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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Lendas do Concelho de Bragança

O Vale da Moura

Há no termo desta povoação [Pinela, concelho de Bragança] um cabeço que apresenta restos de fortificações, compostos de muros, fossos, etc. Chama-lhe Castelo de Avelina (...) Encerra grandes tesouros guardados por uma moura encantada.
(...) O povo tem má fé com as trovoadas vindas do Vale da Moura, sítio perto do Castelo de Avelina, porque – diz ele – são pavorosas em granizo e pedra destruidora das searas. Deste castelo partia uma galeria subterrânea por onde os mouros iam levar os cavalos a beber a um regato distante. Também lhe aplicam a lenda do tributo das donzelas.

Fonte: ALVES, Francisco M. – Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Porto, vol. IX, 1934, pp. 149-150.

Lenda de S. Pedro de Sarracenos

Diz a tradição popular que o actual termo de S. Pedro, no concelho de Bragança, foi, noutros tempos, habitado pelos sarracenos, ou mouros. E que, quando veio a reconquista, os cristãos investiram contra eles para os expulsarem. A batalha deu-se em "Oliveiras do Bispo", um sítio que ainda hoje tem esse nome.
Conta-se que, durante a luta, os cristãos tinham com eles a imagem de S. Pedro, que era o seu padroeiro. E que, de repente, tanto os mouros como os cristãos ficaram imobilizados e depuseram as armas. Não chegou a haver vencedores, nem vencidos. Tanto os cristãos como os mouros encararam isso como um milagre de S. Pedro. E que era vontade deste santo não continuarem a batalha. Passaram por isso a viver em paz e coabitar a mesma terra, que passou a chamar-se S. Pedro de Sarracenos.

Fonte: Inf.: António João, de 81 anos; rec.: S. Pedro de Sarracenos, Bragança, 2001.

A Fonte da Moura de S. Julião

Na aldeia de S. Julião, concelho de Bragança, havia uma fonte conhecida como a "Fonte da Moura" e também lhe chamavam "Fonte de Cima da Trembla", pois situava-se no cimo de uma lameira com esse nome.
Dizem as pessoas de idade que à meia noite era costume ouvir-se ali tecer um tear. E que numa madrugada de S. João, uma mulher foi à fonte e entrou-lhe a ponta de um cordão para o cântaro. Ela pegou nele e começou a dobar até fazer um novelo grande, tão grande que já não lhe cabia nas mãos. E como só com muita dificuldade conseguia dobar mais, resolveu partir o cordão.
Nesse mesmo instante o novelo desapareceu-lhe das mãos, e ouviu uma voz que disse:
– Marota, que me encantaste para toda a minha vida!
E o tear então nunca mais se ouviu. Dizem que a voz era de uma moura encantada. Se a mulher não tem partido o cordão, a moura teria aparecido na figura de serpente e não fazia mal a ninguém. Bastaria que a mulher lhe tivesse deitado um pouco de saliva na cabeça para ela ficar desencantada e em figura de uma jovem muito bonita. E traria com ela toda a sua riqueza.

Fonte: Inf.: Raquel de Lassalete Vaz Rodrigues, 52 anos; rec.: Bragança, 2000.

Lenda de Santa Colombina de Gimonde

Há muito, muito tempo, havia uma jovem chamada Colombina, que era filha de um rei mouro, e que foi pedida em casamento por um cavaleiro rico. O pai ficou muito satisfeito e não hesitou em conceder-lhe a mão da jovem.
Porém, Colombina ficou aflita, porque, sem o pai saber, estava prometida a Jesus Cristo. Assim, não podia aceitar o casamento acordado por seu pai, e não podia também dizer-lhe as razões do impedimento. Resolveu por isso fugir.
Andou muito tempo fugida, correndo sem destino, até que chegou a uma terra chamada Gimonde (situada no concelho de Bragança). E em sua perseguição vinha o noivo. Atormentada e já sem forças, a jovem pediu ajuda a uma fraga que encontrou junto à aldeia:
– Abre-te fraga, que serás a minha morada!
E o milagre deu-se. A fraga abriu-se, Colombina escondeu-se dentro, e ali passou a viver. Mais tarde apareceu a uma mulher que ia a passar, pedindo-lhe para construírem, naquele local, uma capela. O pedido foi aceite e o povo construiu a capela, que hoje lá existe. E Santa Colombina continua a ser ali muito venerada pelo povo, especialmente pela mocidade.

Fonte: Inf.: Raquel de Lassalete Vaz Rodrigues, 52 anos; rec.: Bragança, 2000.

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