O desperdício alimentar é um dos maiores desafios ambientais, económicos e sociais do nosso tempo. Em Portugal, cerca de 1,9 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, com as perdas a ocorrerem ao longo de toda a cadeia: na produção e transformação, na distribuição e comércio, mas também - e sobretudo - nos consumidores finais.
Ora porque os alimentos não correspondem aos padrões estéticos do mercado ou não conseguem ser escoados, ora porque há falhas no armazenamento e transporte ou os prazos de validade são muito curtos, ora porque as compras que fazemos nem sempre são ponderadas, a má gestão acontece. E tem um custo a pagar… na carteira, na sociedade e no clima.
Como podemos observar no gráfico abaixo, baseado nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as famílias contribuíram com 67% dos resíduos alimentares produzidos em 2022. Em média, cada português descartou quase 185 quilogramas (kg) de comida, o que, segundo um estudo da Too Good to Go, representa um desperdício médio de 2,38kg por semana e de 10,3kg por mês.
Ora porque os alimentos não correspondem aos padrões estéticos do mercado ou não conseguem ser escoados, ora porque há falhas no armazenamento e transporte ou os prazos de validade são muito curtos, ora porque as compras que fazemos nem sempre são ponderadas, a má gestão acontece. E tem um custo a pagar… na carteira, na sociedade e no clima.
Como podemos observar no gráfico abaixo, baseado nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as famílias contribuíram com 67% dos resíduos alimentares produzidos em 2022. Em média, cada português descartou quase 185 quilogramas (kg) de comida, o que, segundo um estudo da Too Good to Go, representa um desperdício médio de 2,38kg por semana e de 10,3kg por mês.
Essa mesma empresa estima que, em termos financeiros, o resultado é de 336 euros desperdiçados em comida a cada 365 dias. Tendo em conta que a despesa anual por habitante em alimentação e bebidas é de €3091, conforme concluiu o Inquérito às Despesas de Famílias 2022-23, realizado pelo INE, significa que 10,8% do orçamento dos portugueses está a ser gasto em produtos desperdiçados.
Estes são números que posicionam o país como o terceiro que mais desperdício alimentar produz per capita entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) - à frente, só a Dinamarca (254 kg) e o Chipre (294 kg), revela o Eurostat. Olhando rapidamente para o conjunto da UE: 59 milhões de toneladas de resíduos são gerados anualmente, num valor de mercado estimado de €132 mil milhões.
Desperdício ocorre enquanto 5,9% dos portugueses vive em risco de pobreza
Isto sucede ao mesmo tempo em que quase 10% dos cidadãos europeus não têm capacidade para pagar uma refeição de qualidade a cada dois dias. O gabinete de estatística da UE indica que, a nível nacional, 5,9% da população vive em risco de pobreza e enfrenta dificuldades em garantir uma alimentação adequada, que contenha carne, peixe ou equivalente vegetariano.
Mas descartar alimentos não significa “apenas” deitar ao lixo produtos que poderiam alimentar outras pessoas - vale lembrar que erradicar a fome é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Ao fazê-lo, desperdiçamos também os recursos que são necessários para produzi-los e transportá-los, como sejam água e energia.
Na realidade portuguesa, refere o mesmo estudo da Too Good to Go que por cada 2,38kg de alimentos desperdiçados por habitante semanalmente, 6kg de dióxido de carbono são lançados para a atmosfera - e para que se tenha uma noção, convertido, este valor daria para carregar a bateria de 1422 telemóveis. Cada pessoa desperdiça ainda 1928 litros de água, o suficiente para encher 12 banheiras.
Como podemos ser parte da solução?
A União Europeia assumiu o compromisso de reduzir pela metade o desperdício alimentar per capita até 2030, exigindo aos Estados-membros que reduzam a quantidade de alimentos perdidos durante a produção e distribuição, mas também nos consumidores.
Sendo as famílias as principais responsáveis pela produção de resíduos alimentares, há pequenas ações que podemos adotar para ser parte da solução. Deixo-lhe cinco exemplos:
- Planeie as compras: antes de ir ao supermercado, faça uma lista com base no que já tem em casa para evitar comprar alimentos em excesso ou até mesmo dos quais não precisa;
- Armazene corretamente: aprenda a armazenar os alimentos de forma adequada para prolongar a sua vida útil - o congelamento é uma excelente forma de conservá-los e evitar que se desperdicem;
- Aproveite tudo: cascas, talos e sementes podem ser utilizados em diversas receitas, aumentando o aproveitamento dos alimentos - uma breve pesquisa pela internet bastará para encontrar múltiplas ideias, em alternativa, o chef do ano poderá ajudá-lo com dicas valiosas;
- Saiba distinguir a validade: “consumir de preferência até" indica que o produto ainda pode ser consumido com segurança após a data indicada, se estiver em boas condições;
- Organize o frigorífico: mantenha os alimentos mais antigos à frente e consuma-os primeiro para evitar que estraguem;
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