sexta-feira, 10 de maio de 2013

Feira do Emprego, Educação e Solidariedade abriu com pouca oferta em Bragança


A cidade de Bragança inaugurou ontem uma feira do emprego com as instituições de solidariedade social a garantirem uma reduzida oferta aos mais de 2300 desempregados inscritos no centro de emprego local.
A Feira do Emprego, Educação e Solidariedade realiza-se há três anos e esta edição é, segundo os responsáveis, um reflexo da realidade da região, sem emprego no setor privado.
As ofertas de emprego desta feira, que se prolonga por dois dias, são sobretudo na área social, a cargo das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ou de empresas de trabalho temporário que estão a recrutar, também para a área social, trabalhadores por "determinado tempo para fazerem higienes, acompanhar pessoas idosas, dar algum apoio".
A descrição foi feita por Carla Pires, técnica do Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires, entidade que organiza o evento, em parceria com a Câmara Municipal de Bragança.
A organização ainda não tem dados da procura nesta edição, mas relativamente às anteriores adianta que "do primeiro para o segundo ano, a entrega de currículos subiu cerca de 70 por cento, o que equivale a 170 pessoas" a procurarem emprego na feira, enquanto no primeiro ano tinham sido 70.
A procura foi sempre superior à oferta, mas nesta edição nota-se a ausência de empresas a oferecer trabalho "porque não têm oferta".
Nos 50 stands instalados na Praça da Sé estão presentes sobretudo instituições sociais e organismos estatais como o Instituto de Emprego e Formação profissional.
O desemprego é já, segundo outro responsável pelo centro social, Jorge Teixeira, "a principal causa" dos pedidos de ajuda dirigidos àquela instituição, quer de bens alimentares como daqueles que não conseguem pagar as mensalidades dos serviços.
Segundo aquele dirigente, esta feira do emprego tem ajudado, pelo menos a arranjar "alguns estágios" para jovens. Esta realidade é encarada como "dramática" para o despovoamento da região já que "obriga as pessoas a procurarem a solução fora de Bragança e fora do país".
As poucas ofertas de emprego que existem não se enquadram, segundo a técnica do centro social, no perfil de quem mais procura emprego, os jovens recém-licenciados.
Já os desempregados entre os 40 e os 55 "não encontram trabalho em nenhum sítio".
Autarca de Bragança diz que litoral é que vai sofrer com desemprego na Função Pública
O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, manifestou hoje a convicção de que a anunciada redução de emprego na Função Pública irá afetar mais o litoral do que as regiões do interior de Portugal.
O social-democrata mostrou-se "preocupado" com as medidas anunciadas pelo Governo, que apontam para uma redução de 30 mil funcionários públicos através de rescisões amigáveis e da mobilidade.
Jorge Nunes advoga que o esvaziamento e a extinção de serviços públicos que afetaram as regiões como Bragança, nos últimos 20 anos, farão com que o processo de emagrecimento da Função Pública se sinta menos no interior de Portugal. O autarca falava à margem da inauguração da III Feira do Emprego, Educação e Solidariedade, em Bragança, uma cidade onde o Estado é dos principais empregadores, embora Jorge Nunes entenda que "já viveu bastante mais da Função Pública do que vive atualmente".
Algum desse emprego desapareceu com a extinção ou deslocalização de serviços públicos para o litoral, o que leva o presidente da Câmara de Bragança a considerar que "a diminuição de emprego público vai acontecer de forma mais intensa onde o emprego se concentra".
"Concentra-se praticamente maioritariamente em Lisboa, tem sido essa a política de centralismo dos últimos anos. Foi esgotar progressivamente e lentamente as regiões do interior, concentrar o emprego público nas cidades do litoral, particularmente em Lisboa, concentrar os centros de decisão politica, de decisão económica", observou.
Este processo gera no autarca transmontano a convicção de que "quem mais vai sofrer vão ser esses centros, que são esses que têm maior densidade de emprego".
"Na nossa região penso que as coisas estão mais equilibradas, não temos de esperar uma grande diminuição", afirmou. O autarca defendeu ainda que, para criar emprego, a região necessita que "a componente associada à indústria e à agricultura evolua".

 HFI // MSP 
Lusa/fim

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