Há no termo desta povoação [Pinela, concelho de Bragança] um cabeço que apresenta restos de fortificações, compostos de muros, fossos, etc. Chama-lhe Castelo de Avelina (...) Encerra grandes tesouros guardados por uma moura encantada.
(...) O povo tem má fé com as trovoadas vindas do Vale da Moura, sítio perto do Castelo de Avelina, porque – diz ele – são pavorosas em granizo e pedra destruidora das searas. Deste castelo partia uma galeria subterrânea por onde os mouros iam levar os cavalos a beber a um regato distante. Também lhe aplicam a lenda do tributo das donzelas.
Fonte: ALVES, Francisco M. – Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Porto, vol. IX, 1934, pp. 149-150.
Lenda de S. Pedro de Sarracenos
Diz a tradição popular que o actual termo de S. Pedro, no concelho de Bragança, foi, noutros tempos, habitado pelos sarracenos, ou mouros. E que, quando veio a reconquista, os cristãos investiram contra eles para os expulsarem. A batalha deu-se em "Oliveiras do Bispo", um sítio que ainda hoje tem esse nome.
Conta-se que, durante a luta, os cristãos tinham com eles a imagem de S. Pedro, que era o seu padroeiro. E que, de repente, tanto os mouros como os cristãos ficaram imobilizados e depuseram as armas. Não chegou a haver vencedores, nem vencidos. Tanto os cristãos como os mouros encararam isso como um milagre de S. Pedro. E que era vontade deste santo não continuarem a batalha. Passaram por isso a viver em paz e coabitar a mesma terra, que passou a chamar-se S. Pedro de Sarracenos.
Fonte: Inf.: António João, de 81 anos; rec.: S. Pedro de Sarracenos, Bragança, 2001.
A Fonte da Moura de S. Julião
Na aldeia de S. Julião, concelho de Bragança, havia uma fonte conhecida como a "Fonte da Moura" e também lhe chamavam "Fonte de Cima da Trembla", pois situava-se no cimo de uma lameira com esse nome.
Dizem as pessoas de idade que à meia noite era costume ouvir-se ali tecer um tear. E que numa madrugada de S. João, uma mulher foi à fonte e entrou-lhe a ponta de um cordão para o cântaro. Ela pegou nele e começou a dobar até fazer um novelo grande, tão grande que já não lhe cabia nas mãos. E como só com muita dificuldade conseguia dobar mais, resolveu partir o cordão.
Nesse mesmo instante o novelo desapareceu-lhe das mãos, e ouviu uma voz que disse:
– Marota, que me encantaste para toda a minha vida!
E o tear então nunca mais se ouviu. Dizem que a voz era de uma moura encantada. Se a mulher não tem partido o cordão, a moura teria aparecido na figura de serpente e não fazia mal a ninguém. Bastaria que a mulher lhe tivesse deitado um pouco de saliva na cabeça para ela ficar desencantada e em figura de uma jovem muito bonita. E traria com ela toda a sua riqueza.
Fonte: Inf.: Raquel de Lassalete Vaz Rodrigues, 52 anos; rec.: Bragança, 2000.
Lenda de Santa Colombina de Gimonde
Há muito, muito tempo, havia uma jovem chamada Colombina, que era filha de um rei mouro, e que foi pedida em casamento por um cavaleiro rico. O pai ficou muito satisfeito e não hesitou em conceder-lhe a mão da jovem.
Porém, Colombina ficou aflita, porque, sem o pai saber, estava prometida a Jesus Cristo. Assim, não podia aceitar o casamento acordado por seu pai, e não podia também dizer-lhe as razões do impedimento. Resolveu por isso fugir.
Andou muito tempo fugida, correndo sem destino, até que chegou a uma terra chamada Gimonde (situada no concelho de Bragança). E em sua perseguição vinha o noivo. Atormentada e já sem forças, a jovem pediu ajuda a uma fraga que encontrou junto à aldeia:
– Abre-te fraga, que serás a minha morada!
E o milagre deu-se. A fraga abriu-se, Colombina escondeu-se dentro, e ali passou a viver. Mais tarde apareceu a uma mulher que ia a passar, pedindo-lhe para construírem, naquele local, uma capela. O pedido foi aceite e o povo construiu a capela, que hoje lá existe. E Santa Colombina continua a ser ali muito venerada pelo povo, especialmente pela mocidade.
Fonte: Inf.: Raquel de Lassalete Vaz Rodrigues, 52 anos; rec.: Bragança, 2000.
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