Pelo que em dado momento representou na vida da Cidade, pelo interesse que pode ter para os cidadãos dos dias de hoje e pelo que de surpreendente pode ter à primeira vista, vale a pena referir o estabelecimento de uma sinagoga em Bragança.
Logo a seguir ao 5 de Outubro, nasce a esperança de que, com a liberdade religiosa dos novos tempos, seria possível fundar uma sinagoga, até porque havia o sentimento, por parte de cidadãos esclarecidos, de que o templo seria necessário para os criptojudeus, praticantes da lei de Moisés, que havia na Cidade, no Concelho e no Distrito”. “Consta que logo que seja decretada a separação da Igreja e do Estado, deixando, portanto, a religião católica de ser religião oficial e deixando também a liberdade de culto de ser um sofisma, se fundará nesta Cidade uma sinagoga”. O autor da informação crê que iria ser “muitíssimo” frequentada.
Vai ser preciso esperar… Após a I Grande Guerra, o desenvolvimento do movimento sionista internacional repercutiu-se em Portugal. Devido à ação de vários judeus, em especial do oficial do exército Barros Basto, procedeu-se à “descoberta” de comunidades criptojudaicas. Algumas delas, muito numerosas, haviam sobrevivido no Distrito de Bragança. Conseguiu-se também a integração no judaísmo ortodoxo de alguns destes “marranos”, constituindo-se oficialmente várias comunidades israelitas. Demorou, mas, por fim, concretizou-se: a comunidade de Bragança foi “reorganizada” em 1927. O Governador Civil aprovou, em 20 de março de 1928, os Estatutos da Comunidade Judaica de Bragança. E a sinagoga foi inaugurada pelo presidente da comunidade, José António Furtado Montanha, em 22 de junho do mesmo ano.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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