Como estão os leitores da Página do Tio João?
Começo por dizer que no dia da edição deste jornal se comemora o Dia Internacional do Homem, 19 de Novembro. Há muitos anos que temos conhecimento do Dia Internacional da Mulher (8 de Março), mas desconhecíamos que os homens também tivessem o seu dia internacional.
Nos últimos dias as paisagens das nossas terras foram embelezadas com a brancura da neve que caíu na madrugada de quinta-feira. A chuva já pode aborrecer alguns, mas ainda não é demais para as necessidades. O frio tem-se feito sentir, muito devido ao vento e, por isso, os nossos tios têm-nos dito que “se não fosse o vento, nunca havia ruim tempo”.
A temporada da castanha já terminou para muitos, mas continuam à espera que os compradores “lhe venham por ela”. Outros há que já têm “as castanhas no bolso”, pois “é a melhor parte da apanha.” Depois de descansarem os quadris uns dias, muitos há que se preparam para a faina da azeitona que já começou em algumas localidades. Nunca é demais alertar os tractoristas de que os acidentes não acontecem só aos outros e tivemos, infelizmente, a prova disso nas últimas semanas, com a ocorrência de mais dois acidentes fatais com tractores.
Estiveram de parabéns a Ana Cristina Silva (23) e o Hugo Silva (19), de Vinhais, netos do tio Alcino e da tia Guilhermina; Leonel Pires (65), de Rio Frio (Bragança); Sandra Paulos (42), de Bragança e a nossa espanhola Afonsa (67), casada em Sacoias (Bragança).
Que o ministro dos parabéns, João André, lhes volte a cantar os parabéns para o ano.
Agora vamos conhecer melhor a cura detrás da orelha, da dor ciática.
Já há muitos anos que o tio Neves, de Vinhais, nos liga em directo para o programa. Num destes dias viemos a saber que além de taxista também tem o dom de “cortar a ciática.” Com o intuito de sabermos mais sobre esta actividade, deslocámo-nos a Vinhais para que nos contasse um pouco da sua história.
De seu nome Vitorino Neves, nasceu em 1940 em Quirás (Vinhais), onde viveu até à idade de ir para a tropa, ajudando o seu pai no estabelecimento comercial da família. Em Janeiro de 1961 assentou praça e em Julho do mesmo ano embarcou para Angola, onde fez uma comissão de 27 meses. Regressado a Portugal, não se fez cá velho e embarcou de seguida para Lourenço Marques (Moçambique), onde foi funcionário público e instrutor de condução.
Em 1974, depois do 25 de Abril, regressou a Portugal de férias. Como não se conformou por cá, no ano seguinte voltou com a sua esposa e filha para Lourenço Marques, onde esteve durante um ano mas, “como faltava de tudo, inclusivamente a comida”, regressou à sua aldeia, Quirás, altura em que comprou um carro de praça que foi o seu sustento durante trinta anos. Como nos disse, a prática de cortar a ciática “está na sua família há mais de 100 anos”, pois já o seu avô paterno tinha este dom, que transmitiu ao seu pai e este a ele próprio, quando já tinha 40 anos de idade.
A primeira vez que teve coragem para pôr em prática o que tinha aprendido do seu pai e avô foi há 40 anos, quando levou no seu táxi um casal de Candedo (Vinhais), às Astúrias (Espanha). O destino era uma pequena aldeia, onde trabalhavam muitos portugueses nas minas daquela região. Ao ver um, que andava com canadianas, perguntou-lhe se tinha tido algum acidente na mina. Respondeu-lhe que o seu mal era a dor ciática e que os médicos não lhe davam cura. De imediato lhe disse que se era ciática ele próprio o curaria, para grande admiração de todos os presentes. Como não tinha ali os utensílios de que necessitava para o efeito, disse ao mineiro que teria de vir à sua aldeia, Quirás, onde aí sim, tinha todas as condições para o fazer. De imediato o senhor pediu à sua esposa que preparasse as duas crianças que tinham e vieram os quatro de táxi com o tio Neves a Quirás. No fim da consulta já andava sem canadianas e quiseram ir para Mogadouro, de onde era natural, no táxi do tio Neves.
Mas afinal o que é a dor ciática? Segundo o tio Neves, a dor ciática “é um frio que nós apanhamos ao longo da nossa vida e que se acumula no tendão ciático”. Só há uma maneira de curar esta dor que é “fazer-lhe chegar calor para sacudir o frio desse tendão. Assim fica liberto e a dor desaparece para sempre.
O trabalho é feito atrás de uma orelha com as suas mãos, álcool, calor e utensílios próprios.” Ainda segundo o tio Neves “se a dor for recente a cura é mais rápida, se for uma dor mais antiga, demora mais tempo. Nos oito dias seguintes a pessoa não deve tomar banho nem andar com água.”
Hoje em dia é procurado por pessoas de todo o país e até da vizinha Espanha, devido à publicidade que lhe fazem através do “boca a boca.”
Desejamos que o tio Neves tenha muita saúde para poder continuar a ajudar mais pessoas durante muitos mais anos.
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