Nós quando aceitamos o ministério – costumo dizer em brincadeira – aceitamos o pacote completo: as coisas boas e as coisas más, o positivo e o negativo. Eu assumo tudo isso e confio muito nas pessoas”, afirmou.