Dizem que, este ano, a Marcha Luminosa não tinha tanta luz e terá havido menos entusiasmo dos figurantes. Onde estão os grupos garbosos das Terras de Isaltino, perdão, de Oeiras, que abrilhantavam a Festa? Dizem que foi a chuva que afastou a gente? Mas, já houve anos que a chuva ameaçava e todo o concelho e os vizinhos cumpriam a promessa, feita logo ao desfazer da Festa anterior: Oh! Senhora do Amparo// Eu p’ró ano lá hei-de ir,... E voltavam! A pé, em pequenos ranchos de vizinhos, «camboios» e mais «camboios» a abarrotar de gente, da corda de Macedo e de Bragança e do vale do Douro e do Tua, para partirem à noitinha, até de madrugada. Outros chegavam nas «caminhetas» da corda de Valpaços, de Chaves, de Murça, do Vale da Vilariça, de Alfândega ou Vinhais. Outros, ainda, apareciam a cavalo em burras, machos e cavalos, conforme as posses e a agilidade. Depois, havia sempre um curral, um cortelho, um eirado e até no mítico areal das lavadeiras de Mirandela, onde guardar as bestas bem arreadas e o farnel por perto. Tempos da nossa história monográfica recente e que a maioria já esqueceu.
Voltando às Festas da Senhora do Amparo de 2014, alguns chegam a atirar que não havia mais 30% ou 40% da gente das boas romarias de anos recentes. Terá a «orquestra dos Bombos» esmorecido um pouco? As festas são como a vida têm que evoluir na continuidade, o que pressupõem criatividade e respeito pela tradição. Se as pessoas pensam que com uns foguetes, duas ou quatro bandas de música e um conjunto de espanta gente pela barulheira infernal, têm as ruas da cidade cheias, desenganem-se é preciso muito mais. Aliás, as festas são cada vez mais e a gente cada vez menos. Dizem que o fogo-de-artifício foi o habitual, o que é um bom sinal do Município e da Festa. O foguetório foi sempre uma das boas imagens de marca das Festas. Eu não fui à Festa, até podia dizer que «a festas, bodas e baptizados só vão os convidados». Contudo, faltaria à verdade, porque o Jerónimo Pinto convida-me sempre, sempre e este ano também. Acredito que a Comissão de Festas deu o seu melhor e a minha crítica deve ser vista, apenas, como uma reflexão. Porque, dizem, mirandelenses atentos, que as festas perderam muito romeiro e forasteiro, talvez sejam os tempos da crise a «ajudar ao pálio».
Jorge Lage
in:diario.netbila.net
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