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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Obras artísticas da II Bienal de Trás-os-Montes, deixam marcas perpétuas em diversas aldeias do concelho de Macedo de Cavaleiros

 Este domingo, foi realizada uma viagem artística às instalações produzidas no âmbito do projeto “Agarrar a Água”, com curadoria de António Meireles, em aldeias que circundam a albufeira do Azibo, Santa Combinha, Vale de Prados, Vale da Porca, Salselas e Podence, do concelho de Macedo de Cavaleiros.


São instalações artísticas todas diferentes e que oferecem novas perspetivas sobre o tema e que vão ficar para a prosperidade, nas aldeias onde foram criadas, como conta o também recente coordenador do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais:

“Agarrar a água” no sentido de valorizarmos aquilo que é importante na vida, a água, como um símbolo. Não apenas aquilo que faz com que nós vivamos, mas sobretudo que faz com que façamos algo da vida. E se conecte com outras vidas. E que a água tenha essa ligação, que tem em todo o nosso planeta, em que a água é o meio que fornece a capacidade aos seres vivos de existirem.

As obras foram desenvolvidas em conjunto com a comunidade, no âmbito da segunda Bienal De Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, como acrescenta o curador da iniciativa:

E este desafio, foi acolhido por vários artistas, com uma grande felicidade em que puderam desenvolver as suas obras em contacto e em conjunto com as comunidades das aldeias, em que houve estas intervenções. 

Precisamente, para oferecer não apenas aquilo que é a sua perspetiva sobre o que é “Agarrar a Água”. Esta relação das pessoas com a água. Mas sobretudo, poder desenvolver em conjunto esta reflexão. Esta nova perspetiva, que está em primeiro lugar, ao dispor da população para seu usufruto. Porque estas obras foram geradas em conjunto com as populações destas aldeias. Mas e sobretudo, também com as pessoas que visitam a região, no âmbito da II Bienal, Trás-os-Montes. 

Em Santa Combinha, a instalação é da autoria de António Meireles, que explica a obra e o seu objetivo:

Esses desenhos foram encapsulados em garrafas e suspensos num tanque de lavagem de roupa. No fundo, temos estas várias ligações da água. Não a água como esse meio de vida, que nos proporciona a capacidade de nos vivermos. Mas também de fazermos algo dela, como os tanques de lavagem, que já foram mais úteis e agora têm outras utilizações. Como também essas mensagens dentro das garrafas, que será o que é realmente importante. A ligação com as pessoas, o que conseguem fazer entre si, mesmo que haja entre si diferenças. Todos somos diferentes uns dos outros, aquilo que será importante é o que conseguimos fazer em conjunto. 

Em Vale de Prados, a instalação mostra duas sacholas, com com um espelho, Carlos Casimiro Costa e Jacinta Costa pretenderam sacralizar este objeto que poucos já usam:

Nós como forma simbólica de representar essa relação com água, fizemos com um instrumento que usamos todos os dias, neste caso as sacholas ou enxadas e quisemos fazer essa valorização. 

Do ponto de vista de um objeto ancestral, que quase ninguém valoriza e que é “arqueológico”.

E de certa maneira, tentamos sacraliza-lo, fazendo com que ele passe para um patamar próprio, onde ele deveria estar. Nesse sentido, ao coloca-lo com uma matéria, que é um espelho, também é a representação da própria terra. Nós somos terra, rurais, montanha e floresta, onde eu próprio me incluo. 

Em Podence, a instalação é sobre a valorização das mulheres na sociedade rural. Já em Vale da Porca, foram realizadas duas instalações, uma peça em vídeo arte da autoria de Marcos Ramos e Carol. E uma outra numa fonte da autoria de Duarte Saraiva, que procurou a musicalidade da água, como destaca:

Simboliza a fonte da vida em que procurei, através de formas arquiteturais, representar um monumento estrutural, com a marca da terra. É um santuário de sombra e luz. 

Portanto, são representadas as nascentes e a água. 

A ideia era o próprio cair da água que tinha uma musicalidade. O cantar da água foi essa a minha procura e dar essa função à fonte, daquele Largo de Vale da Porca. 

A última aldeia a ver visitada foi Salselas, com uma peça de azulejos, pintada em terracota de Luís Benites e Ofélia Marrão:

É uma memória, do que se passava nas nossas aldeias, quando não havia água canalizada. Então, era necessário ir buscar água à fonte. Normalmente era um trabalho das mulheres da casa e das mais novas. Que aproveitavam esse momento, para se encontrarem e falarem umas com as outras e também namoriscar. A nossa ideia foi representar isso.

A direção artística é de Inês Falcão, que salienta a arte pode também ter a função de unificar a comunidade:

Considero que esta viagem, nesta tarde me deixa de coração muito cheio, mesmo afetivamente. Fomos recebidos muito bem, em todas as aldeias. A arte é exatamente isto, é unir as pessoas, as comunidades e representa muito mais, do que entrar num museu e estar lá a obra, que não dizem tanto, como dizem estas obras enquadradas na rua, e que ficam para a prosperidade.

Vamos agora identifica-las com um texto, com o seu significado. Para que as pessoas das aldeias compreendam melhor o seu contexto, assim como quem visita a aldeia.

Como se sabe, há obras mais fáceis de interpretar que outras onde, que são mais evidentes.

A visita também foi acompanhada por Benjamim Rodrigues, presidente da autarquia de Macedo de Cavaleiros que salienta a prosperidade das obras:

Esta marca é perpetuar a segunda edição da Bienal de Trás-os-Montes, que deixa estas marcas, estas instalações no território. Que estão relacionadas com o tema do projeto, com o simbolismo das atividades rurais e da própria água. E isso só dá mais valor a estas iniciativas paralelas, no âmbito da Bienal. 

Estamos ainda a valorizar mais a Bienal e a preenchê-la com outras iniciativas e a construir com bases sólidas bienais para o futuro. 

As populações identificam-se e nós temos aqui uma oportunidade também de embelezar as aldeias, e dar-lhe uma componente artística, com muito valor e significado.

Todas as obras vão ser identificadas no local para explicar o contexto de cada peça. A próxima atividade no âmbito da II Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, que teve como tema “Linha de Água”, será a apresentação do catálogo, que acontecerá em meados de outubro.

Recorde-se que a II Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes reuniu 167 artísticas e 9 curadores, e tem como parceiros a Bienal de Vila Nova de Cerveira, o Museu do Douro, a Sociedade Nacional de Belas Artes e o Laboratório de Artes e Montanhas Graça Morais. Está patente em várias localidades transmontanas, como Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, e Vinhais, e fica patente até 30 de novembro.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

“XXIII Feira de Artes Ofícios e Sabores, 2024"

 Faça a sua inscrição AQUI.

CITICA|EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

 Está patente de 27 de setembro a 3 de fevereiro de 2025, na Sala de Exposições Temporárias do CITICA, a Exposição dos trabalhos vencedores do Concurso Internacional de Fotografia Douro Património Contemporâneo – 2020. Esta é uma iniciativa bienal do Museu do Douro, que conta com o apoio mecenático da EDPP e, nesta edição, com a parceria do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
O tema proposto foi Douro: Memória com Futuro, desafiando os participantes a registar a memória secular da Região Demarcada do Douro, as suas gentes, as suas arquiteturas e os artefactos associados à produção do vinho. Este registo temporal da atualidade constitui-se como uma memória futura de um território em permanente construção.

O conjunto de imagens expostas, que corresponde aos três primeiros prémios e a uma menção honrosa, fixou mais do que instantâneos de realidade. Entre a estética, os gestos e as pessoas, observam-se fragmentos de tempo. «Foi com esse olhar e com uma sensibilidade extrema» que os fotógrafos vencedores «captaram o presente e guardarão para o futuro o que no Douro não é imediato e repetido».

Lenda da Formosa Helena


Local: VINHAIS, BRAGANÇA

Esta é uma história de Outono. Do suave Outono que, com a eclosão dos frutos, todos os anos torna os anseios de todos nós mais fundos, mais vivos, mais humanos...

Sim, é uma história de Outono — no amor, no sacrifício, na nostalgia, a estação que tão bem (e tão simplesmente!) descreveu um dos maiores poetas de Portugal: Augusto Gil.

Outono. Morre o dia.
Cai sobre as coisas plácidas e calmas
Um véu de sombra e de melancolia
Que dulcifica e embrandece as almas.

Pois foi no Outono (há tantos, tantos anos já, que a memória não os consegue contar...) que esta história começou. No Outono e nas margens do rio Cabanelas, lá para os lados de Vinhais...

Helena, a formosa Helena, de quem os poetas diziam que tinha nos olhos o brilho do mar e nos cabelos os reflexos dourados do Sol — Helena, filha de um poderoso rei cristão, deixava-se também contagiar pelas nostalgias outonais...

O único confidente que ela tinha era seu pai, tão forte no batalhar como sensato nos conselhos.

— Oh, Senhor meu pai... Nem sei o que sinto... É uma vontade estranha de sonhar, estando acordada...

E suspirando, ela continuou:

— Ás vezes, Senhor meu pai, fico-me a olhar um ponto distante, e chego a persuadir-me de que toda a minha vida se escoa por aí, lentamente, misteriosamente...

Os seus olhos fitaram os olhos do pai, como que a querer ler-lhe na alma:

— Que será isto?... Sim, que será isto, Senhor meu pai?

O velho rei, mais sabedor que sua filha dos segredos da vida e do tempo, respondeu apenas:

— Sabeis o que é, Helena?... É a Primavera lutando contra o Outono!... Vós sois a Primavera, senhora minha filha — e que maravilhosa Primavera!... Mas a vida que nos rodeia agora é o Outono!

Foi a vez dele suspirar. E rematou as suas palavras confessando, como que numa confidência:

— É tempo de procurar o noivo por que a vossa alma anseia, minha filha. Já vo-lo tenho dito… e hoje repito-vos, com maior segurança. Compreendeis-me?

Mas Helena, a formosa Helena, pareceu não compreender — não querer compreender. Sacudiu os seus cabelos, longos e sedosos, num leve movimento negativo, e retorquiu:

— Bem sabeis o que penso a tal respeito, Senhor meu pai... Nenhum dos pretendentes que me apontastes — nenhum, escutai bem!... — fez até hoje bater mais forte o meu coração.

A sua voz esmoreceu subitamente. As últimas palavras foram mesmo ditas em murmúrio:

— Talvez não exista a alma par da minha!

Mas logo o pai de Helena reagiu:

— Existe, minha filha!... Existe… e há-de aparecer!

Houve um silêncio, durante o qual o velho rei pareceu meditar, interrogar-se intimamente.

— Só uma coisa receio, minha querida Helena!

— O quê? Dizei, meu pai... Falai, peço-vos!...

Ele suspirou de novo. Custava-lhe a confessar. Mas acabou por dizer, embora com voz cansada:

— Enfim… receio... que no exagero da vossa escolha… vos possais enganar... Às vezes, minha querida Helena, Deus castiga assim... Não tendes ouvido dizer que todos aqueles que muito querem muito perdem?

A formosa Helena sorriu. Sorriso doce, onde havia algo de indefinido.

— Oh, Senhor meu pai, eu não quero muito... Quero apenas um homem que seja digno da minha beleza. Que seja digno dos dotes naturais que Deus me deu!

Nova pausa. Nova revoada de pensamentos. E depois, entre duas respirações fundas, o velho rei, ponderado e sereno, sentenciou:

— Oxalá o encontres, minha filha!... E que ele te saiba compreender como tu mereces!

E, já mais desanuviado de semblante, ainda ajuntou:

— Amanhã, como sabes, realiza-se um torneio em tua honra... E como sabes também, minha filha, encontram-se na corte cavaleiros de todo o mundo, qualquer deles desejoso de ser o escolhido pela mais formosa das princesas.

De facto, no dia seguinte teve lugar mais um torneio de cavalaria, presidido por Helena, a formosa Helena... O seu olhar, altivo e belo, passeava indiferente sobre aqueles que ansiavam por um gesto, por um sorriso... Mas de súbito, Helena, a formosa Helena, inclinou-se para o seu velho pai:

— Senhor… reparai naquele moço, além. Vedes?... Que distinto me parece! E que porte admirável!... Não achais? Gostaria de o conhecer, de lhe falar...

O velho rei limitou-se a dizer, num resmungo tolerante:

— Hum!... Mais um, entre tantos... Nada sei a seu respeito... Mas vou sabê-lo imediatamente.

E o velho rei foi dar despacho à pretensão da filha, enquanto o torneio decorria agora com maior entusiasmo, pois o cavaleiro desconhecido — inspirado talvez pelo olhar de Helena, de que se apercebera e ao qual retribuíra com igual ardor — parecia vir a ser o vencedor final.

Dali a pouco, o velho rei voltava com notícias fresquinhas para sua filha.

— Helena... Helena... Já sei o que querias saber!

Parou para tomar fôlego, mas ela mal o consentiu, de alvoroçada que eslava.

— Dizei, Senhor meu pai, dizei depressa!

E num rompante de alegria, embora ruborizada pela vergonha da confissão, ela afirmou convictamente:

— Agora, sim... Agora sinto o coração bater mais forte!

Então o velho rei, transformando em força a fraqueza da idade, esclareceu sem mais demora:

— Trata-se de um moço peregrino que vai a caminho da Cruzada. Ninguém sabe ao certo donde veio, mas todos temem a sua força e a sua destreza.

Helena voltou a olhar o campo de combate. O torneio estava no fim. E ela não conseguiu conter uma explosão de entusiasmo.

— Vede, Senhor meu pai, vede!... Olhai para ele! Acaba de derrubar o último adversário!... É maravilhoso!

E fechando os olhos, no reflexo de uma oração muito íntima sublinhou baixinho:

— Bendito seja o nome de Deus!

E o velho rei repetiu, também baixinho:

Nessa noite, segundo conta a antiga lenda, ambos se encontraram no grande baile da corte. E logo ele, o cavaleiro desconhecido, desenvolto e amável, se dirigiu a Helena, a formosa Helena.

— Senhora, permiti que deponha a vossos pés o meu triunfo… e sabei que somente o consegui pensando em vós!

A filha do velho rei cristão sentiu-se confusa. As suas palavras saíram breves, embaraçadas, ao sabor da excitação que a dominava.

— Agradeço-Vos, senhor... Agradeço-vos e felicito-vos... Vencestes os melhores batalhadores do meu reino...

E ele, expontâneo, fluente, sem dar tréguas ao diálogo:

— Com a ajuda do vosso olhar, Senhora... Foi ele, só ele que me deu forças para vencer.

Helena titubeou, num leve sorriso:

— Oh, sois poeta!...

Mas o cavaleiro desconhecido riu, com discreta cortesia.

— Poeta, eu?... Nunca na minha vida dei por isso...

E olhando-a bem no fundo dos olhos, rematou com voz intencional:

— Mas agora, sim... Talvez agora eu queira ser poeta... só porque estou junto de vós, Senhora!

Mais confusa do que nunca, feliz e emocionada, Helena fingiu querer mudar de conversa.

— Disseram-me que viestes de longe...

E o jovem cavaleiro, sem perder tempo, voltou a sublinhar.

— Senhora, sim... É certo o que vos disseram. Eu vim de longe, de muito longe… apenas para vos ver e admirar!

Recuou alguns passos. Quedou-se extático, maravilhado. E ajuntou com voz trémula:

— Quero dizer-vos, Senhora, quero dizer-vos que, afinal, vós sois ainda muito superior a tudo quanto me disseram de vós!

A partir desse instante, Helena, a formosa Helena, passou a viver apenas para o cavaleiro desconhecido, que viera de tão longe só para lhe render homenagem.

O idílio entre ambos foi-se prolongando, dia após dia, noite a noite. Até que, certa manhã, o palácio acordou num doido sobressalto.

Desvairado, sem encontrar sua filha Helena, a formosa Helena, o velho rei clamava, numa fúria:

— Procurem minha filha, imbecis!... Procurem-na por toda a parte… Não, não é possível que esse miserável a tenha raptado! Não quero acreditar!... Para quê, se eles podiam ter casado aqui, e aqui ser felizes?

Porém, de nada serviam as ameaças, nem as súplicas, nem os gritos do rei. Os seus emissários nada conseguiam descobrir. E ele somente se podia lamentar.

— Minha pobre Helena! Minha querida Helena! Tanto quis escolher... Oxalá Deus não a castigasse!

E de novo apelava para os seus melhores servidores, os fiéis companheiros das grandes batalhas.

— Ide! Procurai de novo!... Por tudo vos peço: não volteis sem trazer notícias de minha filha!... Darei a fortuna que me resta àquele que encontrar a minha bela Helena!... Ide, amigos! É preciso descobri-la!

E eles foram. E procuraram. E voltaram tristemente, terrivelmente desiludidos.

Somente alguns se atreveram a contar a grande verdade ao seu velho rei: que o sedutor de Helena, a formosa Helena, por maior desgraça ainda, fora um jovem guerreiro mouro, habilmente disfarçado de peregrino.

O soberano exclamou, num assomo de energia.

— Como? Que dizeis? Que ele era um aventureiro mouro… um príncipe infiel disfarçado de peregrino?... Tendes a certeza, amigos?... Absoluta certeza?

E diante do olhar apiedado dos outros, o velho rei caiu de joelhos, clamando e chorando:

— Oh meu Deus, meu bom Deus!... Maior castigo eu não poderei receber!... Maior castigo não podia ser o Vosso!

E assim era, na verdade. Quando a princesa Helena, a formosa Helena — a quem o seu raptor fizera tomar um narcótico, com a cumplicidade de uma escrava — despertou, já longe do palácio, e se viu conduzida à garupa do corcel do seu apaixonado, teve a terrível revelação do que lhe acontecia. E gritou, num impulso de vontade.

— Parai!... Parai!... Estais louco?

Mas o cavaleiro desconhecido limitou-se a rir calmamente e a dizer:

— Louco nunca estive, Senhora! Estais admirada decerto... Porém já sabereis quem eu sou!...

Abrandou a marcha da montada, até que esta parou. O cavaleiro debruçou-se sobre Helena, a formosa Helena.

— Ficai sabendo que sou um príncipe mouro, inimigo da vossa religião. Mas desejo fazer-vos minha esposa!

De um salto, ela apeou-se do cavalo, desenvolta e raivosa.

— Nunca! Ouvistes bem?... Nunca!

E sem que ele a pudesse segurar, Helena, a formosa Helena, correu para a ribanceira mais próxima, rolando por ela desvairadamente.

— Esperai! Esperai, Helena!... Que fazeis?

Mas era tarde. Perturbado, o cavaleiro olhou em redor. Teve a sensação de que era perseguido. Então, sem descer do cavalo, abalou dali à desfilada, convencido de que Helena, a formosa Helena, encontrara a morte lá em baixo, no fundo da ribanceira…

Porém, Helena não morreu. Por estranho prodígio e para salvação sua foi parar às águas tranquilas do rio Cabanelas... E, conforme se continua a contar de geração em geração, Helena, a formosa Helena, ali ficou a viver largos anos, envergonhada da sua triste aventura. Até que um dia, quase por acaso, um súbdito de seu pai a descobriu e a levou de novo para o palácio, apresentando-a de surpresa ao velho soberano, que não se cansava de chorar a morte de sua filha.

De princípio, ele mal podia acreditar. O sorriso e as lágrimas misturavam-se no seu rosto.

— Mas será possível?... Será possível que Deus ouvisse as minhas súplicas?... Oh, meu Deus! Obrigado, mil vezes obrigado! Isto é um autêntico milagre dos Céus! Um autêntico milagre!

E correndo para a filha, e abraçando-a, e beijando-a, somente sabia repetir:

— Minha Helena, minha querida filha!... Um milagre! Um verdadeiro milagre!

Mas Helena vinha diferente. Não era mais a formosa Helena: era uma pobre mulher, roída de desgostos e saudades.

— Como vos tinheis razão, meu pai!... Fui bem castigada!

O velho rei olhava-a, quase sem a ouvir. Mirava-a da cabeça aos pés. E de súbito, perguntou:

— Helena, minha querida filha... Que fizestes do vosso colar... aquele colar tão lindo que era o meu encanto?

Ela suspirou. Suspirou devagarinho. A lembrar-se da sua infeliz aventura. E acabou por confessar, como que envergonhada:

— Oh, Senhor meu pai... Deixei-o nas águas do rio que me salvou... Ofereci-o às trutas que me deram de comer durante tantos e dolorosos anos…

E é talvez por isso que, ainda hoje, o povo das redondezas atribui ao colar de Helena, a formosa Helena, o sabor magnífico que têm as trutas pescadas no rio Cabanelas, la para as bandas de Vinhais.

Fonte: MARQUES, Gentil - Lendas de Portugal

EXPOSIÇÃO | Pintura & Bordados

Vídeo sobre Trás-os-Montes nomeado para o CIFFT “People’s Choice” Award 2024

 O vídeo produzido pela PORTUGALNTN, empresa transmontana, “We Are What We Feel”, foi selecionado para competição mundial, onde o prémio depende exclusivamente da votação do público. Alguns filmes que ao longo do último ano foram galardoados em 11 Festivais Internacionais de Cinema e Turismo distintos, entram, de 1 a 18 de outubro, em competição para o prémio do Comité Internacional de Festivais de Cinema de Turismo (CIFFT) “People’s Choice” Award 2024.


A PORTUGALNTN, depois de conquistar o 1º Prémio na categoria de “Tourism Products - Nature Tourism”, no ART & TUR - International Tourism Film 
Festival, com o filme “We Are What We Feel”, entra nesta competição dos melhores filmes promocionais, dependendo o resultado exclusivamente da votação do público.

O vídeo com maior número de votos será declarado vencedor. Votar é simples e fácil, basta clicar AQUI, e votar durante o período que decorre de 1 a 18 de outubro. A votação é anónima e limitada a um voto por dia, por endereço IP ou sessão do navegador durante o período de votação.


A PORTUGALNTN reconhecendo a importância promocional deste concurso, para a empresa e para o território, está a desenvolver uma campanha de apelo 
ao voto, procurando envolver ativamente as mais de duas dezenas de municípios de Trás-os-Montes e Douro que são promovidos neste filme. “Um bom posicionamento no ranking dos melhores vídeos promocionais representa um enorme contributo para que as pessoas de todo o mundo descubram as excelências do nosso destino”, defende Domingos Pires, sócio-gerente da PORTUGALNTN. “Somos um território de baixa densidade populacional e estamos a  competir com regiões de todo o mundo, algumas superpovoadas. À partida estamos em desvantagem, mas confiamos no orgulho que a nossa gente tem na sua terra, no sentido de pertença a um território de forte carácter e identidade, e acreditamos que muita gente se vai envolver para que a região possa ter um excelente resultado no ranking”, acrescenta João Neves, também sócio- gerente da PORTUGALNTN. Chegar a esta competição é já uma enorme vitória, ainda mais porque este filme foi feito com a “prata da casa”, com a simplicidade de quem trabalha com paixão, ama o que faz e ama a região a que pertence. “We Are What We Feel” pretende promover os recursos de um território com uma forte identidade, reconhecida pela paisagem, pela gastronomia com os seus sabores e saberes, pelos vinhos, pela cultura e património e, sobretudo, pela forma hospitaleira como as comunidades locais recebem os visitantes. Estes valores constituem a essência de um destino que na soma das suas particularidades se completa e se assume na sua excelência e diversidade.

PSP preocupada com aumento de acidentes de trotinete

 Em 2023 foram registados quatro acidentes. Este ano, ainda nem acabou e já aconteceram seis, um resultou na morte de uma mulher em Bragança


Os acidentes com trotinetes estão a aumentar na região. Segundo dados da PSP, nas cidades de Bragança e Mirandela em 2023 foram registados quatro acidentes. Este ano, ainda nem acabou e já aconteceram seis, um resultou numa morte, de uma mulher, há duas semanas, em Bragança. O subintendente da PSP de Bragança, Bruno Machado, considera que este aumento também pode estar relacionado com maior uso destes meios:

“Também temos a percepção, embora não consigamos confirmar isso com dados, de que a mobilidade, a utilidade deste meio de transporte também nos parece ter vindo a aumentar, o que necessariamente implica que havendo mais veículos desta tipologia na estrada também aumente a possibilidade de ocorrer acidentes”, disse.

A PSP alerta ainda que as trotinetes têm as mesmas obrigações que as bicicletas e, por isso, são obrigadas a respeitar o código da estrada. “As trotinetas são equiparadas a velocipes, ou seja, significa, por exemplo, que as trotinetas logo devem circular nas ciclovias sempre que estas existam. E na estrada, o mais à direita, quando não houver ciclovias. Apesar de o capacete não ser obrigatório, a lei não obriga o uso do capacete. É evidente que a utilização é fortemente recomendada”, referiu ainda o subintendente.

O aumento de acidentes com este meio de transporte está a preocupar a PSP de Bragança que garante já estar a fazer trabalho de sensibilização nas escolas, bem como a fiscalização na estrada.

As infracções no código da estrada com uso de trotinete podem dar origem a coima. Contudo, nas cidades de Bragança e Mirandela ainda não foi aplicada qualquer coima neste sentido.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Ângela País

Escola Secundária de Mogadouro vai ser requalificada

 As obras vão custar quase dois milhões de euros e são financiadas a 100% pelo Plano de Recuperação e Resiliência


As obras de requalificação da escola secundária de Mogadouro começam dentro de dias. Vai ser substituída a caixilharia e o aquecimento e vão ser feitas melhorias no pavilhão gimnodesportivo, que já não tinha condições para a prática desportiva, adianta o presidente da câmara, António Pimentel.

O pavilhão estava praticamente impraticável para o desporto, portanto desde o soalho todo com buracos, telhado de amianto, filtrações, tudo isso, portanto não estava em condições de os alunos poderem ter aulas de ginástica e a escola também era de um desconforto tremendo. Assim, a caixilharia irá ter de ser toda substituída, e criar condições térmicas mais interessantes para o bem-estar dos alunos”, disse.

As obras vão custar quase dois milhões de euros, financiadas a 100% pelo Plano de Recuperação e Resiliência, através do Programa de Recuperação / Reabilitação de Escolas. Resta agora o aval do Tribunal de Contas para avançar com a empreitada.

A obra vai ser feita em várias fases e alguns alunos estão já a ter aulas em contentores. “Vai ser feita por partes, portanto uma aula vai começar a funcionar já em 12 contentores e vamos fazer as obras no pavilhão. Depois passa a segunda fase para os contentores e também já poderá depois utilizar o pavilhão. Vai ser programada de maneira que cause o mínimo de desconforto aos alunos”, referiu o autarca.

O município de Mogadouro acredita que as obras comecem o mais rapidamente possível. Prevê-se que estejam concluídas até Maio de 2026.

Escrita por Brigantia 
Jornalista: Ângela País

GNR detém dois homens por caça ilegal em Carrazeda de Ansiães

 Dois homens, de 48 e 64 anos, foram detidos, ontem, por caça ilegal, no concelho de Carrazeda de Ansiães


No decorrer de uma acção de fiscalização ao exercício do acto venatório, os elementos da Equipa de Protecção Florestal detectaram dois suspeitos a caçar numa zona condicionada, sem a devida autorização, motivo pelo qual foram detidos.

No âmbito das diligências policiais foram apreendidas duas armas de fogo, duas bolsas de transporte da arma, duas cartas de caçador, dois livretes de manifesto de arma e 60 munições.

Os suspeitos foram detidos e presentes hoje no Tribunal Judicial de Vila Flor, tendo-lhes sido aplicada a suspensão provisória do processo quatro meses, mediante o pagamento de 400 euros a uma IPSS ou a prestação de 45 horas de trabalho comunitário.

Escrito por Brigantia

🎻 Começa hoje o Bragança ClassicFest!

 Programa do Concerto AQUI.

📸 CONCURSO FOTOGRÁFICO WIKI LOVES MONUMENTS

 𝐆𝐚𝐧𝐡𝐚 𝐚𝐭𝐞́ 𝟒𝟎𝟎€ 𝐜𝐨𝐦 𝐚𝐬 𝐭𝐮𝐚𝐬 𝐟𝐨𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐦𝐨𝐧𝐮𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐮𝐞𝐬𝐞𝐬.


A Wikimedia Portugal relança em 2024 o maior concurso fotográfico do mundo com o objetivo de colocar todos os monumentos de Portugal no mapa do conhecimento livre e aberto a todos.

Tudo o que tens de fazer é registar-te numa plataforma Wikimedia, procurar os monumentos elegíveis na lista que está AQUI, reunir as tuas fotos e carregá-las na mesma lista. 

Com mais de 40 países aderentes de todo o mundo, o concurso decorre em duas fases distintas; numa primeira fase, são selecionados e premiados os vencedores nacionais; numa segunda fase, selecionam-se os vencedores entre os melhores de cada país. 

As fotos devem ser da autoria dos concorrentes e poderão ser submetidas entre 1 a 31 de Outubro de 2024. Cada concorrente pode submeter quantas fotografias quiser, havendo prémios para as três melhores fotos, vales de compras no valor de 400, 250 e 150 euros, respetivamente, ficando ainda habilitado a um prémio extraordinário caso submeta o maior número de imagens de monumentos diferentes ainda sem fotografia no Wikimedia Commons.

Começa já a reunir as tuas fotos. Aproveita o bom tempo para passear, fotografar e habilita-te a prémios monumentais.

Todas as informações estão disponíveis AQUI.

Sobre a Wikimedia Portugal A Wikimedia Portugal (WMPT) é uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção do conhecimento livre em Portugal através dos projetos mantidos pela Wikimedia Foundation.

𝗖𝗼𝗻𝗰𝗲𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗔𝗯𝗲𝗿𝘁𝘂𝗿𝗮 | 𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗦𝗮𝗯𝗼𝗿 𝗔𝗿𝘁𝗲𝘀