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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Vinho: As mulheres já vencem num mundo de homens

O vinho português está a conquistar crescente notoriedade no mundo. Não só pelo aumento das exportações – pelo sexto ano consecutivo, as vendas de vinho ao exterior estão a crescer e valem já quase 740 milhões de euros -, mas pela atenção que a crítica e as revistas da especialidade concedem a Portugal.
Não é, por acaso, que a ‘bíblia dos vinhos’, a revista norte-americana Wine Spectator, dedicou a sua edição de agosto de 2015 a Portugal, destacando que “o confronto entre a tradição e a modernidade, no meio de uma incrível variedade de castas, de terroirs e de culturas de vinificação, torna Portugal um dos produtores de vinho mais dinâmicos no mundo de hoje”.
Grande parte do sucesso internacional dos vinhos portugueses é feito no feminino. Se é verdade que o mundo dos vinhos é ainda predominantemente um universo masculino, não é menos certo que há um número crescente de mulheres a fazer a diferença. E a arrecadar prémios e distinções dentro de portas e além-fronteiras.
Veja-se o caso de Susana Esteban, a galega radicada em Portugal e que ainda hoje é a única mulher no vinho em Portugal distinguida com o título de ‘Enólogo do ano’ pela Revista de Vinhos, em 2012. Já este ano, a revista Wine considerou-a ‘Produtor Revelação do Ano’, pelo seu projeto no Alentejo.
Vinho Verde Mas não é caso único. O Pintas 2011, vinho da duriense Wine & Soul, um projeto de Sandra Tavares e do marido Jorge Borges, continua a ser o vinho de mesa português mais bem pontuado de sempre, com 98 pontos pela Wine Spectator.
Filipa Pato pertence a uma longa linhagem de produtores de vinho na Bairrada, que remonta ao século XVIII, pelo menos. Filha de Luís Pato, foi a primeira, e até agora única, mulher portuguesa a ganhar o Óscar do Vinho, distinção atribuída pela prestigiada revista gourmet alemã Feinschmeker em 2011.
 Já Leonor Freitas, a responsável da Casa Ermelinda Freitas, foi distinguida pelo ex-presidente da República, Cavaco Silva, com o grau de comendador da Ordem de Mérito Agrícola. E desde que assumiu a gestão da Casa Ermelinda Freitas, os seus vinhos já arrecadaram mais de 600 prémios e distinções em todo o mundo.
“Houve um trabalho extraordinário, em termos de enologia, nos vinhos em Portugal nas últimas duas décadas e, finalmente, isso está a ser reconhecido”, diz Susana Esteban.
 Joana Santiago é outra das mulheres do vinho com quem falamos. E se ainda não contabiliza distinções como as anteriores, para lá caminha. Até porque só recentemente se dedicou, de facto, em pleno ao sector vitivinícola, que vai dividindo com a advocacia. Também é a mais nova de todas as que entrevistamos. E embora os seus vinhos só tenham chegado ao mercado em 2013, têm vindo a suscitar grande entusiasmo da crítica especializada, com pontuações que variam entre os 88 pontos da Advocate, os 89 da Wine Spectator e os 90 pontos da Wine Enthusiast.
Os vinhos portugueses estão na moda? E a que se deve o seu crescente sucesso internacional? Para Leonor Freitas, a explicação reside na qualidade. “Os vinhos portugueses evoluíram muito. Houve um enorme desenvolvimento nos conhecimentos da viticultura e da enologia e hoje temos vinhos modernos e competitivos” num mundo globalizado, diz.
 Filipa Pato é, provavelmente, a quinta geração na linhagem da família a dedicar-se aos vinhos. Mas considera que é preciso manter a mente aberta e estar em constante contacto com o que se faz noutras paragens. Por isso, todos os anos aproveita as férias para, com o marido e os filhos, conhecer uma região vitivinícola diferente e visitar os vários produtores.
No Natal, foi a vez da África do Sul, mas já esteve em várias regiões vitivinícolas em França, em Itália, no Canadá e nos Estados Unidos, entre outros. “Não podemos pensar que fazemos o melhor vinho do mundo nem nos devemos fechar no nosso casulo. O mundo é grande e para que possamos, também, valorizar o que fazemos temos de conhecer o que os outros fazem”, diz.
Susana Esteban acredita que a diferença está na capacidade de promoção de Portugal no mundo. “Houve um trabalho extraordinário, em termos de enologia, nos vinhos em Portugal nas últimas duas décadas e, finalmente, isso está a ser reconhecido”, diz. A jovem enóloga que trocou a Galiza por terras nacionais não têm dúvidas sobre a qualidade ímpar dos vinhos nacionais. “Portugal tem um portfólio vitivinícola dos melhores do mundo.
Tem uma diversidade de microclimas de norte a sul e uma variedade imensa de castas autóctones. Tem tudo para ter excelentes vinhos e completamente diferentes de tudo o que se faz no mundo. O que tem falhado? Talvez a comunicação, porque a verdade é que, quando provam os nossos vinhos, gostam. E, finalmente, o mundo está a descobrir os vinhos portugueses”, defende.
Joana Santiago concorda. “Os vinhos portugueses evoluíram muito e têm hoje um padrão de qualidade que se iguala a qualquer umas das grandes regiões vitivinícolas mundiais”, diz. E porque o mundo “está direcionado para os vinhos portugueses”, há que aproveitar todas as oportunidades para o promover. “Ou apanhamos este comboio ou nunca mais. Temos todas as ferramentas à nossa disposição”, garante.
A responsável da Quinta de Santiago dá o exemplo da Prowein, a maior feira de vinhos do mundo, que recentemente decorreu na Alemanha, em Dusseldorf, e na qual o pavilhão de Portugal teve “muito mais interessados do que é habitual”. E porque a promoção também é feita de esforços conjuntos, Joana associou-se a três produtores da região e criaram o Vinho Verde Young Projects: Fazem promoção conjunta e dividem esforços e custos.
 Portugal obteve, em 2014, a sua melhor performance de sempre, com seis vinhos no top 100 dos melhores do mundo da Wine Spectator. Mais importante ainda, o melhor vinho do mundo no top desse ano foi o Dow’s Vintage Port 2011, com 99 pontos em 100 possíveis. O Chryseia 2011, da Prats & Symington, e o Quinta do Vale Meão 2011 ficaram em terceiro e quarto lugar, respetivamente, ambos com 97 pontos. No top 100 de 2015, Portugal voltou a contar com cinco vinhos distinguidos, embora nenhum constasse entre os 10 melhores.

in:dinheirovivo.pt

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