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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

DIA MUNDIAL DO TURISMO 2024

 A Câmara Municipal de Miranda do Douro preparou, entre os dias 27 e 29 de setembro, um conjunto de iniciativas para todos os públicos e todas as idades, para comemorar o Dia Mundial do Turismo que, em 2024 e de acordo com o transmitido pela Organização Mundial de Turismo (OMT), tem como temática central “𝐓𝐮𝐫𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐞 𝐏𝐚𝐳”.

Saiba mais AQUI.

Pois, bem sabemos porque nos dizem, que recordar é viver.

 Há amigos que partem e que é impossível serem esquecidos porque deixaram uma marca indelével nas nossas vidas...
Para nós, o Marcelino continua e continuará deste lado". A partilha não tinha tamanho nem nome... Que pressa pá!

"Com as mãos colho uvas, com a imaginação crio arte"

 Em tempo de colheita, o Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes convida as famílias a participar numa oficina inspirada na obra "Da uva ao vinho" do artista Maramgoní, exposta na mostra "Transição".
A oficina "Com as mãos colho uvas, com a imaginação crio arte" promete ser um espaço de diversão, de descoberta e de partilha, que não vai querer perder!

As inscrições são limitadas e obrigatórias pelo e-mail matl@cm-mirandela.pt ou pelo telefone 278 200 290

Entrevista a João Soeiro da Costa, neto de Artur Mirandela

Da esquerda para a direita: Artur Mirandela, Miguel Torga e Miguel Garcia Fernandes. Em Coimbra.
 Abril de 1960 
Foto: João Soeiro da Costa

O Memórias e Outras Coisas (MOC)…entrevistou João Soeiro da Costa (JC), neto de Artur Augusto das Neves mais conhecido por Artur Mirandela

MOC: Uma das facetas mais conhecidas do seu Avô, Artur Mirandela, tem a ver com os seus ideais republicanos e profundas convicções democráticas. Um dos episódios que se destaca é o relacionado com o acolhimento que o seu Avô deu a uma jovem espanhola vítima da guerra civil em Espanha e que passou a cuidar como se sua filha fosse. Conte-nos.

JC: Meu avô recolheu em sua casa a tal jovem espanhola vitima da guerra civil e perfilhou-a com o mesmo nome de minha mãe. Maria de Lurdes das Neves era pois o nome da sua filha mais velha e da jovem espanhola com a clara intenção de que, se fosse preciso, minha mãe serviria sempre de protecção, com o seu nome, a perguntas mais indiscretas e inconvenientes que por certo apareceriam, questionando a presença da jovem no seio da família. A altura era bem complicada e as atitudes tinham preço elevado mas a determinação de meu avô, a protecção da Dona Antoninha minha querida avó e a compreensão de todos os filhos ajudou a que hoje ainda possa abraçar com amor aquela a quem todos chamamos Patá, minha querida tia.

MOC: Os ideais democráticos e republicanos causaram dissabores ao seu Avô, e por consequência a toda a sua família. Era quase permanentemente vigiado e perseguido pelo anterior regime. Que memórias guarda desses tempos?

JC: As memórias que mais guardo do meu avô são as minhas férias, anos seguidos passados em Matosinhos durante a  minha adolescência. Na rua França Júnior 195, mesmo em frente da antiga esquadra da PSP, vivia o Senhor Mirandela, homem considerado por tudo e todos, na companhia da minha saudosa tia Helena que me aturava as traquinices. Desse tempo guardo tudo pois tudo vivi intensamente. Lembro-me dos discursos em plena rua Brito Capelo, junto ao Joãozinho chapeleiro e da atenção que despertavam as suas palavras em todos os que passavam desde o simples transeunte, às famílias que passeavam juntas e até mesmo aos policias que, cumprimentando-o pareciam entender a sua revolta. É que dizia tudo o que queria sempre com a sua voz cativante e sorriso encantador brindando a todos com a sua inesquecível eloquência. A negativa da sua retórica perante o constante alvo que constituía Salazar, a sua falta de respeito pelo medo e o seu à vontade fazia com que todos se aproximassem e lamentassem o terminar dos largos minutos que findavam normalmente com a ajuda da policia que sempre educada, serena e discretamente fazia dispersar os pequenos ajuntamentos. A policia de Matosinhos de quem recordo todas as atenções e cuidados que tinham para com o meu avô são também um exemplo de que como nesse tempo não se confundiam as coisas e que a politica,  feliz ou infelizmente para todos eles, era matéria para outros servidores do estado.
E lembro-me de mais. Lembro-me das esperas que fazia aos agentes da PIDE no topo das escadas de sua casa e dos sustos que eu apanhava quando, ao acompanhar os acontecimentos da volta a Portugal, chegava mais tarde do que a hora com ele combinada. Lembro-me da PIDE no Porto e das visitas que lhe fazia quando estava atrás das grades. Aí vi companheiros como Cal Brandão, Santos Silva, Ruela e tantos outros que não recordo o nome. Lembro-me de perguntar o que ali faziam e lembro-me de me dizerem que era apenas por falarem. Não compreendi a razão mas sempre compreendi os medos que despertavam certas palavras quando proferidas por certas pessoas. O medo da mudança perante um regime que julgava poder tornar-se eterno. Eu tenho muitas saudades das palavras de meu avô. Mas tenho mais saudades do seu exemplo.

MOC: Apoiante convicto do General Humberto Delgado nas eleições presidenciais de 1958, não hesitou em enfrentar o anterior regime. O seu Avô contava-lhe histórias e estórias desses tempos?

JC: Meu avô levava-me para todo o lado mesmo quando ia visitar amigos mais amigos, se é que me faço entender. Levava-me para os cafés de Matosinhos e também para os do Porto. A Vila Nova de Gaia fui uma vez. A primeira e única vez que vi Miguel Torga. 
Contou-me sobre o General Humberto Delgado, quem era e o que representava. Mostrou-me fotografias do general no principal quarto da casa do 195 da França Júnior, perto do Virgílio sapateiro, fazendo a barba junto à janela escancarada acenando, sorrindo e cumprimentando o polícia que o saudava do outro lado da rua. Como vale a pena recordar! E contava-me histórias até altas horas. Sempre com um exemplo, sempre com fundo. 
Tempos de outrora que, como diz Guerra Junqueiro, passou e não volta mais.

MOC: Durante a guerra civil de Espanha, o seu Avô acolheu centenas de refugiados espanhóis. Durante a II guerra mundial foi um dos mais importantes colaboradores dos aliados. Esta maneira do seu Avô estar na vida causou transtornos à família?

JC: Os transtornos causados à família foram absorvidos na sua quase totalidade pelo próprio Artur Mirandela. De costas largas e francas lutou sempre que pode e granjeou amigos onde menos se esperava. Até dos inimigos ganhou admiração. Enfrentou o infortúnio com bravura e foi um valente até ao fim dos seus dias. Viveu em Matosinhos a sua segunda vida. Soube aproveitá-la fazendo o que sabia e foi diferente até ao fim dos seus dias.

MOC: Uma das facetas do seu Avô, de que se fala menos, prende-se com a escrita. Privou e foi amigo de Miguel Torga.

JC: Meu avô nunca teve pretensões. Sabia que não era um escritor. Pôs em dois pequenos livros as suas histórias mas era melhor a contá-las. Bem melhor. Penso que as escreveu quando se apercebeu que já não as contava bem e poucos já as ouviam como dantes. A relação e admiração por Torga sempre o marcou. Só me lembro do médico e escritor naquele almoço em Gaia. Nunca mais o vi.

MOC: Quem e como era, no seio da família, o seu Avô Artur Leal da Neves?

JC: Meu avô era o exemplo. Eu fui, dos netos aquele que com ele mais conviveu. A saudade do meu avô e dos tempos que passámos juntos marcou-me a vida inteira. Dizem que só morremos duas vezes. A primeira quando o coração deixa de bater. A segunda quando deixam de se lembrar de nós. O meu avô, graças à sua terra, aos seus amigos, a si Henrique Martins e na parte que me cabe, jamais morrerá.

MOC: Bragança e os Bragançanos, orgulham-se de tão ilustre conterrâneo. Pensa que falta fazer alguma coisa para perpetuar a memória do seu Avô, Artur Mirandela?

JC: Bragança tem-no honrado mas a nós parece sempre que nunca fazemos o suficiente. Tal como o amigo Henrique Martins, gente aparece sempre donde menos se espera, contando história, relembrando nomes, mantendo vivas lendas que são a história da nossa história. Depois há os que, como eu, lêem e consultam os "blogues" da sua terra com saudade da mesma. E encontram exemplos. Obrigado. 

Acho que Artur Mirandela diria algo assim - A cidade nada me deve e eu devo-lhe tudo o que sou, até a minha memória.
Lembro aqui a minha querida avó Antónia, meus tios Manuel, Olímpio e Leonel, minhas tias Ester, Sofia, Helena e Patá para além de minha querida mãe Maria de Lurdes. Todos, à sua maneira, souberam fazer respeitar o nome do pai e meu avô.

MOC: Quem é João Soeiro da Costa, neto de Artur Mirandela?

JC: Nasci em Bragança em 24 de Dezembro de 1946. Sou filho de João Soeiro da Costa e de Maria de Lurdes das Neves filha mais velha de Artur Mirandela. Fiz o liceu no Colégio Militar e enveredei pela carreira das armas. Completei o curso de Aeronáutica da Academia Militar, formei-me e especializei-me em aviões de caça e fui para a guerra em Moçambique no começo de 1972 tendo regressado em 1975. Estive na BA1 em Sintra, nas Lajes e no Montijo. Em 1980, retirei-me das forças armadas como major piloto-aviador e entrei na TAP onde estive até 2006. Saí então para a reforma por ter completado 60 anos. Em 2007, beneficiando do alargamento para 65 anos do limite de idade para aviadores e convidado a voar na EuroAtlantic, voltei a fazer o que gostava. Reformei-me em definitivo em 27 de Junho de 2010.

Obs*O Memórias e Outras Coisa agradece, penhoradamente, a pronta disponibilidade do amigo João Soeiro da Costa em conceder esta entrevista que irá, de modo indubitável, enriquecer o conhecimento que os Bragançanos têm sobre o ilustre filho da terra, Artur Mirandela.

Muito Obrigado meu estimado amigo João Costa.


Henrique Martins
4 de abril de 2017

Portocello é o quarteto formado por 4 violoncelistas que, no âmbito do Festival 8 Mãos e aproveitando que se assinala nesta data o Dia Internacional da Paz, estarão em Vila Flor para o Concerto Musical a realizar em frente à Igreja Matriz.

Picote: Há “Fiesta de las Lhénguas” no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de setembro

 No âmbito do Dia Europeu das Línguas, que se assinala a 26 de setembro, a freguesia de Picote e a associação Frauga, voltam a organizar no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de setembro, a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que nesta edição tem como destaques a conversa com os escritores convidados, os concertos musicais e a liturgia da missa dominical, lida em mirandês e asturiano.


De acordo com o presidente da freguesia de Picote, Jorge Lourenço, nesta 2ª edição, a Festa das Línguas é dedicada aos escritores das línguas convidadas, como são o mirandês, asturo-leonês, o galego e o barranquenho.

“A Fiesta de las Lhénguas é um evento que pretende celebrar a diversidade cultural e linguística. Nesta segunda edição, continuamos a dar especial destaque ao antigo espaço asturo-leonês onde se inclui, naturalmente, o mirandês, a língua da Terra de Miranda. No entanto, para além das línguas aí faladas, os visitantes poderão também encontrar documentação sobre o Barranquenho, a dinâmica editorial da Academia de Letras de Trás-os-Montes, para além de outras instituições que, das mais variadas formas, se ocupam da promoção desta região”, informa.

Segundo o programa, a “II Fiesta de las Lhénguas” começa na tarde de sexta-feira, dia 20 de setembro, com a receção de boas-vindas aos convidados e visitantes, seguida da inauguração do mural das línguas e a visita aos espaços das várias instituições linguísticas que participam na festa.

Nesta 2ª edição, vão participar no evento, a Academia da Llingua Asturiana, o Governo das Astúrias (através da Dirección Xeneral d’Acción Cultural y Normalización Llingüística), a Associação Faceira (da província espanhola de Leão), a Associação Furmientu (de Zamora), El Teixu (Leão), a Association pour la Défense des Langues et Cultures Menacées, a Associação da Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), entre outras instituições.

Para animar o evento, na sexta-feira, dia 20, estão programadas as danças dos pauliteiros de Miranda, pelo grupo da associação FRAUGA e o concerto musical, do artista espanhol (Astúrias), José Manuel Sabugo Alvarez.

No sábado, dia 21 de setembro, a Festa das Línguas, em Picote, prossegue com a abertura dos espaços linguísticos e animação dos gaiteiros pelas ruas da aldeia. Outro destaque na II Festa das Línguas é a introdução de jogos tradicionais.

Para a tarde de sábado, está programada uma sessão de conversas com escritores convidados, das várias regiões linguísticas da Terra de Miranda, León, Astúrias e da Galiza.

No serão de sábado, o público que pretenda visitar a Festa das Línguas tem a oportunidade de usufruir de dois concertos: o primeiro é interpretado pelo grupo Efrén López & Kelly Thoma, no âmbito do projeto Ciclo de Música sem Tempo; segue-se depois o concerto do grupo mirandês “Galandum Galundaina”, considerado um dos “grandes embaixadores da língua mirandesa, pela divulgação do mirandês através das letras musicais”.

No Domingo, dia 22 de setembro, a II Fiesta de las Lhénguas tem como motivos de interesse a visita ao roteiro de arte contemporânea, na localidade de Picote. E às 12h00, celebra-se na igreja matriz, a eucaristia dominical, com as leituras a serem lidas em mirandês e em asturiano.

A “II Fiesta de las Lhénguas” é um evento organizado pela freguesia de Picote em conjunto com a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote. Para estas entidades locais, a finalidade do evento é “descobrir e contactar com a diversidade linguística e cultural, reforçando assim a nossa cidadania europeia baseada no respeito e no multiculturalismo”.

O evento cultural conta com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), da Prozinco e de várias outras instituições e empresas.

HA

Escola de Mogadouro criou Clube de Mirandês para sensibilizar os alunos para a importância de aprender esta língua

 No ano em que o Mirandês comemora os 26 anos do seu reconhecimento como a segunda língua oficial de Portugal, a Associaçon de Lhéngua i Cultura Mirandesa (ALCM) cimenta projetos de alargamento do seu ensino aos concelhos limítrofes de Miranda do Douro, onde os alunos a aprendem no agrupamento de escolas, ainda como disciplina de opção.


O Agrupamento de Escolas de Mogadouro avança já este ano letivo com uma espécie de ano zero no ensino da língua, através da criação de um Clube de Mirandês. “Funcionará à quarta-feira, durante a tarde, e os alunos podem inscrever-se”, adiantou Mafalda Rocha, diretora do agrupamento.

O objetivo da escola é fazer a monitorização do trabalho do clube ao longo do ano. “Para ver o interesse dos alunos na língua e saber se gostariam que se avance para a criação da disciplina”, acrescentou Mafalda Rocha.

O presidente da ALCM, Alfredo Cameirão, indicou que “estão de pé algumas tentativas para se alargar a Vimioso, onde há aldeias onde se fala mirandês, e a Mogadouro, onde há rastos, mais do que evidentes, que se falou no território que pertence ao concelho”.

O mirandês é uma língua associada a Miranda do Douro, onde só não se fala nas aldeias de Atenor e Teixeira, ainda assim Alfredo Cameirão revela que há factos que a ligam a vários concelhos do distrito de Bragança, onde se deixou de falar. Nas duas aldeias do concelho de Miranda do Douro, Atenor e Teixeira, mirandês não se fala, nem se falou. Ao contrário em Vilar Seco e Angueira, já em Vimioso, cujos habitantes dominam este idioma.

O Município de Miranda do Douro promoveu uma sessão para celebrar o aniversário do Mirandês enquanto língua oficial, ontem, onde foi assinado um protocolo com o Instituto Politécnico de Bragança no sentido de se promover o seu ensino nesta instituição.

Glória Lopes

Produção de figo na região com quebras significativas devido às altas temperaturas

 As temperaturas extremas durante o Verão trouxeram prejuízos na produção de figo


A cultura é cada vez mais uma aposta dos jovens agricultores da terra quente, contrariando a tendência do olival, da vinha ou da castanha. Beatriz Pilão, produtora com 15 hectares no Vale da Vilariça, conta que este ano teve quebra de 20% na produção. “Foi um bocado complicado, em termos de condições climáticas, ou seja, houve, no início de Agosto, temperaturas extremas, passamos os 40 graus, e os figos acabaram por ficar alguns queimados. O ciclo acabou por ser mais curto e os figos não conseguiram vingar, acabando, muitos deles, por cair”.

A agricultora começou a produção há uma década e escolheu o Vale da Vilariça, no concelho de Vila Flor, devido a ter regadio. Embora a rega minimize os prejuízos causados pelas temperaturas extremas, Beatriz Pilão vê-se obrigada a fazer um uso controlado devido aos gastos. “Tenho rega só que eu também tenho de controlar os custos de produção. Tenho custos com a água, com a electricidade, para bombear uma parte da água para o mar e, portanto, tudo isso são custos. E, muitas vezes, também não conseguimos valorizar o produto da forma que gostaríamos, para conseguir maximizar o lucro”.

O figo é pago de acordo com as exigências dos clientes. Filipe Carcau, jovem agricultor com 30 hectares de figueiras no concelho de Mirandela, admite que o preço pode ser muito variável, mas ainda assim não é justo. “Varia em função daquilo que fazemos com o figo. Portanto, temos clientes que nos pedem o figo já quase pronto para entrar nas prateleiras das lojas e temos outro figo que é vendido mais a granel. Vai depender também dos calibres. Portanto, é uma coisa muito variável. Mas podemos considerar que os preços podem variar entre 85 cêntimos e 4 euros o quilo. Não podemos considerar que seja justo porque existem sempre muitas margens que ficam nos intermediários”.

Em relação à campanha anterior, também teve uma quebra de cerca de 20% e com tamanhos mais reduzidos. “Foi um ano médio em termos de produção, afectado essencialmente pelas vagas de calor do mês de Julho. Eram calibres médios, essencialmente, e o ideal é termos sempre calibres grandes em qualquer fruta”.

De acordo com o Centro de Gestão da Empresa Agrícola Vale do Tua, instituição situada em Mirandela que apoia os agricultores, quer a nível técnico, quer a nível burocrático, há cada vez mais agricultores a apostar na figueira, “80%” são jovens.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

26 anos de mirandês assinalados com a esperança de que as próprias instituições de ensino da região deem mais importância à língua

 O mirandês celebrou, ontem, o vigésimo sexto aniversário como segunda língua oficial de Portugal


Para assinalar a data, a Associação de Cultura e Língua Mirandesa e o Instituto Politécnico de Bragança celebraram um protocolo mas Alfredo Cameirão, presidente da associação, lamenta a pouca importância que é dada ao mirandês pelas instituições de ensino da região e espera que este protocolo marque um novo capítulo. “Quando, às vezes, sentimos alguma estranheza por em Lisboa se dar pouca importância ao Mirandês, ou não darem importância nenhuma, na mesma linha de raciocínio, às vezes, ficamos espantados, como é que uma instituição de ensino superior do território, muitas vezes, parece não haver grande interesse na língua mirandesa. Esperamos que este protocolo possa ser o virar de página dessa situação. A situação óptima seria onde houver alguém com desejo de querer aprender mirandês, esse desejo poder ser satisfeito”.

O presidente do IPB, Orlando Rodrigues, garante que o protocolo já devia ter sido assinado e olha para esta colaboração com bons olhos. “Este protocolo materializa uma cooperação que já vinha existindo entre o Instituto Politécnico de Bragança e a Associação da Língua Miranda. É um tema que nos interessa particularmente. Temos várias pessoas a trabalhar neste tema no âmbito do nosso centro de investigação transdisciplinar em educação básica. Curiosamente, há cada vez mais investigadores interessados em trabalhar este tema. Para além da investigação, claramente também a formação e o ensino da língua são importantes. Faltam professores qualificados no ensino de mirandês. Esperamos também poder contribuir nesse âmbito, de alguma forma, e este protocolo materializa exatamente essa cooperação. O protocolo já deveria ter sido assinado há muito mais tempo”.

Relativamente às ajudas governamentais, Alfredo Cameirão mostrou-se bastante critico, afirmando que há dois aspetos fundamentais para a continuidade do mirandês, que o Governo pode apoiar sem grandes custos. “Quando se fala em ajudas do Governo ao mirandês, estamos a utilizar uma força de expressão, porque, na verdade, estamos a mentir. São muito poucas, para não dizer que são nenhumas. Há dois aspectos que são fundamentais e que para o Governo da nação custariam muito pouco. São forfalhas, migalhas e para a sobrevivência, para o desenvolvimento e para o resguardo da língua mirandesa, são fundamentais. Por uma lado a ratificação da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias, que não acarreta custos financeiros para Portugal, porque todas as medidas preconizadas estão previstas, a maior parte delas já no terreno. E, por outro lado, a criação da entidade orgânica e instituto, que possa ser a cara, dar a cara, desenvolver estratégias, que possa responsabilizar-se por delinear as estratégias que permitirão a língua mirandesa continuar a ser falada ao longo do século XXI”.

Nas celebrações esteve presente a vice-presidente da Assembleia da República, Teresa Morais, que acredita na evolução do processo de ractificação da carta Europeia das Linguas Minoritárias e diz ser importante ajudar a associação através de apoios provenientes do poder central, mas não só. “A associação tem feito tudo o que pode, é muito activa, mas precisa de apoios, que podem vir da comunidade, do meio empresarial e que também têm de vir, naturalmente, dos órgãos de soberania. Tive a preocupação de me informar sobre esse processo e, na verdade, foi-me dito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, através da Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus, que o assunto está a andar e que, neste momento, está identificada a grande maioria das medidas que o Estado português tem de se comprometer a cumprir no processo de ratificação. Portanto, a minha expectativa é que, nos tempos mais próximos, este processo possa evoluir”.

Já a presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, acredita que a união faz a força e para que o instituto da língua mirandesa se torne uma realidade, é importante que a comunidade esteja unida. “Há uma dotação orçamental que está prevista nos orçamentos de Estado e penso que este ano também irá a votação com essa dotação orçamental, para dar corpo a uma instituição que terá a sua sede em Miranda do Douro e tem havido, digamos, esse carinho, para acarinhar e chamar a língua mirandesa. Se há muito mais para fazer, naturalmente que sim, mas se criarmos um corpo unido em Miranda, em que não haja dissidências, vai haver uma força e essa força vai ter a capacidade de chamar para o território esses apoios que tanto precisamos”.

A celebração dos 26 anos do mirandês como segunda língua oficial contaram com várias actividades, nomeadamente a apresentação do audiolivro “Mensagem”, de Fernando Pessoa traduzido para mirandês, a sessão solene com a presença da vice-presidente da assembleia da república e a assinatura do protocolo entre o IPB e a Associação de Cultura e Língua Mirandesa.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Cindy Tomé

Banda Filarmónica de Vimioso vai lançar álbum que servirá como cartão de visita

 A Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso, que tem cerca de 100 elementos, muitos deles jovens, apesar de a maioria sair da terra para cumprir o ensino secundário, não gravava um CD desde 2010


A Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso acaba de gravar um novo CD. A banda conta já com dois álbuns, um de 2001 e outro de 2010. Passaram 14 anos desde o último por causa da pandemia, mas sobretudo porque a ideia era gravar com as vozes da banda. Segundo Ana Cavaleiro, maestrina, este será o cartão de visita da banda. “A nossa ideia é sempre, de certo modo e sem ferir susceptibilidades, educar um bocadinho o ouvido do público. Então, nós conseguimos, num CD, abarcar vários estilos de música, desde o passo-doble ao clássico, temos o musical e cantos tradicionais. Vamos incluir gaita de foles, que é característico aqui da nossa zona. Então vamos tentar dar ali um cunho nosso no CD”.

Apesar de estar num território despovoado do Interior, a banda integra perto de 100 elementos, em três formações; a escolinha, dos 3 aos 6; a formação, a partir dos 7 anos, que é a chamada Orquestra Juvenil; e, depois, a formação da banda, que gravou o CD. Segundo Ana Cavaleiro é preciso um trabalho bastante grande para manter os jovens na banda. “Temos vindo a trabalhar em várias frentes. E como é muito complicado, hoje em dia, cativar as crianças para estar, e até mais os jovens, porque eles chegam ali à idade de 17/18 anos, querem ganhar o seu dinheiro, para ir para as universidades, e vão sempre trabalhar ou para restaurantes ou para cafés. Fazer cerca de 80 ensaios durante uma época, para depois ir no mês de Agosto, às vezes, tocar por baixo de 45 graus e, chegar ao final do dia, e receber 30 ou 40 euros, se calhar preferem ir trabalhar para um restaurante. É sempre muito complicado. Então, nós temos tentado envolver também toda a comunidade”.

A banda, que foi reactivada há pouco mais de 25 anos, conta com uma formação de crianças, dos três aos seis anos e, por isso, tem mais elementos que noutros tempos. A ideia de as crianças começarem tão novas a aprender música é porque, praticamente, todas elas acabam por ir estudar para fora, para concluir o ensino obrigatório. “Penso que é um momento muito bom e não tenho memória de ter havido tanta gente na banda. Isto também é consequência de termos aberto as portas à classe mais jovem de crianças. Porquê? Porque nós vivemos num território em que não temos ensino secundário. Eles vão cada vez mais cedo embora, então eles têm de ser ensinados cada vez mais cedo, que é para o nível de evolução deles ser num período de tempo mais curto. Ainda que seja moda dizer que é bonito que os meninos aprendam música, eu acho que os pais até se preocupam com isso e têm consciência que a música tem um grande efeito no desenvolvimento cognitivo das crianças. E então acho que por isso mesmo que eles desde cedo levam os miúdos”.

O CD da Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso deverá chegar ao público dentro de pouco mais de meio ano. Enquanto este trabalho não está cá fora, é possível ouvir os outros dois CD’s nos canais oficiais da banda, assim como no Spotify e no Youtube.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Uva - Grande Reportagem SIC

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Eurobirdwatch 2024 | Passeio Ornitológico - Vila Chã de Braciosa (Miranda do Douro) - 5 de outubro

 No próximo dia 5 de outubro, vamos realizar uma atividade de observação de aves em Vila Chã de Braciosa, uma aldeia do concelho de Miranda do Douro inserida no Parque Natural do Douro Internacional, um santuário para a avifauna. Venha observar as aves presentes na região, com os olhos postos no céu, e descobrir a sua riqueza natural.
Este é o décimo ano em que a Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural participa no Eurobirdwatch, uma iniciativa criada em 1993 que tem como objetivo chamar a atenção da comunidade internacional para a importância das aves migradoras e dos seus habitats.

Junte-se a nós e participe nesta jornada dedicada às aves!

Data limite para inscrições: 3 de outubro

Mais informação e inscrições AQUI.

15 de FEVEREIRO de 1974 - MDB

𝗣𝗿𝗼𝗷𝗲𝘁𝗼 + 𝗧𝗲𝗺𝗽𝗼

 Início a 23 de Setembro/2024
Centro Escolar Visconde Vila Maior de Torre de Moncorvo

Inscrições até 20 de Setembro através do email educacao@torredemoncorvo.pt

Ficha de inscrição e normas disponíveis AQUI.

MIRANDÊS: Uma Língua Ancestral que passa de geração em geração

Mirandês assinala hoje 26 anos como segunda língua oficial de Portugal

 O Instituto Politécnico de Bragança quer estudar a língua mirandesa e promover o seu ensino


Hoje, no dia em que o mirandês comemora 26 anos de segunda língua oficial portuguesa, a Associação de Cultura e Língua Mirandesa e o IPB vão celebrar um protocolo. Alfredo Cameirão, presidente da associação, explica que o objectivo é facilitar o estudo da língua e quem sabe, um dia a instituição poder vir a formar professores. “Uma das grandes carências eu diria que é a falta de professores. Portanto, há dois professores que estão no activo, mas fazem falta muito mais professores”.

O aniversário é assinalado com várias actividades. Uma das novidades é a apresentação, no agrupamento de escolas, do audiolivro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, em Mirandês. “Há uma tradução do Amadeu Ferreira, que já tem alguns anos, seguramente, e, portanto, agora, este é o primeiro audiolivro. Vai ser a Imprensa Nacional da Casa da Moeda disponibiliza alguns audiolivros em língua portuguesa. Têm um protocolo connosco e entenderam por bem disponibilizar alguns audiolivros em língua mirandesa, que é uma excelente forma de divulgar a língua e de dar a conhecê-la aos portugueses e ao mundo”.

Foi ainda estabelecido uma parceria com a RTP para a promoção da língua. “A RTP Ensina é uma plataforma também de divulgação de conteúdos de aprendizagem e vai divulgar alguns conteúdos em língua mirandesa. Essa também é uma maneira muito importante de chegar às pessoas, mormente às mais novas”.

Durante a tarde, será ainda apresentado o livro “Monólogos de Solidão”, da escritora mirandesa Adelaide Monteiro.

As comemorações contam ainda com a presença da vice-presidente da Assembleia da República, Teresa Morais, numa sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal de Miranda do Douro.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

“𝗔 𝗥𝗲𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮 𝗻𝗼 𝗦𝗲𝗺𝗶𝗻𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗕𝗿𝗮𝗴𝗮𝗻𝗰̧𝗮”, de António Pinelo Tiza.

 📖 É já na próxima sexta-feira que apresentamos o romance histórico “𝗔 𝗥𝗲𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮 𝗻𝗼 𝗦𝗲𝗺𝗶𝗻𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗕𝗿𝗮𝗴𝗮𝗻𝗰̧𝗮”, de António Pinelo Tiza.

🏠 𝗕𝗶𝗯𝗹𝗶𝗼𝘁𝗲𝗰𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗕𝗿𝗮𝗴𝗮𝗻𝗰̧𝗮
📅 𝟮𝟬 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝘁𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼
⌚𝟭𝟴𝗵𝟬𝟬

🚴‍♂️ Vinhais recebe a 1ª etapa da Volta ao Nordeste em Bicicleta DAITSU! 🚴‍♀️

 De 27 a 29 de setembro de 2024, o ciclismo vai agitar as estradas do Nordeste Transmontano com a 5.ª Edição da "Volta ao Nordeste em Bicicleta DAITSU". Com início em Bragança e passagens por Miranda do Douro, Vinhais e Mirandela, a prova promete desafiar cerca de 100 ciclistas nacionais e estrangeiros, destacando as paisagens deslumbrantes e a calorosa hospitalidade da região.
Vinhais será um dos pontos altos do percurso, recebendo a chegada da primeira etapa no dia 28 e a partida da segunda e última etapa no dia 29.

Chegada: 28 de setembro 2024
Partida: 29 de setembro 2024
Emoção, paisagens deslumbrantes e a hospitalidade única do Nordeste Transmontano!

Sobre "A Caixa do Mal"

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Este texto é uma obra de ficção. Embora possa incluir referências a eventos históricos e figuras reais, a história, os diálogos e as interpretações são fruto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.


O objeto conhecido por Caixa do Mal, ou a Caixa de Orações, é uma caixa esculpida em antiquíssima madeira de cedro do Líbano sobre a qual já foram feitos alguns reparos em folha de cobre. Da simbologia arcana que a recobre, destacam-se os selos dos demónios Lilith e Asmodeus. Possui dois suportes móveis para poder ser colocada na vertical e abrir as duas portas, simulando um altar portátil.

No seu interior, repousam finíssimas esculturas, do mesmo material da caixa, representando ambas as terríveis divindades. Na base do demónio masculino estão gravados os numerais romanos VI e nos do feminino XI. Acredita-se que se refiram à superstição romana do número dezassete (XVII), que pode ser convertida em VIXI (em latim, “Eu vivi”) e se viveu, então já não vive mais…

Todo o conjunto apresenta os danos do peso dos séculos e da manipulação por gerações de adoradores e curiosos. A madeira encontra-se ressequida e coberta de fendas, embora continue extraordinariamente dura. Reza a tradição oral ter sido esculpida a partir de um dos destroços provenientes da destruição do Templo de Salomão em 587 AC.

Na realidade, a origem da Caixa do Mal perde-se nas brumas do tempo. Não se sabe quando tal artefacto foi construído, nem quando foi consagrado às duas maléficas entidades. A primeira referência escrita ao objeto, estava dentro dele próprio; uma carta do imperador romano Calígula, que foi um dos seus proprietários, algures entre os anos 32 a 41 DC.

No Dia de Todos os Santos, 1 de novembro de 1755, durante o terramoto que destruiu a cidade de Lisboa, o tsunami que lhe sobreveio atirou com vários navios para terra, entre eles um veleiro de nome e proveniência desconhecida que se destruiu próximo do palácio do Duque de Aveiro. Do meio dos destroços, os criados do Duque serão atraídos pela estranha caixa que entregarão ao seu amo.

Suporte para esta publicação:

Imagens da caixa e do veleiro: IA https://designer.microsoft.com/
Imagens dos demónios, arte de Artur Mósca https://www.facebook.com/arturmosca

Manuel Amaro Mendonça
nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016), "Daqueles Além Marão" (Abril 2017) e "Entre o Preto e o Branco" (2020), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Foi reconhecido em quatro concursos de escrita e os seus textos já foram selecionados para duas dezenas de antologias de contos, de diversas editoras.
Outros trabalhos estão em projeto e sairão em breve. Siga as últimas novidades AQUI.

Máscaras de Ouro em Almas de Vidro

 Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

"O mundo das artes, ao mesmo tempo que encanta com sua aparente beleza, desilude com a realidade crua e nua dos bastidores." 


Assim passaram pouco mais de três anos do meu percurso pela Revista Vicejar, após convite de um dos seus fundadores para colaborar com esta excelente “colecionadora” de belíssimos textos: Paulo Cesar Paschoalini. Hoje, um grande amigo de longa distância, mas sempre próximo do coração. Ser humano de M maior, porque revestido de uma nobre humildade e elevada sensibilidade, qualidades raras que em poucos podemos vislumbrar, numa sociedade fortemente lesionada nos seus sentimentos e na sua ética.

A ele agradeço e agradecerei sempre, profundamente, a confiança depositada em mim e nesta minha forma de expressão, com a certeza de que a oportunidade que me foi concedida, em paralelo com o privilégio inestimável de todo o seu apoio, têm constituído, garantidamente, uma experiência feliz e enriquecedora, de enorme crescimento pessoal, que permanecerá comigo infinitamente.

Mas não me basta apenas desempenhar, com orgulho, o papel de colaboradora na Vicejar. Também aqui procuro, regularmente, o aconchego da leitura e o consolo na qualidade do que leio. Num tempo de saber que se vai construindo em terreno cada vez mais inóspito, e espaços onde predomina a iliteracia de uma cultura aleijada e vastamente despida de conteúdo, é gratificante encontrar-me, sempre que me é possível, com a qualidade das palavras e emoções descritas e a notável mestria de quem, ao meu lado, segue este mesmo caminho. Cada autor no seu estilo único e particular, com a peculiaridade da sua escrita, vão contribuindo para um mosaico de perspetivas e narrativas que nos permite descobrir, enquanto leitores, mundos interiores repletos de vivências, de sonhos e diferentes perceções.

Mundos esses que são, para mim, uma bonita fonte de inspiração. Porque, talvez inocentemente, acredito que o mundo literário deverá ser mesmo assim, não somente uma busca sôfrega por aplausos com o intuito de massajar a vaidade do ego, mas também, muito e sempre, a capacidade de perceber no outro os seus dons. Aprender e inspirarmo-nos neles com humildade genuína. Não ser feliz nas palavras apenas quando a nós mesmos nos dizem respeito, mas também ter a dignidade de apreciar, compreender e nos deixarmos encantar com o mundo de quem lemos, quando é ele que, tantas vezes, afinal e tão certeiramente, nos lê por dentro.

Infelizmente, o mundo das artes, particularmente o da escrita, mencionando aquele que me é mais próximo, muitas vezes idealizado como um santuário de sensibilidade, lugar onde as almas se podem encontrar para partilha de experiências, ideias e reflexões, acaba por ser mais um espelho quebrado a refletir fragmentos de vaidades e hipocrisias. Ainda que, diria Álvaro de Campos, cansado de semideuses, “são todos o ideal, se os oiço e me falam, quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?”.

Virginia Woolf que, nas suas obras e ensaios, tão profusamente explorou a complexidade das relações humanas e as inconsistências entre o discurso e a prática, objetivamente considerou que “escrever é como um fio que segura o tecido da vida, mas muitos se embaraçam nele, perdendo-se no seu próprio reflexo”. E assim temos esse universo da arte onde se espera encontrar o espírito altruísta que deveria vestir a alma do artista e nele nos deparamos com atos que desmentem a sensibilidade poetizada pelos seus protagonistas. As belas metáforas e as narrativas que projetam, mas que escondem uma postura de superioridade e uma luta incessante pelo reconhecimento. A ironia cruel do escritor que prega a humildade e a compreensão, mas que, efetivamente, abriga em si o profundo desejo de ser idolatrado. A presunção do presumível guardião da verdade e da beleza, a erguer muros intransponíveis enquanto percorre o labirinto do seu próprio narcisismo e sucumbe à ilusão da sua grandeza. O amor à arte frequentemente superado pelo amor a si mesmo.

Já Manoel de Barros, no seu estilo característico de poético olhar agudo, escrevia sobre a superficialidade de muitos e a falta de substância na produção literária. Dizia ele, no seu Caderno de Mudas, que “a beleza das palavras não preenche o vazio que está por trás das palavras”. E que “é por isso que temos poetas que não sabem o que dizem, escrevem palavras bonitas, mas o que está dentro é um buraco negro”.

Num acréscimo doloroso a estas constatações, é preocupantemente reveladora a notável inveja, camuflada sob os falsos elogios, incapaz de suportar as capacidades, potencialidades e brilho alheios, sombra constante nas relações entre tantos artistas. É lacónico Bukowski, cujas obras, seguindo uma abordagem honesta e dura, foram uma crítica contundente aos falsos intelectos e à superficialidade que encontrou ao longo da vida, ao afirmar ter acreditado que ser escritor significava ser honesto mas descobriu, posteriormente, que é mais sobre saber mentir bem.

Porquanto, a crítica supostamente construtiva, e que poderia e deveria constituir-se como alicerce de crescimento, transforma-se no ataque disfarçado, fruto de uma visceral insegurança pessoal. Os trajes elegantes feitos de palavras floridas, a mascarar a pequenez do caráter e a promessa de uma fraternidade literária a dissolver-se face à crueza das relações.

Não bastasse já todo este cenário dantesco, deparamo-nos ainda com uma outra realidade aniquiladora das potencialidades inerentes ao verdadeiro saber e genuíno sentir de quem se move a gosto – ou contragosto – por estes meandros artísticos. Uma realidade contra a qual, a peleja exige forças descomunais: a posição marcadamente excludente levada a cabo pelos pequenos grupos e por elites que, com as mãos e o pensamento fechados em torno de estéticas específicas e critérios ideológicos, ignoram a diversidade e a inovação de quem se apresenta fora dos principais circuitos ou permanece distante da moda institucionalizada.

Evidentemente, quando a consagração artística não depende de talento mas, substancialmente, da habilidade em navegar por relações de poder e dentro das “redes certas”, a obra perde toda a sua relevância e a criação é concebida para satisfazer tais elites, desligando-se aquela do seu efetivo valor e sentido fundamental e que é, claramente, o de buscar um propósito mais elevado, sacrificando-se, pois, toda a integridade criativa em nome da aceitação social e do sucesso comercial. Um sistema opressor do talento genuíno, o qual empobrece fortemente a cultura!

“Fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não o fiz”, a afirmação que já ressoava como espantosa verdade, na Tabacaria de Pessoa! Mestre na palavra terá sido igualmente Emerson, ao referir que “o grande homem é aquele que, no meio da multidão, mantém, com perfeita doçura, a independência da solidão”. Porque toda a arte, a escrita, a poesia, têm que ser orientadas por princípios de excelência e não por vãs políticas ou modismos vazios.

Deste modo, o mundo das artes, ao mesmo tempo que encanta com a sua aparente beleza, desilude com a realidade crua e nua dos bastidores. Como bem escreveu Oscar Wilde, “raramente a verdade é pura, e nunca é simples”.

Do descompasso entre a escrita e o comportamento dos autores emerge o dito popular de que nem tudo o que reluz é ouro, pelo que, no teatro de vaidades onde a máscara e o rosto se confundem, resta ao verdadeiro amante da arte navegar com discernimento, separar o trigo do joio e fazer pela diferença.

Mas tão só, isso não basta. Urge a coragem para deixar de lado o politicamente correto, a conversa afiada no banco do cafezinho da esquina, a maledicência pequenina das redes sociais e a indirectazinha cobarde do “cabe a carapuça a quem a enfiar”. É imperiosa a ousadia de ir além das convenções que se julgam estabelecidas, desafiar sem receio de ferir suscetibilidades, enfrentar com dignidade e lutar com franqueza, pelo rigor e por uma mudança de mentalidades e de práticas, para que o mérito artístico seja o principal critério de reconhecimento, e não a adesão a círculos de influências.

Mais uma vez, Oscar Wild estava certo ao lembrar-nos que "a maioria das pessoas morre como imitadores, não como criadores." Portanto, há que dizer um NÃO retumbante e implacável a essa franca traição perpetrada – e perpetuada – à essência própria da arte que, enquanto construção genial e autêntica, permanece enforcada e a agonizar, submissa, aos pés da mediocridade de uns quantos grupos elitistas, amiudamente provincianos, e da sua crítica vulgar e trivial, ainda que por eles legitimada e que, tantas vezes, não é senão o resultado de um fracasso reunido para julgar os que se arriscam, como sabiamente identificou Henry Miller.

Afinal, e Nietzsche que me perdoe por reinventar as palavras que lhe cabem, mas o que se faz por amor deve estar sempre além do mal.

Agora e por fim, a todos deixo o meu honesto e fidedigno abraço poético.

Paula Freire
- Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). .Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.

Mulher morre numa queda com trotinete em Bragança

 Uma mulher morreu, ao início da tarde de hoje, numa queda de trotinete, perto da estação dos autocarros, em Bragança.

A mulher tinha entre os 25 e os 30 anos e não usava capacete. 

Segundo os bombeiros de Bragança, 

"a mulher seguia na ciclovia de trotinete em direção à ponte 25 de Abril vindo da estação de camionagem e por motivos ainda por apurar terá caído, embatido com a cabeça provocando- lhe ferimentos graves que lhe comprometeram a possibilidade de vida". 

Os operacionais estiveram 40 minutos e manobras de reanimação, mas o óbito acabou por ser declarado no local. 

A PSP está a investigar as causas da morte.

Os bombeiros informavam ainda que o contacto foi feito por chamada telefónica para a corporação, devido à dificuldade em contactar através do 112, pela situação de emergência que se vive no país. Ainda assim, pedem "que se ligue sempre 112 e em simultâneo caso não haja atendimento imediato que se ligue para o número dos bombeiros de Bragança 273 300 210", devendo manter a chamada ligada para o 112.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

📸 𝐄𝐱𝐩𝐨𝐬𝐢𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐅𝐨𝐭𝐨𝐠𝐫𝐚́𝐟𝐢𝐜𝐚 "𝐌𝐚𝐫𝐜𝐨𝐥𝐢𝐧𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐛𝐚𝐧𝐝𝐢𝐬𝐭𝐚"

 A Casa da Cultura Mirandesa vai acolher a Exposição Fotográfica "Marcolino Contrabandista" com fotos de Félix Marban. A exposição estará disponível de 19 de setembro a 5 de novembro de 2024, e a entrada será gratuita.

📲 Saiba mais AQUI.

O "MENO" TINHA RAZÃO OU QUEM INVENTOU O TELEFONE?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

António Meucci
Na cidade de Curitiba (Brasil,) existe o bairro de Bigorrilho. Elegante zona turística, onde abundam magníficos restaurantes e pisarias.
Nesse pitoresco e elegante bairro, encontra-se, na Alameda Princesa Isabel, a famosa igreja dos " Passarinhos".
Templo moderno, de teto em madeira, conhecido pelas gaiolas de passarinhos, que enfeitam o altar-mor - parece-me que já os retiraram, - que trilhavam, para regalo dos fiéis, durante o culto.
Tinha a igreja sacerdote dinâmico, que certa ocasião pensou levar uma mula para o templo, em procissão, de homenagem a nossa Senhora das Dores. Não o fez, porque os fiéis discordaram da original ideia.
O Padre Gabriel Figura foi, durante anos, diretor do: " Passarinho", periódico que se editava em Bigorrilho, jornal, em que fui colaborador, a convite do sacerdote.
Conta o Professor Sergio Kirdziej, no " Passarinho", que acompanhado pelo Maestro Oswaldo Hohmann, visitaram o amigo Ottorino de Meucci, o " Meno", como carinhosamente era tratado.
Nessa ocasião, Ottarino, contou-lhes que seu tio António Santi Giuseppe, que estudara na Academia de Belas-Artes, na Toscana, e cursara, paralelamente, Engenharia Química e Industrial, fora o verdadeiro inventor do telefone, e não Bell.
O tio, nascido em Florença, a 13 de abril de 1808, emigrara para os Estados Unidos, em 1850. Sentindo necessidade de ligar o escritório ao quarto, tanto matutou, que acabou por surgir o telefone.
Realizada a descoberta, registo-a provisoriamente, por dificuldade financeira; acabando, mais tarde, de a vender a Bell, que a registou definitivamente, em Março de 1876, em seu nome.
Escreve o Professor, que o " Meno" difundia, pelo bairro, a todos que o quisessem ouvir, que fora seu tio António que inventara o telefone, mas ninguém o levava a sério, até havia quem se risse, à socapa, dele.
Mas...a 11 de junho de 2002, pelo Congresso dos Estados Unidos, foi reconhecido Meucci, como o verdadeiro inventor do telefone.
O "Meno" tinha razão...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Mercado Medieval "REI D'ORELHÃO" chegou ao fim e pode não voltar a acontecer por falta de apoios

 Ontem, caiu o pano sobre a quarta edição do mercado medieval "Rei D"Orelhão", que voltou a ter muita gente a presenciar os três dias intensos de atividades que passaram pelas danças medievais, falcoaria, espetáculos de fogo, música e tasquinhas tradicionais.


Mas esta pode ter sido a última edição da iniciativa. Devido à falta de apoios, Vanda Preciso, presidente da junta de freguesia de Lamas de Orelhão, eleita nas listas do PS, admite que o seu executivo não terá condições para realizar o mercado medieval, em 2025. "O mercado tem toda a razão de existir, deve continuar e acho que deve ser mantido. Mas, nestes moldes, a exigir este esforço da junta de freguesia, acho que é impensável", afirma a autarca sublinhando mesmo que este ano "foi um bocadinho, até uma certa teimosia nossa, mas foi um esforço muito grande", acrescenta.

Vanda Preciso lamenta a falta de apoios para uma iniciativa que diz ser "diferenciadora e muito dinâmica" com todas as condições para ser uma referência na região. "Não são aprovados subsídios para este tipo de eventos. A Câmara atribui-nos um subsídio, que é público, de 10.600 euros ano, que neste momento ainda só recebemos a primeira tranche do valor, mas, como é lógico, este mercado não se faz com 5.000 euros. E é muito difícil para uma junta de freguesia estar a assumir um evento destes, na totalidade, sem grande apoio, nomeadamente logístico. Acho que desta forma é impensável continuar a fazê-lo. No próximo ano penso que será financeiramente impossível de fazer", diz.

Esta pode ter sido a última edição do mercado medieval "Rei D'Orelhão", devido à falta de apoios.

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)
Foto: créditos André Lopes

A última 𝗠𝗮𝘁𝗶𝗻𝗲́ acontece já no 𝗽𝗿𝗼́𝘅𝗶𝗺𝗼 𝗱𝗼𝗺𝗶𝗻𝗴𝗼, 𝟮𝟮 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝘁𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼, com a música dos Bad Bangs e oficina artística e ambiental pelas Runiska Animações.