quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Redondilhando…

 Por: Carlos Pires
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

“Fruto Amargo”, “Fruto Estranho”,
Brisa de outono perpassa:
Novos monstros, novo antanho,
Mau presságio, nova raça…

Carlos Meles


Nota de contexto – A cinco noites das eleições presidenciais nos Estados Unidos, 5 de novembro de 2024, vem à memória, sob o pseudónimo Lewis Alan, um dos poemas mais icónicos de Abel Meeropol (1903-1986), escritor, poeta e compositor judeu de origem russa nascido em Nova Iorque em 10 de fevereiro de 1903. “As árvores do Sul dão frutos estranhos”, escrevia o poeta em 1937, em contexto da monstruosa crueza dos inapagáveis conflitos raciais ocorridos em fins da década de 1930 nos EUA. A poesia serviria de inspiração a uma das cem canções mais marcantes do século XX no âmbito da luta pelos direitos civis, então celebrizada por Billie Holiday (1915-1959).


Carlos Pires
é natural de Macedo de Cavaleiros, tendo adoptado a pequena aldeia de Meles, onde crestou à  solta nas férias grandes, como o seu verdadeiro berço. Como jornalista, fez parte das Redações do "Tempo", "Portugal Hoje", " Primeira Página", "Liberal", "Semanário" e da revista de economia "Exame" (de que foi editor). Em Bragança, colaborou no semanário "Mensageiro de Bragança" (1970-72), tendo sido co-fundador do semanário "ÈNÍÉ - uma voz do Nordeste Português" (1975) e da publicação  "Domus", da Casa de Cultura da Juventude de Bragança (1977-78).
Foi assessor de imprensa de Maldonado Gonelha, ministro da Saúde (1983-85).
Entrou para o Infarmed em fins de 2000, depois de ter sido assessor de imprensa da ministra Elisa Ferreira, nos dois governos de António Guterres, primeiro no Ministério do Ambiente, depois no Planeamento (1995-2000).
No Infarmed criou o Gabinete de Imprensa, tendo sido porta-voz da instituição durante mais de uma dúzia de anos.
Alguns aspetos marcantes: a iniciativa da realização de um curso para jornalistas (2001), ministrado por peritos do Infarmed, em que os principais órgãos de informação estiveram representados, sobre o ciclo de vida do medicamento; a elaboração do jornal da instituição, "Infarmed Notícias", trimestral (de que é coordenador/editor/redator). A edição especial de Janeiro de 2018, com 120 testemunhos sobre o INFARMED na altura conturbada da ideia controversa da sua deslocalização para o Porto (depois editada em livro); e ainda a publicação de um livro, editado pela Âncora, "Redondilhando", que nasce no seio da instituição e cujo prefácio foi assinado por Ernesto José Rodrigues.

Festa da Cabra e do Canhoto em Cidões – 2 de Novembro de 2024

 É com grande expetativa que nos preparamos para a realização da Festa da Cabra e do Canhoto, um evento que perpetua as estribações da nossa tradição e cultura. Nesta celebração, convida-se todos a chegar cedo, até às 18 horas, usufruindo das seguintes vantagens:


- Evitar problemas com estacionamento - um desafio que se torna recorrente com o aumento do afluxo de visitantes.

- Adquirir as senhas para as comidas e bebidas antecipadamente - evitando assim as longas filas que naturalmente se formam à medida que a festividade avança.

          Ementa do Ágape:

Os paladares serão agraciados com uma cuidada seleção de iguarias:

- Cabra machorra guisada no pote - uma receita ancestral que se perpetua através das gerações;

- Caldo e feijoada da terra, bifanas, alheira, chouriça e presunto, que fazem jus à riqueza gastronómica da nossa região;

- Castanhas assadas, crepes e doces - delícias que adoçam o evento;

- Uma variedade de bebidas, incluindo vinho, cerveja, úlhaque, jerupiga, além da emblemática QUEIMADA do Druída;

- Para aqueles que apreciam um toque especial - café no pote preparado com brasa. 

A partir das 19 horas, os rituais darão início às celebrações, embutidos nos sons vibrantes da música celta e de sonoridades estridentes! Eis um vislumbre dos rituais que aguardarão os presentes:

1. Desfile Celta pelas ruas da aldeia- aberto a todos que se apresentem caracterizados com vestes celtas.

2. Acender da grande estrela pentagrama que simboliza a harmonia.

3. Acender da grande fogueira - alimentada com canhoto de 10 toneladas, que representará a purificação.

4. Ritual da confeção da cabra nos potes de ferro - uma tradição que nos liga aos nossos antepassados.

5. Ritual do pôr do sol e ascensão da lua - momentos de transição e reflexão.

6. Animação com danças celtas e e cuspidores de fogo, proporcionados pelo Teatro Filandorra, prometendo encantar os espectadores.

7. Atuação dos Grupos de bombos e gaitas de foles - com os Gaiteiros de Rio d’Onor e Gaiteiros de Zido, que trarão harmonia e vivacidade ao ambiente.

8. Queimada e esconjuro - realizados pelo Druída, seguidos da degustação desta poção mágica que implica na purificação dos ânimos.

9. Desfile e Queima do bode na grande fogueira - um rito simbólico de expurgo.

10. Acender das 13 pentagramas estelares flamejantes - um espetáculo de cores e luzes.

11. Chegada apoteótica e caótica do Diabo - a figura mascarada icónica de Portugal (a 1. máscara a sair à rua em Portugal) que se apresentará sobre um carro de bois puxado pelos rapazes.

12. Luta entre o Druída e o Diabo - um confronto emblemático entre o bem e o mal, onde a vitória do bem assegura a proteção contra as forças malignas do próximo ano.

13. Espetáculo com o famoso DJ André Meneses - um encerramento digno, onde a celebração se prolonga pela noite adentro.

O que sucederá em seguida, durante toda a madrugada, será reservado aos mais corajosos; a experiência que aguarda é repleta de misticismo e emoção. Portanto, um apelo a todos:

“QUEM DA CABRA COMER E AO CANHOTO SE AQUECER, UM ANO DE SORTE IRÁ TER”.

Esta tradição, que ecoa através dos tempos, não só simboliza a nossa identidade cultural, como também cimenta laços entre os membros da comunidade e todos os nossos visitantes. Juntos, celebremos a vida, a memória e as ricas tradições que nos unem!

(Luís Castanheira 2024)

Manuel de Castro Pereira de Mesquita Pimentel Cardoso e Sousa - Os Governadores Civis do Distrito de Bragança (1835-2011)

 8.outubro.1836 – 9.novembro.1836
VILA NOVA DE FOZ CÔA, 14.10.1778 – PORTO, 16.8.1863

Oficial do Exército. Proprietário. 
Frequentou a Universidade de Coimbra e a Academia Real de Marinha.
Governador civil de Braga (1835-1836), Porto (1836), Bragança (1836), Coimbra (1836-1838) e  Vila Real (1846). Deputado (1837-1838). Ministro dos Negócios Estrangeiros (1837). Senador (1838-1840 e 1840-1842). Vice-presidente da Junta Governativa de Trás-os-Montes (1846-1847).
Natural da freguesia de Freixo de Numão, concelho de Vila Nova de Foz Côa.
Filho do comendador Rodrigo Delfim Pereira e de Carolina Maria Bregaso Pereira.
Comendador da Ordem de Cristo. Oficial da Legião de Honra, de França.

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Manuel de Castro Pereira nasceu em Freixo de Numão, embora o seu solar se situasse em Vilarinho da Castanheira, concelho de Carrazeda de Ansiães. 
Tratava-se, de facto, de um grande proprietário de Castanheira, pagando 36 000 réis de décima, por 1839-1841.
Durante a guerra de 1801, preparou à sua custa um esquadrão de cavalaria, do qual foi nomeado capitão pelo príncipe regente, futuro rei D. João VI. Fez parte do quartel-general de Massena, acompanhando a retirada do exército francês para Espanha, e continuando ao serviço de Napoleão, fez a campanha da Rússia, comandando um regimento como oficial do Estado Maior da “Legião Portuguesa”, ao serviço do imperador, pelo que foi julgado traidor à pátria, sendo-lhe confiscados os bens. 
A Revolução de 1820, porém, reabilitou-o e fez-lhe restituir todo o seu património.
Após a Revolução Liberal, foi nomeado encarregado de negócios em Madrid (1821), e na sequência da vitória definitiva do Liberalismo, foi governador civil de Braga (1835-1836), onde desempenhou uma atividade notável, procedendo à organização da Guarda Nacional naquele distrito.
Foi depois governador civil interino do Porto, ainda na primeira metade do ano de 1836, em substituição do conde de Terena, que entretanto tomara assento na Câmara dos Pares. Nestas funções, teve de fazer face aos motins populares, liderados por marceneiros, que ocorreram em 25 e 26 de abril, na cidade Porto, provocados, em grande parte, pela carestia de vida, sobretudo pela escassez de cereais, que atingiram preços elevadíssimos. Em virtude do conflito de competências que durante o motim se levantou entre ele e o governador militar do Porto, pediu a sua demissão em 3 de maio de 1836, e pouco depois fez publicar Os acontecimentos dos dias 25 e 26 de abril na cidade do Portoe os governadores civil e militar da mesma cidade, apresentados ao público na correspondência oficial dos mesmos governadores, para serem julgados por todos os homens sensatos e imparciais.
Foi depois governador civil – na altura, designado por administrador-geral – do distrito de Bragança, nomeado para substituir interinamente, por decreto de 8 de outubro de 1836, João Pessanha, que havia sido exonerado por decreto de 1 de outubro de 1836, pelo Governo setembrista. Contudo, pouco se demorou no cargo, uma vez que, por decreto de 9 de novembro de 1836, foi transferido para idêntico cargo em Coimbra. Assim, as funções de governador civil foram efetivamente exercidas pelo seu secretário-geral, António Rodrigues Sampaio.
Setembrista convicto, foi eleito deputado para as Cortes Constituintes de 1837-1838 ( juramento a 25.1.1837), em representação de Bragança, chegando mesmo a vice-presidente das mesmas entre janeiro e fevereiro de 1837, além de integrar as comissões de Administração Pública e Verificação de Poderes, da qual foi relator. Apesar disso, poucas vezes interveio nos debates parlamentares.
Neste período, entre 1 de junho e 9 de novembro de 1837, integrou o Governo chefiado por António Dias de Oliveira, sobraçando a pasta dos Negócios Estrangeiros, cargo de que pedirá reiteradamente a demissão, por três vezes sucessivas, nos dois meses seguintes, alegando faltar-lhe saúde “e quase tudo o que é mais necessário para bem cumprir os meus deveres de ministro”. A pasta dos Negócios Estrangeiros só foi assumida, aliás, com a declaração, por parte de Manuel de Castro Pereira, de nela permanecer por pouco tempo, enquanto a Rainha não encontrasse outra individualidade para o cargo.
Abandonando o Governo, foi de imediato nomeado governador civil de Coimbra, cargo que exerceu até 21 de outubro de 1838, sendo entretanto eleito senador para as legislaturas de 1838-1840 e 1840-1842, novamente em representação de Bragança, continuando a manter uma presença muito discreta, embora integrasse três comissões, as de Administração Pública, de Diplomática e a Comissão Especial para a elaboração do regimento interno do Senado. Só na fase final do seu mandato, em meados de 1841, abandona essa discrição e passa a interpelar ativamente diversos membros do Governo que, por essa altura, já não apresentava na sua composição qualquer elemento afeto ao Setembrismo.
Anos mais tarde, a 11 de agosto de 1846, foi nomeado governador civil de Vila Real, aí permanecendo até outubro seguinte, saindo para integrar, como vice-presidente, a Junta Governativa de Trás-os-Montes, recém-formada pelo movimento da Patuleia. Em maio de 1847, foi encarregado pela Junta Provisória do Governo Supremo do Reino, sediada no Porto, na qualidade de ministro de Estado honorário, de negociar com o coronel Wilde o fim da guerra civil.
De tendência setembrista, os seus contemporâneos descrevem-no como um homem independente, de caráter íntegro, amante da justiça, cortês e afável. Membro da Maçonaria Portuguesa, pertenceu à loja Regeneração (1821).
Publicou as obras História da Legião Portuguesa em França (1814) e Extratos da história da embaixada da Polónia em 1812 pelo abade de Pradt (1815-1816).
Morreu sem descendência, a 16 de agosto de 1863, deixando toda a sua fortuna a um sobrinho, Luís de Castro Pereira.

Carta de Manuel Pereira de Castro à Rainha D. Maria II (1837)

Senhora. São bem sabidos, por Vossa Majestade e por meus colegas, os motivos ponderosos e patrióticos que me decidiram a aceitar a perigosa honra de entrar, contra minha vontade, nos Conselhos de Vossa Majestade; assim como a solene declaração que logo fiz, de permanecer neles somente por pouco tempo: nem se pode Vossa Majestade ter esquecido da promessa, que se dignou fazer-me no dia mesmo da minha entrada na administração, de que havia procurar desde logo quem me substituísse.
No curto espaço de pouco mais de dois meses que sirvo o lugar, que atualmente estou exercendo, já por duas vezes expus a Vossa Majestade a necessidade de dar-me a demissão; mas em ambas elas desisti de meu intento por motivos poderosíssimos, procedidos do estado crítico em que então nos achámos. Esse estado variou para o duma contenda ordinária, que, com a ajuda de Deus, não poderá ser longa: mas novas ocorrências e circunstâncias imprevistas e inevitáveis me determinam hoje a declarar a Vossa Majestade, positiva e solenemente, a impossibilidade em que me acho de poder permanecer por mais tempo no elevado emprego que Vossa Majestade se dignou confiar-me.
Faltando-me presentemente a saúde, e quase tudo o que é mais necessário para bem cumprir os meus deveres de ministro, considero rigorosa a obrigação minha a declarar hoje a  Vossa Majestade que não posso servir por mais tempo; e confio que Vossa Majestade se dignará mandar, sem demora, expedir o decreto de minha exoneração.
Beija respeitosamente a mão de Vossa Majestade seu submisso e leal súbdito,
Manuel de Castro Pereira
Lisboa, 5 de agosto de 1837

Fontes e Bibliografia
Arquivo Distrital de Bragança, documentos vários.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, Livro dos decretos de nomeação e exoneração dos governadores civis do Districto de Bragança.
Vedeta (A) da Liberdade, 1836-1837.
Diário do Governo, 22.10.1839 e 6.8.1841.
Nacional (O), n.º 118, 14.10.1846. 
Conimbricense (O), 1871. 
Livro (O) azul ou correspondência relativa aos negocios de Portugal apresentada em ambas as camaras inglesas. 1847. 
Lisboa: Tipografia do Borges.
Patuleia (A). Catalogo dos documentos manuscriptos que pertenceram a José da Silva Passos. 1996. Porto: s. ed.
ALVES, Francisco Manuel. 2000. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, vol. VII. Bragança: 
Câmara Municipal de Bragança / Instituto Português de Museus.
BARATA, Aureliano. 1990-1991. “O lançamento das bases de um Estado moderno: as reformas administrativas e judiciais do liberalismo português”, in Brigantia. Revista de Cultura, vols. X, n.º 3-4 e XI, n.º 1-2.
CARDOSO, João Carlos Feo. 1863. Resenha das famílias dos titulares de Portugal, dos pares do Reino e dos fidalgos que têem exercicio no Paço. Lisboa, s ed.
CARDOSO, João Carlos Feo. 1883. Memorias histórico-genealogicas dos duques portuguezes do seculo XIX, Lisboa: 
Academia Real das Ciências.
LEAL, Augusto de Pinho. 1882. Portugal Antigo e Moderno. Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico..., vol. X. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia.
MARQUES, A. H. Oliveira. 1996-1998. História da Maçonaria em Portugal, III vols. Lisboa: Editorial Presença.
PEREIRA, Esteves; RODRIGUES, Guilherme. 1911. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico..., vol. V, Lisboa: João Romano Torres, Editor.

Publicação da C.M. Bragança

Malhadas: Torneio de Sueca com prémios aliciantes

Em Malhadas, a Comissão de Festas em honra de Santa Bárbara 2025, vai organizar um Torneio de Sueca, no próximo sábado, dia 2 de novembro, com primeiros de 500, 250 e 100 biscas, pelo que se espera uma grande afluência de equipas participantes, a uma iniciativa que visa angariar receita para as festas de verão.


O torneio de sueca vai decorrer na Casa do Povo, em Malhadas e o valor de inscrição por equipa é de 40 biscas. Os prémios, se bem que são ajustáveis ao número de equipas participantes, têm um valor estipulado de 500 biscas (1º classificado), 250 (2º) e 100 (3º).

No decorrer do torneio, as equipas eliminadas têm a possibilidade de competir entre si, mediante uma nova inscrição, que tem um custo de adicional de 10 biscas por equipa e cujos prémios finais são um presunto (1º), uma garrafa de licor Beirão (2º) e um coelho (3º).

O torneio de sueca vai decorrer na Casa do Povo, em Malhadas, onde os participantes podem usufruir de bar permanente, com petiscos.

De acordo com Sérgio Neto, mordomo da Comissão de Festas em honra de Santa Bárbara 2025, o torneio de sueca é uma das atividades que se propõem realizar ao longo do ano.

“Em Malhadas, a Comissão de Festas em honra de Santa Bárbara 2025 é constituída por sete casais, ou seja 14 pessoas, que são nomeadas no final da festa de verão. Ao longo do ano compete-nos organizar atividades com o objetivo de angariar dinheiro para a realização da festa em honra de Santa Bárbara”, disse.

O torneio de sueca é uma iniciativa da Comissão de Festas em honra de Santa Bárbara 2025, que conta com os patrocínios de empresas locais e do município de Miranda do Douro.

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«Livro de memória feito em Bragança Ano de 1791 - OS FIDALGOS - BRAGANÇA

 É este o título de um manuscrito em 4º, encadernado, com 160 fólios, paginados de frente, papel branco não pautado, existente hoje (1926) em S. Jorge de Favaios, na posse da família Sepúlveda, descendente de António Correia de Castro Sepúlveda, visconde de Ervedosa, filho do general Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda.
Ao encadernar o códice, na lombada, puzeram MEMOR [IA.].
Como diz principalmente respeito ao general Sepúlveda será pelo título de Memória de Sepúlveda que o citaremos.
Antes do fólio I tem cinco fólios sem numeração. Dois deles estão em branco e três manuscritos, dois dos quais contêm o «Indes» e o outro a «Recopilação», isto é, um quadro onde se mencionam, por ordem cronológica, os feitos culminantes da vida do general Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda.
Além de várias laudas de papel por escrever, tem ainda em branco os fólios 12 a 19, 25, 27, 40, 66 a 69 e 72 a 160. Pela caligrafia vê-se claramente que foi escrito por duas pessoas diferentes, sendo, porém, provável que ainda uma terceira pessoa colaborasse nele.
Segundo tradição da família a caligrafia predominante é a do general Sepúlveda; todavia tenho sobre isso as minhas dúvidas. A meu entender, a do fólio 57 e de parte do «Indes» deve ser do abade de Rebordãos, Francisco Xavier Gomes de Sepúlveda, mas não o posso afirmar. Em todo o caso é fácil averiguar-se este facto, pois tanto de um como de outro, e ainda mesmo do Visconde de Ervedosa, existem vários documentos manuscritos.
A «Recopilação» é disposta da seguinte forma:

Este Livro de Memória aponta notícias inéditas e por isso vamos dele extrair as seguintes:
D. Isabel Correia de Sá e Sepúlveda, quarta filha, por ordem cronológica, do general Sepúlveda (não mencionada nos nobiliários), nasceu em Bragança (?) a 19 de Agosto de 1785 e foi baptizada em Santa Maria de Bragança pelo prior da mesma freguesia, José António de Morais Sarmento, sendo padrinhos António Manuel de Figueiredo, tenente-coronel de cavalaria de Miranda, e D. Maria Teresa de Jesus Sepúlveda, religiosa em S. Bento da mesma cidade.
À margem tem uma nota, em caligrafia diferente, que parece ser do abade de Rebordãos, Francisco Xavier Gomes de Sepúlveda, que diz:
«faleceu em Rebordãos a 10 de Janeiro de 1803, tinha saído do convento de S. Bento quatro dias antes para tomar ares».
D. Catarina Correia de Sá e Sepúlveda, que nasceu em Bragança (?) a 25 de Novembro de 1786 e foi baptizada na mesma igreja de Santa Maria de Bragança pelo prior acima citado, sendo padrinho Frei (sic)
Domingos de Morais Pimentel, cavaleiro professo na Ordem de S. João de Malta, comendador de Santa Maria de Águas Santas, governador do forte de S. João de Deus de Bragança, e madrinha Nossa Senhora de Rossavales.
À margem uma nota na mesma caligrafia da antecedente diz:
«Faleceu aos 4 de Março de 1789 e foi sepultad[a] na capela do capítulo da Igreja dos frades de S. Francisco de Bragança».
D. Teresa Correia de Sá e Sepúlveda, que nasceu a 19 de Outubro de 1788 e foi baptizada em Santa Maria de Bragança pelo vigário geral Caetano José Saraiva, sendo padrinho Manuel Leite Pereira, capitão do segundo regimento de infantaria de Bragança, e madrinha Nossa Senhora da Conceição.
Manuel Correia de Castro e Sepúlveda, que nasceu 8 de Abril de 1794 e foi baptizado na Sé de Bragança pelo bispo D. António da Veiga Cabral da Câmara, sendo padrinho Manuel Pinto de Morais Bacelar, tenente-coronel de cavalaria, e madrinha sua mulher D. Joana Delfina e Vanzeler.
À margem uma nota em caligrafia igual à das notas antecedentes diz:
«faleceu a 23 de Junho de 1801 de uma febre escarlatina em três dias, foi sepultado no Capitulo de S. Francisco».
José Correia de Castro e Sepúlveda, que nasceu a 23 de Dezembro de 1793 e foi baptizado na Sé de Bragança pelo bispo D. António Luís da Veiga Cabral da Câmara, sendo padrinho Sebastião Correia de Melo e Alvim, coronel de cavalaria, fidalgo da Casa Real.
D. Maria José de Sepúlveda, solteira, natural de Gradíssimo, residente na Amendoeira, tudo no concelho de Macedo de Cavaleiros, faleceu a 5 de Agosto de 1804, na Amendoeira, nas casas «da quinta do Excelentíssimo Senhor Tenente General Governador desta província Manuel Jorge Sepúlveda», deixando herdeiros, por usufruto, sua irmã D. Joana Maria Gomes, e por morte desta sua prima D. Valentina «e o irmão desta o Reverendo Francisco Xavier Gomes de Sepulveda, abbade de Rebordãos» (192).
Criação do título. VISCONDE – Decreto de 13 e carta de 19 de Maio de 1815. – GRANDEZA – Decreto de 25 de Fevereiro de 1839(193).
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(192) Museu Regional de Bragança, Cartório Administrativo, livro 59, fol. 27 v., onde vem transcrito o seu testamento.Ver Vilar do Monte.
(193) PINTO, Albano da Silveira; SANCHES DE BAENA – Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal, vol. I, p. 530.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

Caretos de Podence vão oferecer casaco ao Papa Francisco, a 19 de janeiro do próximo ano

 Os Caretos de Podence vão ao Vaticano oferecer o casaco genuíno desta tradição a Sua Santidade, o Papa Francisco, numa viagem, que já está marcada, para o ano, no dia 19 de janeiro.


O casaco já está pronto e foi construído por artesãos deste grupo, tão enigmático e carismático.

António Carneiro, o presidente da Associação Caretos de Podence salienta que esta será uma grande uma honra:

“Conseguimos que sua Santidade o papa Francisco nos receba no dia 19 de janeiro. E vamos lhe oferecer uma peça do traje dos caretos, que é o casaco. Para nós é um grande privilégio, e uma grande honra sermos recebidos por Sua Santidade. Fazendo parte também nas comemorações do quinto aniversário, da atribuição do Selo da UNESCO como património cultural imaterial da humanidade.

Veio a propósito de um grupo de argentinos, ter-se inspirado também na tradição dos caretos, que realizaram umas iniciativas, lá na Argentina. Tudo isto ajudou para que a nossa proposta fosse considerada no Vaticano.

Será uma pequena comitiva que vai representar os Caretos de Podence. Também relembrar que este ano, se assinala o quinto aniversário da atribuição do selo UNESCO da Humanidade aos Caretos, no próximo dia 14 de Dezembro. Para tal, está a ser preparado um dia de comemoração, como acrescenta, o presidente da associação:

Passaram-se cinco anos. É uma data oportuna para ser comemorada e refletir sobre o que foi feito nestes cinco anos, e projetar também o futuro para os próximos cinco.

É uma forma de dar também sustentabilidade a esta tradição visível a nível nacional e internacional. Cada vez, há mais curiosos e interessados. E tornou o nosso território conhecido. E essa aposta que temos que fazer para a aldeia de Podence, que precisa de infraestruturas dignas para poder receber mais visitantes todos os dias do ano, não só no entrudo chocalheiro.

Desde 2014 que a Associação dos Caretos de Podence e o Município de Macedo de Cavaleiros iniciaram o processo para a atribuição deste selo. Aconteceu a 12 de dezembro de 2019.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

Proprietário avança com queixa no tribunal contra município “por invasão de propriedade” em Junqueira

 O proprietário de um terreno na freguesia de Junqueira, no concelho de Torre de Moncorvo, apresentou uma queixa em tribunal contra a Câmara Municipal por invasão de propriedade durante a execução de obras num depósito de abastecimento público de água.


Segundo José Mário Leite, o proprietário do terreno, “a referida propriedade foi indevidamente invadida e houve, inclusive, um auto levantado pela GNR a 10 de janeiro, o que impediu, durante meses, qualquer trabalho no terreno. Há uma queixa em tribunal e o auto da GNR. Eu já fui chamado aqui em Lisboa à GNR para saber se quero manter a queixa. Não desisto”, explicou o queixoso ao Mensageiro.

O queixoso considera que o terreno foi invadido, uma vez que não autorizou a entrada dos trabalhadores. “A invasão foi levada a cabo para, segundo foi declarado no local, terminarem os trabalhos ainda pendentes de conclusão da segunda célula de reservatório de água, bem como procederem à interligação das duas e ligação à tubagem existente e a instalar”, acrescentou.

Glória Lopes

Associações de produtores dariam mais-valia aos agricultores

 Os produtores de castanhas tinham muito a ganhar se se organizassem num agrupamento de produtores. A ideia foi defendida num seminário, sexta-feira, à margem da Feira da Castanha de Vinhais, por Francisco Ribeiro, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), antiga Direção Regional de Agricultura e Pescas.


“Todos eles são importantes mas há áreas em que são mais vantajosos do que outras. Desde que levem a um acréscimo do rendimento e à fixação das mais valias da nossa região, isso é importante.

Se tivermos uma organização que faça a transformação na nossa região, criando postos de trabalho, que valorize mais o nosso produto, é lógico que é importante, quer na parte da castanha, quer dos outros frutos”, sublinhou este responsável.

Francisco Ribeiro aponta o dedo aos agricultores pelo facto dos movimentos já feitos no passado para a criação de agrupamentos não terem vingado.

AGR

Secretário de Estado do Ambiente garante apoios para os concelhos afetados pelos incêndios que não constam da lista do Ministério da Agricultura

 O secretário de Estado do Ambiente disse na passada sexta-feira, em Vinhais, que as situações que não estejam contempladas na lista dos apoios, por concelho, aos incêndios de 10 a 12 de agosto e 3 a 20 de setembro divulgadas num despacho do Ministério da Agricultura e Pescas publicado em Diário da República o governo e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) estão disponíveis para analisar.


Os afetados 
fazem um relato dos prejuízos e remetem às CCRR”, explicou Emídio Sousa durante a inauguração da Rural Castanea-Festa da Castanha “Pode haver uma falha.

Não sei se há. Se há prejuízos comprovados remetam à CCDRN que serão validados”, vincou Emídio Sousa, indicando que “há uma vontade clara do governo para ajudar os afetados pelos prejuízos, mas com rigor”, proferiu no seu discurso na inauguração da Feira da Castanha de Vinhais, onde explicou que o governo conseguiu uma linha de financiamento na União Europeia para estes casos.

O documento inclui uma lista dos concelhos de Norte a Sul do país que vão receber os apoios, porém não consta o concelho de Bragança, onde no dia 12 de agosto deflagrou um incêndio no Parque Natural de Montesinho que deixou um rasto de prejuízos na aldeia de Rabal.

Glória Lopes

Vinhais recuperou festa de inverno a 'Morte e os Diabos' que se perdeu ao longo dos anos

 No concelho de Vinhais há, agora, oito festas de Inverno que atraem, cada vez mais, visitantes


A Câmara Municipal de Vinhais recuperou, recentemente, uma festa de Inverno, que se perdeu, tal como aconteceu com várias outras no distrito. A festa em causa decorre em Edrosa, uma tradição na qual está presente a Morte e os Diabos e que acontece na Quarta-Feira de Cinzas. O vereador do município, Artur Marques, esclarece que é vontade da câmara recuperar as festas que for possível e que já se está a trabalhar noutra.

“Dou-lhe o exemplo de Lagarelhos, também tinham uma tradição relacionada com o Carnaval que poderá vir a começar-se a dinamizar-se em articulação com a Junta, a ver se conseguimos que a população pegue novamente nessa tradição e saia à rua no Carnaval com essa tradição típica”, referiu o vereador.

No concelho de Vinhais há agora oito festas de Inverno. Depois da Festa da Cabra e do Canhoto, marcada para este fim-de-semana, há as festas de Santo Estevão, em Ousilhão, Travanca e Rebordelo. No dia 31 de Janeiro assinala-se a Encamisada, em Vale das Fontes. Posteriormente há as festas do Carnaval, em Vila Boa. Para o fim ficam as duas festas relativas à Quarta-Feira de Cinzas, a que foi agora recuperada e o dia dos diabos, na própria vila. Artur Marques diz que as festas atraem cada vez mais gente ao concelho.

“Cada mês as pessoas procuram coisas diferentes, diversificadas e identitárias também. Isso é uma coisa que temos vindo a visualizar e a constatar ano após ano, que há, cada vez mais, adesão a este tipo de festas, que são festas típicas e de raiz cultural e própria de cada população”, acrescentou.

No sábado, a aldeia de Cidões acolhe a primeira festa do calendário. A Festa da Cabra e do Canhoto, uma celebração celta, que conta com vários rituais, em que as pessoas de despedem da estação clara e dão as boas-vindas à estação escura. É feita uma grande fogueira, o canhoto, come-se cabra e queima-se o cabrão, um bode, de grandes dimensões.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Carina Alves

Produção de azeitona vai aumentar depois de dois anos "desastrosos"

 A associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, prevê um aumento de 20%


Depois de dois anos “desastrosos” para o sector, com grandes quebras de produção, provocadas pela seca, parece que esta campanha veio trazer esperanças aos agricultores. De acordo com Francisco Pavão, presidente da Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, prevê-se um aumento de 20%.

“Os anos anteriores foram altamente desastrosos, mas entendemos que, este ano, temos condições reunidas para que seja um bom ano de produção. Nós passamos por dois anos muito complicados do ponto de vista de seca e as plantas, as de sequeira, demoram imenso tempo para recuperarem. Portanto, esperamos que o próximo ano seja um melhor ano de produção”, disse.

O aumento e quebras de produção provocam uma instabilidade nos preços do azeite, que estão a preocupar a APPITAD. “Esta instabilidade de preços para nós é sempre preocupante, enquanto produtores, mas depois também para os consumidores. Portanto, precisamos de ter aqui mais estabilidade para que seja possível nós planearmos melhor e estudarmos melhor as nossas explorações”, frisou.

Outra das preocupações são os seguros de colheita. Francisco Pavão lamenta que não estejam ajustados, uma vez que não cobrem as quebras na fase da floração.

 “Só entra em vigor, na nossa região, em Julho, e vai até Janeiro. Mas o período de floração, Maio, não está coberto pelo seguro. A Oliveira é das poucas culturas que não tem o período de floração coberto por um sistema de seguros, como tem a amendoeira, como tem a vinha. Portanto, precisamos de ter um sistema de seguros eficaz”, rematou

Segundo o INE, Instituto Nacional de Estatística, 2023 foi a segunda campanha mais produtiva de azeitona de sempre. No entanto, o mesmo não se verificou na região, tendo sido um ano “médio/baixo” de produção de azeitona, segundo a APPITAD.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Ângela País

NOTA DE IMPRENSA | Encontro de Cuidadores Informais

 No próximo dia 8 de novembro vai decorrer no Auditório Manuel Faria da Casa da Cultura Mestre José Rodrigues, em Alfândega da Fé, o Encontro de Cuidadores Informais e a apresentação do livro "Cuidador, Cuida-te" de Cláudia Pacheco Pires (alfandeguense) e de Janúcia Gomes da Silveira.


Encontro de Cuidadores Informais | Apresentação do livro “Cuidador, Cuida-te”

No próximo dia 8 de novembro, vai realizar-se mais um encontro de cuidadores, no Auditório Manuel Faria da Casa da Cultura Mestre José Rodrigues, pelas 14h00, que desta vez integra a apresentação do livro “Cuidador, Cuida-te!”, da alfandeguense Cláudia Pacheco Pires, juntamente, com Janúncia Gomes da Silveira.
Este livro tem como objetivo humanizar o cuidado e o autocuidado aos cuidadores ou aos que rumam a este papel na próxima fase das suas vidas. A obra diferencia-se por propor questões reflexivas que irão pôr em causa crenças sobre si e sobre a pessoa cuidada, com a consciencialização de comportamentos sobre o porque é que faz e para que faz, auxiliando para um processo e percurso mais leve e com mais sentido. 
O principal objetivo destes encontros de cuidadores informais, que o Município realiza mensalmente, no âmbito da Equipa de Atenção Biopsicossocial à Pessoa Idosa pretende reforçar o apoio a quem cuida, promovendo momentos de partilha de experiências, desabafos e troca de estratégias para a solução de problemas inerentes à função de cuidador/a.

As cidades a nordeste envelhecem…

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

As cidades são como as pessoas, entardecem e silenciam-se, quando o sol regressa do campo para sua casa amornecido pelo convívio íntimo com as searas que se deitam no colo do vento que passa só por passar…
E as cidades têm ruas e casas, avenidas, becos, gente anónima, gente feliz, gente que morre de tristeza, gente com pão e gente que conta os cêntimos na imensidão dos meses que não têm fim.
As cidades têm loucos que sorriem e bêbados que se embebedam para ao entardecer poderem dizer todas as verdades que nenhum santo disse e gritarem aos transeuntes que acordem e se convertam… o fim do mundo está perto… depois bebem mais e mais no conchego da taberna… que nostalgicamente resiste entre a sueca, o chincalhão e dois copos dos últimos clientes.
As cidades têm gente muito séria que passa pela vida, sem pecado original… vão à missa das seis… ao mês de Maria… à reunião da comissão política do partido… e são gente de bem… e tão felizes... 
…depois morrem… e talvez sorriam… pela primeiríssima vez… talvez sorriam da pasmaceira da vida da gente séria…
As cidades a nordeste envelhecem… e Deus perpassa por entre o silêncio… e um dia as casas… as ruas… os becos… as avenidas serão somente ruas, casas e becos e avenidas… e não haverá nem gente feliz, nem gente triste, nem ricos, nem pobres, nem gente séria… somente a cidade e o silêncio. 
…as silvas e os cardos crescerão por entre as casas, as ruas, as avenidas e os becos… os lobos e as raposas descerão à cidade… e nesse tempo os Senhores, tão sérios, de Lisboa acordarão… assustados…com a evidência das ideias luminosas… é preciso salvar o interior… é preciso combater a desertificação… ´é preciso…
… nesse tempo… talvez o louco e o bêbado… na sua lucidez, ainda estejam por cá para contar a história."


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

POR QUE SE USA ESTILO ESCURO?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Os que se dedicam às letras, normalmente principiantes, mosqueiam a prosa de palavras "difíceis", rebuscadas no dicionário, e frases enigmáticas, para impressionarem o leitor.
" Turvam a água, para parecer profunda", como disse Niietzsche.
Porém os mestres, ensinam que se deve escrever, como se fala, desde que se fale bem. 
Na " Enfermaria do Idioma", João de Araújo Correia, assevera: " A maior parte dos portugueses, principalmente os portugueses que escrevem, não amam a simplicidade. Todos os dias inventam palavrões, redundâncias de frases, verbos especiais para definir complicadamente coisa, que são a própria singeleza."
Karl R. Popper, aconselha que se deve expor com simplicidade: " Quem não for capaz de se exprimir de forma clara e simples, deve permanecer calado, e continuar a trabalhar, até conseguir a clareza de expressão." - " Contra as Palavras Grandiloquentes" - " Em Busca de um Mundo Melhor".
Ao ler tais pareceres lembrei-me de quase tudo que é didático e cultural, que se publica no nosso país, e na maioria das vezes, só é entendido por especialistas, visto serem apresentados de modo que o simples mortal, dificilmente consegue digerir.
O mesmo hermetismo se revela, muitas vezes, em lições proferidas por professores e conferencistas, ansiosos de deslumbrarem o auditório.
Acontece o mesmo, infelizmente, em homilias de sacerdotes, recheadas de citações latinas, com o fim de demonstrarem erudição, e deslumbrarem os ouvintes, deixando os fiéis em jejum.
Em vez de tornarem a cultura acessível., embrulham-na em opaca couraça.
Será assim? Ou estou enganado?
Nas " Confissões" -lº-12, Santo Agostinho, escreveu: " A pobreza da inteligência humana, manifesta-se na abundância de palavras."
É como dizia Nietzcge: " Turvam a água, para parecer mais profunda".


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Bragança celebra a Castanha em Semana Gastronómica dos “SABORES DE OUTONO”

 Bragança dá início ao mês de novembro com uma homenagem ao produto de excelência da região – a castanha. De 1 a 10 de novembro, a Semana Gastronómica da Castanha leva aos 20 restaurantes aderentes uma variedade de pratos onde a castanha é a estrela, mostrando a versatilidade deste fruto seco na gastronomia local.


A cidade de Bragança, conhecida por ser um dos maiores produtores de castanha em Portugal, aposta na promoção do seu produto de excelência com uma iniciativa única – a Semana Gastronómica da Castanha. Inserida na campanha “Sabores de Outono”, a semana decorre de 1 a 10 de novembro e leva a castanha a um novo patamar, com pratos criativos e menus diversificados que vão desde os 10 aos 45 euros por pessoa. Nos dias 4 e 9 de novembro, duas edições do mercado “Banca na Praça” trazem ainda produtos locais e frescos à praça da cidade, oferecendo aos visitantes uma experiência de sabores típicos do outono.

Com um impacto económico significativo na região, a castanha é um dos elementos mais valorizados na culinária de Bragança, sendo incorporada em pratos de entradas, sopas, pratos principais, sobremesas e até em bebidas. Este fruto seco é não só versátil mas também uma peça essencial na tradição gastronómica local, que os chefs dos 20 restaurantes aderentes interpretam de diversas formas: desde os tradicionais assados e caldos quentes até sobremesas sofisticadas e licores aromáticos.

Com a Semana Gastronómica da Castanha, a cidade reforça a importância deste fruto regional e a ligação profunda entre os sabores autênticos e a identidade cultural de Trás-os-Montes.

Jornalista: Lara Torrado

Julgamento de Américo Pereira, ex-presidente da Câmara de Vinhais volta a ser adiado

 Voltou a ser adiado o julgamento do ex-presidente da Câmara Municipal de Vinhais, Américo Pereira, acusado de prevaricação, participação económica em negócio e corrupção ativa.

O julgamento, marcado para esta quarta-feira, foi adiado por decisão do juiz. É a segunda vez que acontece.

Além do antigo autarca, está ainda envolvido o empresário Nuno Gomes e a sua sociedade e ainda um padre do concelho de Vinhais.

Em causa está a aquisição de terrenos do Seminário de Vinhais, pela Câmara Municipal e pela empresa de Nuno Gomes. O Ministério Público aponta ainda alterações ao Plano Director Municipal que terá levado os arguidos a ganhar mais de um milhão de euros. 

INFORMAÇÃO CIR (escrito por Brigantia)

Fotografia da PSP de Bragança com Careto de Podence entre as finalistas em Concurso Europeu

 O Comando Distrital de Bragança da PSP coloca Portugal no centro das atenções europeias ao estar entre os finalistas do Europol 2024 Photo Competition. A tradição dos Caretos de Podence, reconhecida pela UNESCO como património imaterial, é um dos temas destacados nas fotografias.


A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Bragança alcançou um feito notável ao ser nomeada finalista no Europol 2024 Photo Competition. Das fotografias portuguesas a competir, todas são do Comando Distrital de Bragança.

Uma das fotografias finalistas destaca o Careto de Podence, símbolo das festividades de Carnaval de Trás-os-Montes e classificado pela UNESCO como património cultural imaterial da humanidade. Com as suas máscaras coloridas e trajes exuberantes, os caretos representam uma tradição ancestral que remonta aos rituais pagãos de celebração da transição entre o inverno e a primavera, caracterizados pelas suas danças e travessuras pelas ruas.

O Europol 2024 Photo Competition reúne fotografias de forças policiais de toda a Europa, incentivando-as a capturar momentos que demonstrem o espírito, a diversidade e a herança cultural das suas regiões. O concurso não apenas permite que o público explore a diversidade das nações europeias através do olhar dos agentes da lei, mas também promove o respeito e a consciência pelas tradições locais e pela identidade cultural.

A inclusão da PSP de Bragança entre os finalistas destaca não só a singularidade das tradições transmontanas, mas também o compromisso da PSP em preservar e promover o património cultural português além-fronteiras.

O público pode apoiar a candidatura portuguesa e votar na fotografia da PSP de Bragança AQUI.

Jornalista: Lara Torrado

Vimioso: Caminhada de São Martinho a 9 de novembro

 Para celebrar o dia de São Martinho, a Freguesia de Vimioso e a Comissão de Festas 2025 estão a organizar a 6ª Caminhada de São Martinho, que vai realizar-se no sábado, dia 9 de novembro, uma atividade que inclui almoço e um magusto com castanhas assadas e jeropiga.


De acordo com o programa, a concentração para a caminhada está agendada para as 8h30 da manhã, na sede da freguesia de Vimioso.

Às 9h00 inicia-se a caminhada e no decorrer do percurso de 10 quilómetros, está previsto um reforço alimentar.

Após a caminhada segue-se o almoço convívio que é organizado pela Comissão de Festas de Verão 2025.

Para a tarde, está programado o tradicional magusto com castanhas assadas e jeropiga.

As inscrições para a Caminhada de São Martinho decorrem até 6 de novembro, têm um custo de 12 castanhas e podem ser efetuadas na junta de freguesia de Vimioso ou junto dos mordomos das festas de verão.

Todos os anos, a festa de São Martinho celebra-se a 11 de novembro. 

O dia de São Martinho é festejado um pouco por toda a Europa e em Portugal é tradição fazer-se um magusto de castanhas assadas e beber jeropiga. 

Esta é também a época do ano em que se prova o vinho novo, que como diz o ditado popular, “no dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”.

HA

Conservatória de Mirandela esteve três meses sem passar registos de óbitos por falta de pessoal

 As agências funerárias tiveram de se deslocar às conservatórias de Macedo de Cavaleiros e Valpaços. Sindicato diz que dos 15 funcionários, apenas 3 estão ao serviço. Situação foi reposta depois de pedido de esclarecimento da CIR para efetuar reportagem.


A denúncia chega através das agências funerárias. Entre meados de julho e meados de outubro, a Conservatória dos Registos Civil, Predial, Comercial e Automóvel de Mirandela, não passou qualquer registo de óbito alegando falta de recursos humanos, obrigando as cinco funerárias a deslocar-se a concelhos limítrofes, nomeadamente a Valpaços e Macedo de Cavaleiros, para poderem obter o registo de óbito e dessa forma dar seguimento ao processo burocrático que as famílias têm obrigatoriamente de formalizar.

Foram dezenas de óbitos que tiveram despesas suplementares para as agências que naturalmente foram repercutidas na fatura a apresentar às famílias.

A CIR confrontou o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN), para esclarecimento desta questão e na resposta, por escrito, aquele instituto adianta que “continua a disponibilizar atendimento aos agentes funerários, bem como a todos os cidadãos, para registo de óbitos. No entanto, devido à redução temporária de recursos humanos e ao aumento da procura de outros serviços durante os meses de verão, o atendimento para registo de óbitos passou a ser feito mediante obtenção de senha. Esta opção reflete uma reorganização necessária para gerir a afluência de utentes e não uma recusa do atendimento”, pode ler-se, acrescentando que o IRN “está trabalhar para reforçar o quadro de pessoal da conservatória de Mirandela e retomar a normal prestação do serviço aos agentes funerários”.

Na verdade, o nosso pedido de esclarecimento foi enviado a 16 de outubro e a resposta chegou no dia 25 deste mês. Nesse hiato de tempo, segundo informação avançada por agentes funerários, foi retomado o serviço de registo de óbitos.

Esta é uma situação que não surpreende o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN). Arménio Maximino fala numa “situação caótica” em que se encontra o setor dos Registos em Portugal “com cerca de 1.900 profissionais em falta” (242 conservadores e 1691 oficiais de registos) e no caso concreto de Mirandela diz que apenas funciona com um quinto do efetivo previsto. “O mapa de pessoal que foi assinado pela anterior Ministra da Justiça, para o cumprimento da missão em 2024, previa dois conservadores, doze oficiais e um assistente técnico. Tanto quanto sabemos, nesta conservatória tem uma conservadora e dois oficiais para fazer todo o trabalho, pelo que não me admira que em Mirandela os cidadãos tenham que se deslocar a outras localidades para tratar de assuntos”, adianta.

Para o presidente do STRN, isto “é a falência do próprio Estado” e responsabiliza “a inércia” dos sucessivos governos pela situação a que se chegou. “Não entram novos profissionais, há mais de 24 anos”, lamenta. “Os últimos concursos de recrutamento foram, em 1996 para os oficiais de registos e em 1999 para conservadores. Acontece que aqueles que se foram aposentando não foram substituídos, o que trouxe uma carga de trabalho para os que ficaram, mas acima de tudo não permitiu aos cidadãos e às empresas terem acesso a serviços essenciais em tempo útil”, refere.

Para este dirigente, a solução passa pelo Governo “aproveitar os recrutamentos que foram abertos o ano passado, para aumentar significativamente o número de vagas, já que estão a aposentar-se, em média, 16 profissionais por mês”, diz.

O presidente do sindicato esclarece que os concursos para carreiras especiais, como estas, “têm especificidades que vão fazer com que, por exemplo, o concurso que abriu, em junho de 2023, os futuros oficiais só estarão nas conservatórias, na melhor das hipóteses, no início do segundo semestre de 2025, e os conservadores só no final do segundo trimestre de 2026”, conta.

Esta dramática falta recursos humanos “tem sobrecarregado em demasia e levado ao limite da exaustão aqueles que vão ficando”, lamenta Arménio Maximino, que fala mesmo em graves consequências. “Temos o reporte, que mais de 90% dos profissionais estarão em burnout, porque esta não é uma situação pontual, por exemplo nas férias temos sempre uma procura com o regresso dos nossos emigrantes, agora existe um avolumar do serviço, porque o IRN ficou com mais competências, e a escassez de recursos humanos, ora as duas coisas no seu conjunto esmifram diariamente os conservadores e os oficiais”, lamenta o dirigente.

“Até já houve alguns suicídios, ainda que não se lhe possam apontar responsabilidade exclusiva pelo ambiente de trabalho, mas terá tido seguramente uma parte importante neste desfecho”, acrescenta.

INFORMAÇÃO CIR (escrito por Rádio Terra Quente)
Fotografia: Terra Quente