Prometeu-se um investimento de 550 milhões de euros, ao longo de 60 anos, e a criação de centenas de postos de trabalho, mas, o sonho terminou no ano passado. Os trabalhos simplesmente pararam e a câmara e a concessionária nada explicaram. Para uns o projeto não passou de aproveitamento político e para outros foi a má gestão da empresa que ditou o fim de tudo.
Após quase quarenta anos de abandono, a atividade mineira regressou a Moncorvo em março de 2020, através da Aethel Mining.
Concluída a primeira fase de trabalhos, há quase um ano, o projeto de execução da fase definitiva de exploração foi chumbado pela Agência Portuguesa do Ambiente. Considerou-se que o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução apresentado não permitia demonstrar o “cumprimento” das condições da Declaração de Impacte Ambiental. De facto, a empresa ainda laborou durante algum tempo, mas nada do que estava previsto, pelo menos nos sonhos da população, que esperava ver economicamente o concelho Torre de Moncorvo revolucionado. “As minas vão arrancar, vão arrancar e era tudo a aldrabar. Desapareceram daqui e nem pagaram a muita gente. Chegaram a estar paradas aos 15 dias e três semanas, os camiões aí à espera para carregar e não carregavam enquanto não viesse o dinheiro”, contou um habitante.
Carlos Guerra, que foi consultor da MTI, desde 2010, e da Aethel, a partir de 2020, tendo abandonado o projeto muito antes de os trabalhos terminarem, não tem dúvidas de que tudo foi por água abaixo por má gestão. “Infelizmente essa gente conseguiu destruir até as expectativas legítimas e fundamentadas da população”, criticou.
Quem também lamenta o projeto ter ido por água abaixo é o socialista Adriano Menino. O vereador da oposição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo diz que tudo isto não passou de aproveitamento político. “Houve um aproveitamento político, porque 2020 foi ano pré-eleitoral, onde tudo se prometia. Prometia-se emprego a toda a gente com base nas minas. Infelizmente nada se concretizou, começou a correr mal e a partir daí os políticos fecharam-se em si próprios e ninguém disse mais nada e eu fui constantemente alertado o executivo para o não cumprimento dessas expectativas para o concelho, mas nunca obtive respostas”, disse.
Tentámos contactar a Aethel Mining. Os números de telefone da empresa, disponíveis no site da mesma, não estão atribuídos. Enviámos email, com algumas questões, mas a mensagem não foi entregue a nenhum dos endereços disponibilizados no site porque estes não são encontrados ou não podem receber mensagens.
Contactámos ainda o ex-presidente da câmara de Moncorvo, Nuno Gonçalves, que se mostrou prontamente disponível para responder a algumas questões sobre o tema mas não o podia fazer naquele momento. Apesar de tudo, até agora, não conseguimos voltar a chegar à fala com o deputado social democrata.
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