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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Portugueses são os terceiros da UE que mais comida (e dinheiro) deitam ao lixo

 O desperdício alimentar é um dos maiores desafios ambientais, económicos e sociais do nosso tempo. Em Portugal, cerca de 1,9 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, com as perdas a ocorrerem ao longo de toda a cadeia: na produção e transformação, na distribuição e comércio, mas também - e sobretudo - nos consumidores finais.
Ora porque os alimentos não correspondem aos padrões estéticos do mercado ou não conseguem ser escoados, ora porque há falhas no armazenamento e transporte ou os prazos de validade são muito curtos, ora porque as compras que fazemos nem sempre são ponderadas, a má gestão acontece. E tem um custo a pagar… na carteira, na sociedade e no clima.

Como podemos observar no gráfico abaixo, baseado nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as famílias contribuíram com 67% dos resíduos alimentares produzidos em 2022. Em média, cada português descartou quase 185 quilogramas (kg) de comida, o que, segundo um estudo da Too Good to Go, representa um desperdício médio de 2,38kg por semana e de 10,3kg por mês.


Essa mesma empresa estima que, em termos financeiros, o resultado é de 336 euros desperdiçados em comida a cada 365 dias. Tendo em conta que a despesa anual por habitante em alimentação e bebidas é de €3091, conforme concluiu o Inquérito às Despesas de Famílias 2022-23, realizado pelo INE, significa que 10,8% do orçamento dos portugueses está a ser gasto em produtos desperdiçados.

Estes são números que posicionam o país como o terceiro que mais desperdício alimentar produz per capita entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) - à frente, só a Dinamarca (254 kg) e o Chipre (294 kg), revela o Eurostat. Olhando rapidamente para o conjunto da UE: 59 milhões de toneladas de resíduos são gerados anualmente, num valor de mercado estimado de €132 mil milhões.


Desperdício ocorre enquanto 5,9% dos portugueses vive em risco de pobreza

Isto sucede ao mesmo tempo em que quase 10% dos cidadãos europeus não têm capacidade para pagar uma refeição de qualidade a cada dois dias. O gabinete de estatística da UE indica que, a nível nacional, 5,9% da população vive em risco de pobreza e enfrenta dificuldades em garantir uma alimentação adequada, que contenha carne, peixe ou equivalente vegetariano.

Mas descartar alimentos não significa “apenas” deitar ao lixo produtos que poderiam alimentar outras pessoas - vale lembrar que erradicar a fome é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Ao fazê-lo, desperdiçamos também os recursos que são necessários para produzi-los e transportá-los, como sejam água e energia.

Na realidade portuguesa, refere o mesmo estudo da Too Good to Go que por cada 2,38kg de alimentos desperdiçados por habitante semanalmente, 6kg de dióxido de carbono são lançados para a atmosfera - e para que se tenha uma noção, convertido, este valor daria para carregar a bateria de 1422 telemóveis. Cada pessoa desperdiça ainda 1928 litros de água, o suficiente para encher 12 banheiras.

Como podemos ser parte da solução?

A União Europeia assumiu o compromisso de reduzir pela metade o desperdício alimentar per capita até 2030, exigindo aos Estados-membros que reduzam a quantidade de alimentos perdidos durante a produção e distribuição, mas também nos consumidores.

Sendo as famílias as principais responsáveis pela produção de resíduos alimentares, há pequenas ações que podemos adotar para ser parte da solução. Deixo-lhe cinco exemplos:
  1. Planeie as compras: antes de ir ao supermercado, faça uma lista com base no que já tem em casa para evitar comprar alimentos em excesso ou até mesmo dos quais não precisa;
  2. Armazene corretamente: aprenda a armazenar os alimentos de forma adequada para prolongar a sua vida útil - o congelamento é uma excelente forma de conservá-los e evitar que se desperdicem;
  3. Aproveite tudo: cascas, talos e sementes podem ser utilizados em diversas receitas, aumentando o aproveitamento dos alimentos - uma breve pesquisa pela internet bastará para encontrar múltiplas ideias, em alternativa, o chef do ano poderá ajudá-lo com dicas valiosas;
  4. Saiba distinguir a validade: “consumir de preferência até" indica que o produto ainda pode ser consumido com segurança após a data indicada, se estiver em boas condições;
  5. Organize o frigorífico: mantenha os alimentos mais antigos à frente e consuma-os primeiro para evitar que estraguem;

Mariana Coelho Dias
Jornalista

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